Wednesday, May 17, 2017

Resgatando Crianças do Lixão na India





Oportunidade de parceria para alfabetizar e salvar crianças do lixão em SANJAY CAMP na Índia. Pra Mona Singh trabalha nessas imensas favelas.
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Informações marciadanieldanilo@gmail.com  (032)991959489

Saturday, March 11, 2017

Cortina Rasgada - Descobrindo os Mistérios de Deus

Cortina Rasgada


Descobrindo os Mistérios de Deus

De Gênesis a Apocalipse


Índice

- Apresentação
- Introdução
- E Foi Assim Quer Tudo Começou
- O Tempo Certo
- Um Questão da Amizade Certa
- Traindo o Criador
- A Falsa Adoração e o Adultério
- Porque Adão Não Iria Comer Frutas do Jardim?
- Jesus Cristo e as Duas Árvores
- Sobre Semear
- No Ventre da Terra
- A Estátua do Orgulho de Nabucodonosor
- Rivalidade x Unidade
- As Duas Mulheres e Salomão
- O Fermento dos Fariseus
- O Peixe Como Símbolo da Igreja
- O Método de Ensino de Jesus
- Duas Mulheres, Duas Naturezas
- As Duas Mulheres e Salomão
- Sansão
- Samuel
- Noemi e Rute
- Duas Mulheres e Moisés
- A Virgem Igreja
- A Noiva de Cristo
- As Dores de Parto
- Da Água Para o Sangue
- O Milagre de Jesus em Nossas Vidas
- A Rejeição da Primogenitura
-O Confronto Final Entre As Duas Mulheres
- Rebeca e os Gêmeos
- A Rivalidade Judeus x Gentios
- As Bodas do Cordeiro
- O Reino da Terra x O Reino dos Céus
- O Filho Arrependido
- Egito x Israel
- A Mulher Sedução
- E Foi Assim Que Tudo Terminou
- A Reconquista da Amizade por Deus
- Um Recomeço, Algo Novo
- A Árvore da Redenção
- Bibliografia


Apresentação

O poder da palavra escrita excede qualquer poder deste mundo. Um pingo de tinta é suficiente para produzir guerras e revoluções.
Para implantar o comunismo no mundo, os soviéticos usaram e abusaram do poder da palavra escrita.
Muitos indagam no que constituiu a Reforma Luterana do século XVI. O reformador Lutero apenas traduziu a Bíblia do Latim para o alemão corrente e a Palavra de Deus que é ‘viva e eficaz’ mudou a vida do nosso planeta.
Apesar de a Bíblia ter sido queimada e combatida nas fogueiras da Inquisição, sua bandeira tremula livre no poder e na graça divina, levando aos povos, sem qualquer fronteira, vida, salvação e a gloriosa esperança.
Em mais de duas mil línguas e dialetos, a Bíblia aparece nos catálogos das editoras como o livro mais lido do mundo. A Sociedade Bíblica do Brasil tira cerca de oito milhões de exemplares por ano para o Brasil e para dezenas de outros países.
A literatura evangélica no século passado era escassa no Brasil. Os seminários travavam luta insana para suprir suas necessidades.
Hoje, pela graça de Deus, temos grandes editoras traduzindo livros ou aproveitando a colaboração de nossos escritores patrícios para alimentar nosso povo espiritualmente.

Introdução
Esse livro brotou de uma experiência pessoal da autora. Envolvida com os grupos de intercessão, começou a observar alguns entraves aos projetos de Deus para Sua Igreja.
Inicialmente houve uma busca de compreensão sobre algumas barreiras que se levantam, especialmente no relacionamento entre líderes femininas. O tema foi se desenvolvendo e alcançando novas dimensões e abordagens. Da observação comum e até mesmo superficial do comportamento humano, fomos evoluindo para um entendimento mais profundo e bíblico, que nos levou até às verdades mais profundas e absolutas.
A Palavra final de Deus e Sua autoridade agem na raiz de todos os dramas humanos, lançando a luz que clareia e esclarece concedendo sabedoria ao homem.
O tema central gira em torno do texto de Gênesis 3.15, quando Deus decreta a rivalidade entre a mulher e a serpente; entre o descendente da mulher e os descendentes da serpente. Essa rivalidade está presente hoje na Igreja do Senhor, e, através da Palavra, vamos capturar a ação desse espírito que permanece atuando na Mulher/Igreja, a Noiva de Cristo. O confronto se desenrola de Gênesis a Apocalipse, enquanto a pergunta permanece: de quem é o filho vivo? Quem é o verdadeiro descendente da mulher? Aí se encontra a raiz de toda a divisão no Corpo.
Neste contexto analisamos a questão da primogenitura, que também é motivo de disputa e rivalidade; e como este argumento bíblico permanece do princípio ao fim, mostrando que o primeiro filho não conserva as bênçãos da primogenitura. Maravilhamo-nos com a lógica, a coerência da Palavra e a soberania absoluta de Deus em seus critérios de escolha.
A Mulher-Sedução é o tema que encerra parte dessa abordagem da Palavra do Senhor. Os homens perdem a bênção e a primogenitura, mas quem proporciona sua queda é aquela que foi levantada como sua ajudadora. O confronto entre a prostituta e a virgem; a mãe de Jesus e a mãe de Caim vão até às últimas consequências no desfecho final de Apocalipse.
Na verdade, o estudo vai se aprofundando e podemos colocar o confronto em termos da Religião – a falsa mulher, contra a Igreja – a verdadeira mulher; o Espírito Religioso enfrentando o Espírito de Deus numa luta que se desenrola no palco das vidas.
A Religião é um subproduto da Árvore do Bem e do Mal; desta luta do homem na tentativa de alcançar a Deus através de expedientes humanos. A Igreja, por outro lado, nasce de Jesus; a Vide Verdadeira, a Árvore da Redenção. No Evangelho de João 15.16 diz: – “Não fostes vós que escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros...”. Jesus esclarece que a salvação vem Dele, por meio Dele, e para a glória do Deus Trino.
A cada argumento surge uma nova surpresa para o leitor, que mergulha também no verdadeiro sentido dos julgamentos de Deus. Ele jamais pune de forma destrutiva, mas em seus justos julgamentos ele nos direciona à Sua Perfeição.
Essa história de amor eterno vai terminar com um final feliz e surpreendente! E o melhor é que não estamos lendo a história de alguém, senão que a nossa própria biografia reescrita por Jesus: A Palavra de Deus.

E Foi Assim Que Tudo Começou

“Porque Adão e Eva não geraram filhos, a não ser após a queda?”
“Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou, homem e mulher os criou. E Deus os abençoou, e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra” (Gn.1.27,28).
Deus criou o casal, do sexo feminino e masculino e, juntos, deveriam povoar a terra. Até então Deus tinha criado todas as coisas, mas, agora, ele criou um ser à sua imagem, com capacidade criadora.
Se assim era a condição desse ser, e se havia sobre ele uma expectativa do Criador para que se multiplicassem, porque então o casal não gerou filhos, a não ser após a queda?
O ser humano recebeu não só condições de se reproduzir, mas também a capacidade de decisão quanto ao quê deveria criar. Havia uma decisão a ser amadurecida. Sabemos, pela natureza, que o fruto chega numa determinada estação, quando certo ciclo se completa. E Adão e Eva eram potencialmente produtivos, mas havia uma decisão consciente a ser tomada. Até então eles eram inocentes e caminhavam na obediência a Deus, até que, sua escolha em obedecer foi testada. E nós conhecemos o resultado.
“E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, da banda do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado. Do solo fez o Senhor Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também a árvore da vida, no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gn 2.8,9).
Éden significa “prazer” e essa era a intenção do Senhor, se encontrar naquele lugar com o homem para dar e receber prazer. Eva também era fonte de prazer e alegria para Adão e não havia motivos para supor que eles não tenham desenvolvido um relacionamento íntimo e completo.
O casal era fecundo, ou seja, fértil. O ventre de Eva aguardava a semente para dar início à vida de seus descendentes que povoariam a terra. Se, em obediência, ela comesse do fruto puro da árvore da vida que se encontrava no lugar mais visível do jardim, geraria o homem à imagem e semelhança de Deus. A imagem de Deus é Jesus. Seus filhos seriam a manifestação da vida e do caráter de Jesus, como filhos de Deus.
Mas a escolha de Eva, com a concordância de Adão, recaiu sobre a árvore híbrida que continha o fruto do bem e também do mal. Embora o pecado em si não estivesse no fruto e, sim, na atitude de desobediência, nossas escolhas vão produzir consequências. Notável é que, no original hebraico, a Escritura deixa claro que a serpente que a seduziu era macho. Ela então gerou frutos com características diferentes: Caim e Abel; ambos descendentes da mulher, gerados de um mesmo ventre, fecundado pelo fruto da desobediência.
Eu creio que o Criador desejava que O conhecêssemos e nos espelhássemos Nele apenas; deveríamos conhecer somente o bem e jamais travar conhecimento com o mal na pessoa de Satanás. Já agora, os habitantes da terra são conhecedores do bem e do mal e, têm em si as sementes do bem e mal e passam a fazer parte do conflito entre os dois reinos. Vão semear na terra não somente a bênção, mas também a maldição. Vai nascer a erva que o homem plantou com suas próprias mãos, mas vão nascer também os cardos e abrolhos, que ele pessoalmente não plantou, mas são consequência de seu pecado que perdura e dá frutos indesejáveis trazendo dificuldades e tristezas para sua vida (Gn 3.18).
A terra amaldiçoada simboliza agora o nosso corpo. Temos que cuidá-lo porque ele é feito do pó da terra e a doença é a praga, que brota espontaneamente.
Da semente do bem e do mal, nasce o filho Caim, que matou seu irmão Abel. O diabo também usou os irmãos judeus de Jesus para matá-lo. Assim, temporariamente, aqui na terra, o sangue do justo continua derramado sem uma resposta imediata e definitiva do Bem contra o Mal. E vamos esclarecer que Abel também nasceu corrompido em sua natureza pelo pecado, mas é dito justo porque ofereceu o sacrifício de sangue aceitável a Deus.
Da mesma forma que nossos pais, Adão e Eva, podemos escolher o tipo de fruto que vamos gerar. Isso vai depender da maneira como vamos lidar com o pecado em nossas vidas.
Caim era alguém que não sabia lidar com o pecado. Em consequência, ofereceu como oferta a Deus, o fruto de seu trabalho com a terra, de seu esforço humano. O fato é que não podemos justificar a nós mesmos; dependemos do sacrifício substituto, expiatório. Como consequência ele abriu a porta para o diabo usá-lo como seu instrumento de maldade (Gn 4.3,4).
Abel entendeu como lidar com seu pecado, tomando sobre si, figuradamente, o sacrifício expiatório do Cordeiro. Ele entendeu a graça perdoadora de Deus.
Precisamos “nascer de novo”, agora da semente santa, que é Jesus, a Árvore da Vida. É preciso reafirmar a cada dia a nossa escolha em comer do fruto dessa árvore, assim como o povo recolhia a cada dia o maná, símbolo das promessas na Palavra de Deus, para que continuassem, esperançosa e confiantemente, a caminho da terra prometida.
O Tempo Certo
O primeiro casal estava pronto para gerar filhos, tinha o potencial para fazê-lo, conheciam a vontade de Deus a esse respeito e ouviram as claras instruções para se multiplicar e encher a terra. Mas faltava o quando de Deus. Seria imediatamente?
Para o Rei Davi não foi imediatamente. Muitos anos se passaram entre a unção recebida de Samuel como Rei e o dia em que assumiu o poder em Israel.
Para José, a história não foi diferente. Muitos anos transcorreram até que a visão e o chamado de Deus para a sua vida se concretizassem. O próprio Jesus está aguardando até que todas as coisas sejam sujeitas a Ele, para que venha a reinar como o Leão da Tribo de Judá (Mt 22.44 e I Co 15.28).
Temos um chamado da parte de Deus, nos apossamos de suas promessas, recebemos a capacitação, a unção, a visão e ... vem a frustração, a espera! Será que a nossa mãe Eva também estava vivendo um momento assim? Estaria pronta para cumprir o chamado de Deus, ansiosa por ter filhos e povoar a terra em cumprimento a seu chamado? Dependeria sua frutificação de comerem da Árvore da Vida? Há quanto tempo ela estava esperando por isso? Teria, dentro de si, a pergunta: quando? Se Deus prometeu, porque se retardava o cumprimento da promessa de que encheriam a terra com seus filhos?
Poderíamos deduzir que, se Eva estivesse plenamente satisfeita, a serpente não teria com o quê tentá-la. Mas havia algo desejável, ter tanto entendimento quanto Deus. Quem sabe, comendo do fruto, ela teria as respostas de que precisava?
A serpente lançou a dúvida no coração de Eva quanto a confiar plenamente nas intenções e nas palavras de Deus. Afinal, porque ela ainda não havia gerado?
- Argumentou a serpente: Se você está proibida de comer do fruto de uma árvore, logo você não pode comer do fruto de toda árvore do Jardim, certo?
- Eva disse: Não é bem assim ...
- Mas a serpente, conhecida pela sua sagacidade, já havia conseguido engolir Eva em seu raciocínio ardiloso.
- É assim sim, disse ela.
Mas a verdade era que ela podia comer de toda árvore do Jardim, com a exceção de uma.
Será que, apenas estamos imaginando certa ansiedade em Eva, levando-a a se precipitar na escolha da semente que gerou frutos que não eram de Deus?
Sarai também se precipitou não confiando o suficiente na promessa de Deus para gerar o fruto correto. Ela deu sua escrava Hagar para lhe gerar um filho de Abrahão. Assim surgiu Ismael em lugar de Isaque.
Se a dificuldade em esperar o tempo de Deus, o amadurecimento do chamado, pode explicar fracassos, vamos entender que o próprio Deus deu a resposta certa, no tempo certo. Ele colocou fim a uma espera de dois mil anos pelo Messias, fecundando, ele mesmo, pelo Seu Espírito, o ventre de Maria.
Quando vamos gerar o fruto? Quando vamos cumprir o propósito de Deus em nossas vidas? Apesar da nossa ansiedade, ele está trabalhando em nós; estamos amadurecendo. Todo processo de amadurecimento leva tempo, envolve dor. O Senhor quer nos levar a uma condição de fazer escolhas certas e produzir um fruto valioso e, por isso, temos que esperar, e o fazemos com uma crescente expectativa, como a mulher que foi fecundada e, não vê a hora de trazer o filho ao mundo.

Uma Questão da Amizade Certa

O sofrimento da mulher para gerar e dar à luz é uma das consequências da luta que se estabeleceu entre o bem e o mal desde seu ventre. Como diz o salmista Davi: em iniquidade me concebeu minha mãe (Sl 51). Como haverá paz, prazer e nenhuma dor nesta gravidez e nascimento?
Uma vez feita a escolha errada, o mal, na pessoa de Satanás, obteve legalidade para agir e prevalecer sobre a humanidade durante um certo período aqui na terra. Ele ainda é o ‘deus deste século’ (II Co 4.4; 1Jo 5.19). Jesus Cristo já retomou o direito de propriedade da terra, mas o usurpador precisa ser deposto. O inimigo ser
á colocado debaixo de seus pés” (Hb.10.13).
De imediato Deus estabeleceu seus limites. “E Deus disse à serpente: Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15).
Foi por causa da ‘amizade’ com a serpente macho que o homem e a mulher desfizeram sua amizade com Deus. Nesta sentença, o Senhor coloca inimizade entre eles e, reverte essa situação para recuperar sua amizade com o ser humano. A entrada do mal no mundo quebrou nosso relacionamento de amor com o Criador, mas Eva, representando a raça humana, teria, de novo, a chance de fazer a coisa certa, de gerar um fruto do bem (Cristo), que viria da linhagem de Sete, capaz de sobrepujar, pisar e eliminar a presença desse mal para sempre.
Mais uma vez, o poder do bem, vence o poder do mal, porque Deus, o Criador é bom e verdadeiro; um Deus de amor que vai prevalecer no final. A vida é mais forte que a morte.

Traindo o Amor do Criador
Adultério com Satanás

Esse tema parece nunca se esgotar e me detenho e volto a me deter em Gênesis.
O Criador preparou no Éden, local de prazer, um jardim onde colocou o homem e vinha visitá-los no cair da tarde, na viração do dia. A Palavra não diz se Ele vinha todos os dias, quanto tempo durava essa visitação, se o Senhor vinha e desfrutava do descanso com o homem. Nós fomos criados e logo em seguida o Senhor descansou, e nós entramos com ele no descanso.
O fato é que o casal desfrutava de intimidade com o Criador num nível muito profundo. Era um relacionamento espírito a espírito que era fonte de extremo prazer e realização para as duas partes. O homem só conhecia o Bem.
Mas toda essa felicidade atraiu a inveja do inimigo de Deus e ele tratou de entrar em ação. Ele tinha a possibilidade de seduzir a Mulher. Ele usou a serpente macho, um animal sagaz e, segundo sugerem os comentaristas, uma bela criatura. A proposta girava em torno de algo que daria prazer sensual. Com o Criador eles experimentavam o prazer no nível do espírito, mas que tal experimentar um prazer baseado nos sentidos?
“Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu, e deu também ao marido e ele comeu.”
Hum... Despertaram-se todos os sentidos carnais voltados para um novo tipo de prazer e nós sabemos que o ser humano é movido pelo prazer. O Pai nos criou assim, mas a fonte de vida e prazer deve ser ele, nosso alvo de devoção e adoração.
“Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo” (I Jo 2.16). Em outras palavras, estamos falando aqui da satisfação dos desejos carnais, da satisfação das vontades da alma, do orgulho e satisfação do desejo de poder.
A Mulher foi seduzida, diz a Palavra; ela foi enganada, enquanto que Adão achou que valia a pena aquela nova forma de prazer. Ao ceder à tentação, ela estabeleceu cumplicidade com Satanás. Antes ela só conhecia o Bem, mas agora ela conhece não só o Bem, mas passou a conhecer também o Mal. Na Palavra, “conhecer” tem um sentido de grande intimidade.
 “Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis (desejo).
Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei. Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro como já antes vos disse que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus.
 Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” (Gl 5.16-23).
“Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz” (Rm 8.6).
Temos um enorme número de passagens na Bíblia que vão esclarecer e reforçar essa verdade. Mas o ponto que estamos ressaltando é que o homem e a mulher deixaram seu prazer em Deus trocando por uma forma de prazer carnal, almático. Não sabemos em que nível o casal se uniu ao Inimigo. Vale ressaltar que usei a palavra carnal, e não corporal. Eva sucumbiu à tentação nas mesmas três áreas em que Jesus foi tentado, mas resistiu. Satanás daria tudo em troca de sua adoração. A Palavra nos diz que, aquele que adora um ídolo se torna como ele (Sl 115.8).
Carne se une à carne, e espírito se une a espírito. “Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta, forma um só corpo com ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne. Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele.  Fugi da prostituição. Todo outro pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo” (1Co 6.16-18).
De imediato eles tomaram consciência de que estavam nus e se esconderam com vergonha, tentando improvisar uma roupa capaz de cobri-los. A sentença de Deus veio no tocante à capacidade da Mulher de gerar. Agora que seu ventre fora contaminado com a semente do fruto da árvore proibida, ela vai experimentar grande sofrimento na gravidez e muita dor no parto. Essa sensualidade recém-adquirida também iria levar a mulher a uma situação de humilhação. Seu desejo seria para um marido que passa a governá-la. Logo ele lhe dá o nome de Eva, assim como já havia dado nome a todos os animais e coisas criadas sob as quais deveria dominar.
Adão, que trabalhava por prazer, agora vai trabalhar duro, todos os dias de sua vida.
Um dia, o Senhor iria realizar uma nova semeadura no ventre de Eva, trazendo o descendente, filho de Deus, com a missão de gerar uma nova linhagem de seres humanos. O segundo Adão, o homem espiritual, gera filhos espirituais para Deus, que podem voltar ao Jardim do Éden o local da comunhão e do prazer em Deus; espírito a espírito.


A Falsa Adoração e o Adultério
A Mulher Samaritana

A mulher adúltera é o assunto do capítulo 7 de Provérbios. O adultério físico tem sua raiz no adultério espiritual.
Quando se constata que um produto ou medicamento foi adulterado, o que isso significa? Significa que ele tem a aparência do original, mas seu conteúdo foi modificado e, portanto, seus efeitos não vão ser os esperados. Jesus mesmo disse que devemos conhecer a árvore pelos seus frutos. E que ele não se deixava enganar pela aparência, pela embalagem.
A mulher Samaritana é um bom exemplo do que estamos falando. Ela já tinha cinco maridos e estava com um sexto homem, e quando Jesus expõe seu adultério ela não contesta, mas responde que estava buscando o verdadeiro “lugar da adoração”. Ela não conhecia o verdadeiro amor de Deus. Sua geração havia aprendido a adorar no monte de Samaria, onde havia o culto ao bezerro, um culto que fora adulterado há muito tempo atrás.
Sua adoração adulterada não satisfazia a sua fome de Deus e por isso ela estava buscando outras fontes de satisfação e prazer.
Hoje, tudo no mundo é maquiado, é aparência. A própria mídia exalta os padrões de beleza e famosos são os de boa aparência. Os próprios artistas são vítimas de seu engano. Atrás do conteúdo, mudam de parceiros vez após outra, ao descobrirem que por detrás da embalagem, o produto estava adulterado. Que decepção!
A língua é a porta externa por onde deságua o coração do homem; o que tem dentro de si será manifesto no seu falar, vida ou morte está no poder da língua (Pv 18.21); e a boca fala do que está cheio o coração (Lc 6.45). O falar do adúltero é cheio de sedução, lisonja e promessas de falsa segurança. Enquanto a adúltera se oferece aos que passam, a Sabedoria está no oculto, dentro da casa;precisa ser buscada conforme diz em Provérbios 8.34: ‘Feliz o homem que me dá ouvidos, velando dia a dia à minhas portas, esperando às ombreiras de minha entrada”.
Precisamos observar os frutos, além das enganosas aparências. O espírito religioso é o espírito do engano. Ele adultera o verdadeiro mover e simula o verdadeiro trabalhar do Espírito de Deus nas vidas. O produto final é perdição e não salvação; são frutos da carne e não o fruto do Espírito de Gálatas cinco: o verdadeiro amor com todos os seus sabores.
 Satanás fez esse jogo de sedução com Eva, ela viu a aparência do fruto que era sedutora e comeu, mas o conteúdo era a morte. Se nos encontramos nas veredas da Verdade, andamos com o Espírito da Verdade, andamos na luz da Sabedoria de Deus.
 “A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm (impedem) a verdade pela injustiça” (Rm 1.1).
Esse texto de Romanos segue explicando que a ira de Deus foi acesa pela idolatria do homem que não deu a devida glória a Deus e, em consequência, foram entregues por Ele ao domínio de seus próprios pecados, especialmente aos de impureza sexual. Fabricamos deuses à semelhança do homem, que podemos controlar conforme a nossa vontade e nossa necessidade. A tentativa mais comum de substituir a Verdade pela Mentira é trocar o amor verdadeiro de Deus pelo sexo. Temos o exemplo bíblico da mulher samaritana. Ela já estava no seu quinto marido na tentativa de extravasar sua adoração.
Porque o instinto de adorar levou o povo a fabricar o bezerro de ouro no deserto num culto que terminou em orgia sexual? Porque a existência das prostitutas cultuais e tantas práticas libertinas na adoração aos ídolos pagãos? No capítulo 16 de Ezequiel o Senhor fala do povo de Israel como se fosse uma mulher. “Fizestes estátuas de homens e te prostituístes com elas” (vs.17). No vs. 24: O Senhor chama os altares de adoração aos ídolos de prostíbulos (locais de prostituição sexual). Quando estava no Nepal, ouvi de mulheres que se esfregam no pênis gigante de um de seus muitos deuses e praticam com eles um culto obsceno.
A idolatria ligada ao sexo é tão grave, que no Antigo Testamento os adúlteros eram apedrejados (Lv 20.10; Dt 22.22-24). No capítulo oito do Evangelho de João vemos o caso da mulher flagrada em adultério levada a Jesus para ser apedrejada, conforme a Lei de Moisés. O texto de Mateus 21.44 explica que aquele sobre quem cair a pedra, ficará reduzido a pó e quem cair sobre ela, ficará em pedaços. O homem carnal, sem o Espírito, volta ao pó; mas o que se humilha e se lança sobre a pedra que é Jesus, ficará em pedaços; todavia Deus restaura aquele que foi purificado pela ação da pedra que destrói todo o mal. Da mesma maneira, Jesus pode ser para nós a rocha da salvação ou a pedra de tropeço, como foi para muitos judeus.
Mas onde está a fina linha que separa o ídolo “Sexo” do Deus verdadeiro? É a diferença entre vida e morte, entre prostituição e santidade. A busca de realização através da prática sexual leva à ilusão frustrante e passageira, enquanto essa mesma busca, quando se volta para Deus, traz realização real, preenchimento das nossas melhores expectativas, é compensadora e constrói um relacionamento para a eternidade.
Essa busca da qual estamos falando, sempre começa movida pelo desejo: de sentir o Senhor, de contemplá-lo, de percebê-lo nos seus atributos conhecendo quem Ele é. Há um mergulho para dentro de si mesmo, procurando fazer um contato com Deus o mais real possível. Queremos sentir seu amor, nos deleitar Nele; tocar e ser tocado pela sua presença. Todo estímulo e distrações externas precisam ser anulados para esse momento de intimidade a dois com o Senhor.
Se o estímulo maior que nos leva a adoração é o desejo, o alvo a ser alcançado é uma entrega, uma rendição gradativa, profunda e completa do nosso ser ao ser amado. Tanto o desejo, quanto a entrega, vão culminar no gozo do Espírito. O próprio Senhor faz esse paralelo entre nosso relacionamento com Ele e o relacionamento humano do noivo com a noiva.
Há um gozo na carne e um gozo no espírito. A adoração a Deus vai além, centralizando-se não no nosso desejo e sua satisfação, mas centralizando-se no alvo do nosso desejo que é o próprio Deus. Por isso Ele mesmo nos manda amá-lo acima de todas as coisas, com toda força do nosso ser. Quando a carne, com seu egoísmo que só nos leva a auto-satisfação, ocupa o lugar do Espírito e o subjuga, vai acontecer um desvio do objeto da nossa adoração. Quando Eva aceitou a sugestão de Satanás de comer do fruto proibido, ela o fez pensando em obter proveito pessoal.
É porque não sabemos adorar em espírito e em verdade que descemos Deus do Seu trono. Ele está alto demais e fica mais fácil adorar algo à nossa altura. A busca da satisfação fácil tem levado a humanidade a uma desenfreada atividade sexual de formas e maneiras as mais diferentes possíveis na tentativa de satisfazer o instinto elevado que Deus colocou em nós da adoração, porque Ele colocou a eternidade no coração do homem.

Abrindo Uma Brecha

No Livro de Números, capítulos 23 e 25 vamos ver a narrativa sobre Balaque, rei dos moabitas, que pediu ao profeta Balaão que amaldiçoasse a Israel. Balaque simboliza Satanás. Ele tinha medo do povo de Deus enquanto louvavam, adoravam o Senhor, porque assim venciam todas as batalhas. Isso significa que o diabo tem medo da igreja também e tenta passar para nós aquilo que ele próprio sente. Na verdade o diabo nos oprime e nos deixa acuados, porque sabe que, se soltarmos nossa voz, aclamando nosso Rei, ele estará perdido.
 Balaão, no entanto, só consegue abençoar o povo porque este dava glórias adorando a Deus.  “... o Senhor seu Deus está com ele, e no meio dele se ouvem aclamações ao seu Rei” (vs.21). A única solução para transformar a bênção em maldição foi proposta com grande sucesso. Era preciso desviar essa adoração submissa a Deus, e mulheres foram introduzidas no arraial de Israel. A intimidade e comunhão que pertenciam a Jeová passou a ser dividida com as moabitas. Este povo surgiu da relação incestuosa da filha de Ló com seu pai.
Neste contexto fica muito claro que, se nosso prazer está em Deus, nós vamos adorá-lo. Mas se não somos fiéis a Ele, outras formas de prazer e adoração vão surgir, outros ídolos.
Números 25.1,2: “... começou o povo a prostituir-se com as moabitas. Estas convidaram o povo aos sacrifícios dos seus deuses; e o povo comeu e se inclinou aos deuses delas”. Vale observar que os homens comeram alimento proibido e, de imediato a praga começou a matar no arraial de Deus. Moisés foi interceder diante o Senhor, juntamente com o povo, para fazer cessar a maldição.
Naquele momento crítico, um israelita é visto indo para a cama com uma midianita, cujo povo estava em aliança com Moabe para destruir Israel. O nome dela era Cosbi, que significa enganadora. Era filha de um chefe de clã; filha de um príncipe maligno. Ela veio com o espírito de engano através da contaminação sexual. De sua relação com o israelita viriam filhos da mistura, introduzindo outro povo com seus deuses e costumes em Israel. Mas Finéias, filho de Eleazar, filho de Arão, levantou-se, pegou uma lança e atravessou o casal pelo ventre; então a praga cessou. Ele extirpou o mal a partir da sua raiz matando filhos espiritualmente amaldiçoados que poderiam ser gerados através daquela prostituição cultual com os deuses dos moabitas. Assim ele pôs fim à relação entre o povo de Israel e os espíritos malignos que habitavam corporalmente aquelas estrangeiras.
“Os cananeus em seus templos celebravam cultos da fertilidade onde ocorria a prostituição-cultual, em que as mulheres e os homens representavam deuses e se trajavam como tais, se prostituindo em honra a seus deuses. Prostituição masculina não existia no Oriente Médio a não ser em templos pagãos ou em seus cultos da fertilidade, tal prostituição está totalmente ligada a idolatria. Tanto que a palavra hebraica para “prostituto” que aparece na Bíblia é “qadesh”, que literalmente significa “santo” ou “separado”, “prostituta” em hebraico é “qadeshôth”, significando “separadas” ou “santificadas”; nesse sentido eles eram separados, não para o serviço de Deus, mas sim para o serviço aos deuses pagãos” (do blog Nisto Cremos).
Quando os babilônios fugiam dos persas, carregavam seus ídolos sobre os animais enquanto iam para o cativeiro. Seus deuses, ao invés de livrá-los, iam junto com eles para o triste destino. Quem carrega ídolos em sua vida, são como burros de carga. A palavra diz que até para as próprias mulas era canseira carregar os deuses. Mas enquanto os ídolos precisam ser carregados por nós e são um peso morto, o Deus Vivo nos carrega nos Seus braços poderosos e nos salva (Is 45.20, 21b; 46.1,2-9).
Porque Adão não iria comer frutas do Jardim?
 “E a Adão disse: Visto que atendestes à voz de tua mulher, e comestes da árvore que eu te ordenara não comesses: maldita é a terra  por tua causa...
Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo” (Gn. 3.17,18).
Interessante perceber que Adão não se alimentaria mais dos frutos, e sim da erva do campo. Por um lado, isso significa que ele ira comer somente do trabalho de suas próprias mãos, já que teria que plantar com esforço. Mas também podemos ver esse homem dobrado em direção ao solo, envolvido com o manuseio da terra, com seus olhos voltados para baixo, esperando o brotar de seu sustento, a sua provisão, de baixo para cima e tendo que se encurvar para colher seu alimento.
Antes ele se alimentava principalmente de sua comunhão com o Senhor; olhava para cima; estendia a mão e colhia do fruto que vinha gratuitamente de Deus para seu sustento. Que diferença agora que ele caiu da graça! Seu alimento passa a ser como o dos animais; próprio apenas para satisfazer seu corpo e sua alma faminta. O espírito está morto; não pode mais se alimentar do fruto do Espírito com seus sabores de paz, alegria, justiça... no jardim do prazer de Deus.
Essa situação lembra-nos de outra personagem na Bíblia que também perdeu sua autoridade e foi expulsa de seu habitat, deixando as finas iguarias para comer erva, ou seja, capim, com os animais. Estamos falando do Rei Nabucodonosor; um dos homens mais poderosos da terra e que tinha visões de Deus. O motivo da desgraça foi o mesmo de Adão; o orgulho de querer ser como Deus.
 “Ao cabo de doze meses, passeando sobre o palácio real de Babilônia, falou o rei, e disse: Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com meu grandioso poder, e para a glória da minha majestade? Falava ainda o rei, quando desceu uma voz do céu: A ti se diz, ó rei Nabucodonosor: já passou de ti o teu Reino.
Serás expulso de entre os homens, e a tua morada será com os animais do campo; e far-te-ão comer ervas com os bois, e passar-se-ão sete tempos por cima de ti, até que aprendas que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens...
Mas ao fim daqueles dias, eu, Nabucodonosor, levantei os olhos ao céu, tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é sempiterno, e cujo reino é de geração a geração” (Dn 4.29-34).
Quando este rei se ensoberbeceu, querendo se igualar a Deus, veio o julgamento. Agora se parecia com um animal e se alimentava como um deles. Essa doença existe com o nome de licantropia. Quando ele levantou seus olhos ao céu novamente, ou seja, reconheceu a onipotência do Criador, imediatamente voltou ao seu juízo normal e deu toda glória a Deus.
Toda a sua autoridade é então restituída: “fui restabelecido no meu reino e a mim se ajuntou extraordinária grandeza”.
O homem caído em seu orgulho fica reduzido à condição de um animal racional. Quando Jesus foi levantado da terra, na cruz, atraiu para si todos os olhares (Jo12.32). Olhando para ele, voltamos a olhar para cima, e desta maneira somos religados a Deus; restaurados à imagem do Criador. Comemos mais uma vez do alimento que vem do alto gratuitamente, o maná que cai do céu, o pão vivo. O Reino e a autoridade nos são devolvidos, acrescidos de maior grandeza. O Pai reservou para nós o lugar de filhos e herdeiros, pois estava certo de que voltaríamos a lhe dar toda a glória!

Jesus Cristo e as Duas Árvores
“Dois caminhos; uma escolha.
A Cruz – A Árvore do Confronto entre o Bem e o Mal”

“Todas as coisas sujeitaste debaixo dos seus pés. Ora, desde que lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou fora de seu domínio. Agora, porém, ainda não vemos todas as coisas a ele sujeitas; vemos, todavia, aquele que por um pouco, tendo sido feito menor que os anjos, Jesus, por causa do sofrimento da morte, foi coroado de glória e de honra, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todo homem.
Visto, pois, que os filhos têm participação comum na carne e sangue, destes, também ele igualmente participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo” (Hb 2.8,9,14).
Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos.
O último inimigo a ser destruído é a morte.
E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória.
Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?
O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei” (II Co 15.21,26,54-56).
“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens porque todos pecaram.
Entretanto reinou a morte desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual, prefigurava aquele que havia de vir” (Rm 5.12,14).
 “Porque, quando vivíamos segundo a carne, as paixões pecaminosas, postas em realce pela lei, operavam em nossos membros a fim de frutificarem para a morte” (Rm. 7.5).
 “Como está escrito: Por amor a ti, somos entregues à morte o dia todo; fomos considerados ovelhas para o matadouro” (Rm 8.36).
 “Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, porque, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças?” (Cl 2.20).
 “... O vencedor, de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte” (Ap 2.20).
 “Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida” (Ap 12.11).
 “Bem aventurado e santo é aquele tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele os mil anos” (Ap 20.6).
 “E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Ap 21.4,8).
Quando, no Jardim que ficava no Éden, escolhemos a árvore que trazia a morte, nós escolhemos os frutos da morte, o fruto do bem e do mal.

 “E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, da banda do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado. Do solo fez o Senhor Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também a árvore da vida, no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gn 2.8,9).
A cruz é um tipo da segunda árvore – a Árvore do Bem e do Mal. A Árvore da Vida, que é Cristo, foi pregado na árvore da morte - maldito todo aquele que for pregado no madeiro (Gl 3.13). A primeira opção oferecida por Deus foi a Árvore da Vida, a segunda opção, oferecida pelo maligno, foi a Árvore do Bem e do Mal.
Os céus e a terra tomo hoje como testemunhas contra ti, que te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição: escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência.
A nossa escolha gerou dois diferentes tipos de morte. A primeira morte é a morte física sem Cristo que significa também a morte espiritual eterna. A segunda morte é um caminho de redenção: podemos morrer com Cristo; morrer a nossa natureza adâmica na cruz e ressuscitar para a vida eterna” (Dt 30.19).
-“Sabendo isto, que o nosso velho homem foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado. Sabedores que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre: a morte já não tem domínio sobre ele.
Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que não obedeçais às suas paixões.
Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 6.6,9,11,23).
Quando escolhemos a ‘árvore da morte’, decidimos pela morte de Cristo, o Filho de Deus, o Cordeiro preparado desde a fundação do mundo. Foi decretada a morte de Jesus na cruz por nós.
Na Árvore da Vida, havia o Filho de Deus vivo. Na árvore da morte, havia o Filho morto, crucificado, mas gerando vida; uma vida recuperada através da morte do Cordeiro.
Poderíamos ter escolhido comer o corpo e o sangue de Jesus Cristo, lá no Jardim, no fruto da Árvore da Vida, mas agora, comemos o corpo e o sangue de Cristo, partido pela sua morte na cruz em nosso lugar, na árvore da morte, de onde comemos a morte.
 “Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha” (I Co 11.26).
 Foi necessário que o Pai aplicasse o antídoto preparado, caso nos deixássemos picar pela serpente recebendo seu veneno mortal.
 “Porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus” (Cl. 3.3).
 “Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos aos pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas fostes sarados” (I Pe. 2.24).
 “Porque já estou crucificado com Cristo” (Gl 2.20).
Duas árvores: o plano A e o plano B de Deus.
A ‘árvore do bem e do mal’ fala do conhecimento desta guerra entre Cristo e Satanás. Mas na cruz, essa ‘árvore do confronto’, - temos o bem, Jesus, absorvendo e destruindo o mal, na pessoa de Satanás; esmagando a cabeça da serpente, mas sendo ferido no calcanhar pela nossa traição a Deus. Uma traição que permitiu a Satanás introduzir a morte, essa morte de cruz que feriu o Senhor, mas que significou a destruição de Satanás, como punição final por se atrever a enganar o ser humano, criação de Deus.
 “Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos” (Rm 6.8).
Nós nascemos em iniquidade, nascemos da geração de Adão, da semente corrompida da árvore do bem e do mal. Não existe a mais remota possibilidade de mudar sua própria genética ou gênesis como preferir. O que fazer com relação aos nossos antepassados? Nossos pais comeram do fruto da árvore do Bem e do Mal e receberam a sentença de morte. Um pecou e logo todos ficaram condenados a morte porque são frutos desta escolha errada (Rm 5.12).
A solução veio através de Jesus Cristo. Quando recebemos seu sacrifício a nosso favor, estamos nos juntando a ele na cruz. É na cruz que acontece esse milagre: o velho homem morre; a natureza antiga é absorvida pelo corpo de Cristo e destruída Nele. A natureza caída do homem é substituída pelo homem nascido de novo da semente perfeita, semeada pelo Pai no ventre de Maria. Deixamos na cruz a natureza do primeiro Adão e recebemos uma nova genética de uma semente pura, plantada pelo próprio Deus. O mal é destruído no corpo de Cristo.
“Porque se fomos unidos a ele na semelhança de sua morte, certamente o seremos também na semelhança da sua ressurreição; sabendo isto, que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos” (Rm 6.5,6)
 “Com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado” (Rm 8.3).
“O que é nascido da carne é carne, o que é nascido do Espírito é espírito” (Joao 3.6).

Sobre Semear

 “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
E Deus os abençoou, e lhes disse: Sejam férteis (um solo fértil). E multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.
E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda terra, e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento” (Gn 1.27-29).
 “E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden da banda do oriente, e pôs nele o homem que havia formado.
Do solo fez o Senhor brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para o alimento; e também a árvore da vida, no meio do jardim a árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gn. 2.8,9).
Porque o Senhor se preocupou com a aparência das árvores, quando bastava que elas fossem boas para alimento? Talvez porque Deus pensou não somente em alimentar nosso corpo, mas também nossa alma e nosso espírito com a beleza da sua criação.
As duas coisas que Deus deu ao homem quando o criou foi autoridade e fecundidade para receber as sementes como solo fértil, se multiplicar. Ao mesmo tempo, ele deveria ser abundante na semeadura porque as ervas e os frutos seriam o mantimento para sua família.
Para isso ele deveria cultivar e guardar o jardim. Gênesis 2.15 diz que o Senhor colocou o homem no jardim com essas funções. Primeiro cultivar para sua subsistência, e segundo, guardá-lo. Era sua responsabilidade governar sobre toda a criação, dominar sobre ela e vigiar o que havia plantado.
Primeiro, Deus mesmo plantou o jardim no Éden, e depois, instruiu o homem a plantar nesse jardim. Primeiramente Deus fez nascer árvores, inclusive as árvores da vida e do bem e do mal;  posteriormente, deixou o homem dando continuidade ao seu trabalho e tomando conta do lugar. Criou o homem à sua semelhança, passou para ele Sua autoridade e a função de dar continuidade à vida, gerando novos frutos; sendo fecundo em si mesmo e fecundando a terra ao redor.
O homem foi criado homem e mulher. A mulher tipifica o solo fértil recebendo a semente de vida do homem para que se multiplicassem e enchessem a terra com seus frutos, afinal, o homem foi formado do pó da própria terra que alimentava a vida das árvores, que, por sua vez, alimentavam o homem com seus frutos. Tudo funcionando harmoniosamente.
Mas, com a incredulidade e desobediência do homem, entrou o pecado e, com ele, o caos. Uma semente estranha veio para o ventre de Eva e gerou fruto híbrido do bem e do mal. Como consequência, lemos no capítulo três de Gênesis a sentença de Deus nos seguintes termos: a mulher, que é a parte fecunda, passou a gerar com grande sofrimento; e o homem, que é o semeador, agora teria que fazer seu trabalho com o suor de seu rosto, com grande sacrifício. A sentença de morte foi pronunciada: “... porque tu és pó, e ao pó tornarás”. A terra, de cuja boca brotava vida, agora abre sua boca para a morte: “ ... maldita é a terra por sua causa”.
Mas essa situação não permaneceu para sempre. Uma nova semente veio do céu para fecundar o ventre de Maria e recomeçar uma nova geração da humanidade. Dessa semente surgiu o segundo Adão e dele, outra categoria de seres humanos, com sua natureza mudada. Foi necessário a essa semente (Jesus), morrer para que pudesse se multiplicar e dar início a uma nova história.
  João 12.24 - Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto.
A terra mais uma vez abriu sua boca para tragar o Homem, mas teve que vomitá-lo, porque a natureza de Jesus era outra. Não foi formado do pó da terra, mas sim, pela Palavra que se uniu ao Espírito de Deus. Deus, mais uma vez plantou o Homem Jesus no jardim, agora do Getsêmani. Dessa vez a árvore era boa para alimento, mas não agradável à vista. O Cristo estava desfigurado e foi rejeitado por quase todos, mas a nossa morte e nossa nova vida estavam nele.
 “Como pasmaram muitos à vista dele, pois o seu parecer estava tão desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua figura mais do que a dos outros filhos dos homens” (Isaias 52.14).
Ressuscitou, e sua divina semente veio para o nosso ventre, na pessoa do Espírito Santo, de onde fluem agora os rios de água viva.
Gênesis 2.10 diz que do Éden (significa prazer), saia um rio para regar o jardim, que se repartia em quatro braços. Esse rio pode ser uma prefigura do Espírito Santo cuidando e ministrando vida. Esse mesmo rio que hoje flui de nós, transformando desertos em jardins, como diz a palavra em Isaias 58.11b: “...e serás como um jardim regado, e como um manancial, cujas águas nunca faltam”.
O primeiro rio, Pisom, rodeia a terra de Havilá onde há ouro, o bdélio e a pedra ônix. As pedras preciosas na Palavra quase sempre se referem à obra do Espírito em nós.
O segundo rio, Giom, circunda a terra de Cuxe. O terceiro o rio Tigre e o quarto o Eufrates.
Em Apocalipse 22 - o último capítulo da Bíblia - vamos ouvir falar novamente num rio maravilhoso: o rio da água da vida, que sai do trono de Deus e do Cordeiro. E dessa vez, a árvore da vida não está mais no meio do jardim, mas ocupa um lugar de destaque de uma a outra margem do rio e produz 12 frutos. Doze é o número completo de Deus; e ela dá o seu fruto de mês em mês, não falha em nenhuma estação do ano.
As folhas da árvore são para a cura dos povos. É interessante notar que usamos as folhas, e não os frutos, para fazer chás curativos. As folhas terão propriedade de cura. As folhas são o pulmão das árvores. Elas respiram para a árvore e isso tem a ver com o papel do Espírito. A palavra espírito está ligada ao sopro, ao vento, ao respirar.

No Ventre da Terra

A terra foi criada perfeita porque o Criador é perfeito em tudo o que faz. Alguns entendem que ela posteriormente foi tornada em caos, possivelmente pela ação do Mal.
“Era a terra sem forma e vazia; trevas cobriam a face do abismo, e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas” (Gn 1.2).
Mas ao me deparar com o Salmo 24, algo chamou minha atenção. “Pois foi ele quem fundou-a (terra) sobre os mares e firmou-a sobre as águas” (vs 2).
A terra passou a existir no terceiro dia segundo Gênesis 1.9,10 quando o Criador ajuntou as águas e colocou limite, fazendo surgir a porção de terra seca. “À parte seca Deus chamou terra, e chamou mares o conjunto das águas. E Deus viu que ficou muito bom”.
O Espírito se movia sobre a face das águas, e isso nos lembra um ventre materno com a semente de vida no seu interior, algo para vir à existência que será gerado em meio à agua da bolsa.
Do momento que o Senhor disse: “Haja luz” algo foi concebido desta junção entre a Palavra de Deus e seu Espírito. E a partir daí segue-se todo o processo da criação passo a passo. O Criador separou as águas de cima e as de baixo e colocou entre elas o firmamento. Sobre as águas de cima não temos detalhes, mas deixa lugar à imaginação pensar que essas águas podem ter se derramado sobre o planeta durante o dilúvio.
O homem como que renasceu através das águas que inundaram a terra. Mudanças drásticas aconteceram e passamos a ser caçadores e carnívoros. Antes ele só se alimentava da mãe terra, como o bebê se alimenta através da mãe. Depois que a bolsa de água materna estoura e o bebê passa a viver nesta terra, ele também terá que se alimentar por si mesmo. “Tudo o que vive e se move servirá se alimento para vocês. Assim como lhes dei os vegetais, agora lhes dou todas as coisas. Mas não comam carne com sangue, que é vida” (Gn 9.3,4).
A terra que conhecemos, conforme nos é narrado em Gênesis, era perfeita e tudo o que Deus fez ele avaliou como sendo ‘muito bom’. Tudo o que criara inclusive o jardim, foi entregue ao homem para morar e guardar.
O homem foi criado quase perfeito; ele era perfeito fisicamente, mas não moralmente. O Inimigo então vem para testá-lo, assim como fez com Jesus, o segundo Adão. Ao destruir o homem, feito do pó da terra, ele conseguiu atingir tudo o que estava debaixo da autoridade dele. O homem se tornou em caos e confusão. E agora, esse homem possuído pelo espírito de Satanás, ele próprio, danifica a terra criada pelo Eterno. A terra do nosso corpo será destruída pela morte, mas nosso corpo será recuperado na forma de um corpo de glória, um novo corpo. Assim também o planeta, chegará quase ao seu fim, mas o Senhor pretende criar novos céus e nova terra e o habitante dessa nova criação será uma nova criatura, com um corpo glorificado.
Estamos sendo gerados no ventre da terra, ou seja, nesta dimensão terrena, enclausurados neste corpo que é pó e ao pó voltará. A partir do momento em que ‘nascemos de novo’ da semente incorruptível que é Cristo, estamos sendo aperfeiçoados. O novo homem está sendo formado dentro deste corpo feito de terra. A terra do homem era sem forma e vazia e o Espírito de Deus pairou, dessa vez, sobre ele, para colocar fim a esse caos. Nosso tempo de vida total vai de 80 a 120 anos. Estamos vivendo nesse tempo de incubação. “Então disse o Senhor: O meu Espírito não agirá para sempre no homem, pois este é carnal; e os seus dias serão 120 anos” (Gn 6.3).
Esse paralelo é inspirador. O Senhor chama a terra à existência através das águas antes de extrair dela o homem. Sabia que a percentagem de água no nosso corpo chega a 80 %? Assopra no homem o Seu espírito atribuindo à sua criação a Sua imagem e semelhança.
Esse mesmo Espírito que ‘chocava’ o planeta, agora dá vida à nova criatura. Mas assim como o homem foi criado perfeito e depois destruído pela ação do Maligno, assim também a terra.
Encarregado de preservar a terra, Adão a transforma em caos, à sua imagem e semelhança. “Maldita é a terra por tua causa. No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado: porque tu és pó e ao pó voltarás ” (Gn 3.17a,19). Adão era o semeador. Agora sua descendência viria à sua imagem e semelhança, do pó para o pó.
O Criador, na sua imensa bondade, fechou o acesso a Árvore da Vida para impedir que o homem vivesse eternamente separado d’Ele pelo pecado.
O homem e a terra parecem ter o mesmo destino. Estão caminhando para um tempo de destruição quase total, antes da sua renovação.
“Assim diz o Senhor: toda esta terra ficará devastada embora eu não vá destruí-la completamente” (Jr 4.27).
A humanidade obteve livramento da parte de Deus porque o Senhor encontrou a Noé e sua família em condições de dar continuidade à vida na terra depois do dilúvio. “Então disse Deus a Noé: Resolvi dar cabo de toda carne, porque a terra está cheia de violência dos homens: eis que os farei perecer juntamente com a terra” (Gn 6.13).
A tribulação envolvendo o homem e a natureza está cada dia maior. A destruição será interrompida com a chegada do Messias para assumir o trono por mil anos, cuja sede será em Jerusalém. Após esse período, a situação da terra e da humanidade será definida. O apóstolo João vê novo céu e nova terra e o próprio Deus habitando novamente com os homens glorificados (Ap 21).
“A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus, pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente ... porque sabemos que toda a criação a um só tempo geme e suporta angústias até agora. E não somente ela, mas também nós que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo” (Rm 8.19-23).

O homem natural é gerado na água da bolsa e alimentado pelo sangue materno através do cordão umbilical. O homem espiritual também é gerado na ‘água da Palavra de Deus’ e tem vida porque é nutrido pela vida que está no sangue de Cristo. “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados” (Ef 2.5).
O homem natural nasce à semelhança de Adão, mas, nas palavras de Jesus, temos que nascer também do Espírito, como filhos de Deus, à semelhança do segundo Adão, Jesus Cristo. Só assim poderemos entrar como cidadãos do Reino de Deus.
O Rei Davi, no Salmo 139, estava meditando nessas coisas. Ele começa se admirando da onisciência e da onipresença do Senhor.  Fala da presciência de Deus que o sustém antes mesmo que fosse formado: “Pois tu formaste o meu interior, tu me teceste no seio de minha mãe. Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem. Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado, e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos me viram, a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles ainda havia”.
Creio que Davi está se referindo também ao homem espiritual sendo formado pelo Espírito, à semelhança do processo natural de gestação. Esse livro que ele menciona, bem pode ser o Livro da Vida e todo o Salmo fala de como o Espírito do Senhor está presente sondando seu interior. O próprio Rei encerra orando a Deus: ‘sonda-me, prova-me, perscruta o mais íntimo de meu ser, de maneira profunda, para que possas me corrigir e guiar pelo caminho eterno’.
Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser (I Jo 3.2). Estamos sendo gerados em Cristo neste curto período de anos para depois ‘partir’, saindo desta dimensão de tempo Cronos, para a eternidade. É como o processo do nascimento. São nove meses para o bebê ser totalmente formado no ventre da mãe. Se ele nascer antes do tempo não vai estar completo. Também nós, que nascemos de Deus, estamos sendo formados em Cristo, crescendo Nele e vamos nascer em outra realidade. Assim como um bebê não consegue entender a vida fora do ventre da mãe, também não conseguimos entender o que Deus tem preparado para nós após a morte do corpo. A Palavra diz que coisas inimagináveis nos esperam.
Na carta que escreveu aos Coríntios, o apóstolo Paulo, no capítulo 15 fala bastante sobre a nossa ressurreição. “Como ressuscitam os mortos? Em que corpos vêm?” Ele repreende os cristãos chamando-os de insensatos por não compreenderem que somos, aqui nesta terra, como sementes de muitas espécies, mas que precisam morrer primeiro para ressuscitar. Só depois é que se verá o que virá a ser. “Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder. Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Isto afirmo, irmãos, que carne e sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção” (vss 42-44,50).Só o que em nós foi gerado da essência de Cristo, a parte de nós totalmente sujeita ao Espírito, vai nascer na dimensão perfeita do Reino de Deus. Cristo precisa ser formado em nós enquanto estamos desse lado da vida.
Paulo continua falando de um mistério: nem todos vão morrer, mas todos os ‘nascidos de novo’ que estão vivos e os que já morreram serão todos instantaneamente transformados. O corpo corruptível e mortal será revestido de imortalidade. Vamos receber corpos glorificados.
Enquanto nesta habitação, nós gememos, desejando ser revestidos de nossa habitação celestial e seremos, se, todavia, formos encontrados vestidos, e não nus (II Co 5.3). A consciência da nudez foi consequência do pecado que transformou o homem de um ser espiritual em carnal. Nesta condição temos o nosso nascimento natural: nus. Chegamos a este mundo, despidos. Todos nós estamos despidos da glória de Deus. Por outro lado, é quando somos revestidos e cobertos pelo sangue de Cristo, a pele do Cordeiro, as vestiduras brancas dos que foram justificados, é que estamos prontos para nascer na eternidade com o Criador.
Segundo Paulo, estamos gemendo angustiados não por desejar sermos despidos, mas sim revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida. Essa transformação ocorre no momento em que somos colocados na cruz com Cristo, onde a morte foi derrotada, e a eternidade no Reino de Deus, conquistada. O Pai nos deu seu Espírito que trabalha justamente nos preparando para deixar nossa casa terrestre, quando ela se desfizer, e receber de Deus, uma habitação eterna nos céus.

A Estátua do Orgulho de Nabucodonosor

Esse orgulho tão patente na figura de Nabucodonosor se manifesta na vida de cada um de nós.
No texto de João 6.39-44, Jesus diz algo muito importante cujo sentido foge à nossa total compreensão.
“Eu não aceito glória que vem de homens. Como podeis crer, vós os que aceitais glória uns dos outros, contudo não procurais a glória que vem do Deus único?”
Em Daniel, capítulo 3, diz que o Rei Nabucodonosor fez uma imagem de ouro de 30 metros de altura por 3 metros de largura.
Que imagem é essa? Essa é a imagem do orgulho, que causa ciúmes no Senhor. Fomos feitos à imagem e semelhança de Deus e para o louvor da sua glória. Mas a exemplo de Nabucodonosor nós também fazemos uma imagem e colocamos em campo aberto para todo mundo ver. É uma imagem revestida de ouro. Esse ouro fala da glória do homem e não da glória de Deus. Ele é colocado para encobrir todo tipo de feiura e imperfeições. Quem olha vê apenas o brilho dourado exterior.
Essa imagem que fazemos é uma imagem de nós mesmos para apresentar diante das pessoas. Normalmente ela é bem maior que o original que a inspirou, na mesma medida em nos julgamos maiores do que realmente somos. Temos a tendência de ser complacentes no  julgamento de nós mesmos e de tentar encobrir aos outros nossos defeitos e imperfeições.
Se alguém discorda do conceito que fazemos de nós mesmos, naturalmente que está procurando confusão.
Nos versículos 4 e 5 do capítulo 3 de Daniel diz: Ordena-se a vós outros, ó povos, nações e homens de todas as línguas... vos prostrareis e adorareis a imagem. A Palavra diz em Isaías 45.23, que todo joelho vai se dobrar e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor. Portanto esse privilégio pertence a Jesus e quando qualquer outro pretende que nos curvemos a uma falsa imagem, que não seja a imagem do Cristo nas vidas, está em outras palavras, roubando a glória de Deus.
E acontece que esse qualquer que não se prostrar e reverenciar, será lançado na fornalha de fogo ardente para ser queimado vivo.
Há muitas maneiras de se queimar alguém vivo. Tiago 3.5 em diante diz: Assim também a língua, pequeno órgão, se gaba de grandes coisas. Vede com uma fagulha Poe em brasas uma grande selva! Ora, a língua é fogo, é mundo de iniquidade... e não só põe em chamas toda a carreira da existência humana, como é posta ela mesma em chamas pelo inferno.
 Podemos reagir a qualquer que ameace nossa estátua do orgulho, a imagem que criamos diante das pessoas, ateando contra, o fogo da calúnia, da depreciação, da fofoca, da injúria que destrói a vida do irmão. Você coloca em dúvida o caráter do outro, sua reputação, sua honestidade, e mesmo pode entregar tal pessoa na mão de demônios. No versículo nove diz sobre a língua: Com ela bendizemos ao Senhor e Pai; também com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus.
Em Daniel 3.12 diz: Há uns homens judeus... estes homens, ó Rei, não fizeram caso de ti,...
Essa é a questão. Ao atacar a imagem do orgulho de uma pessoa ela se sente ameaçada pessoalmente, afrontada. A reação então se assemelha à do Rei, que irado e furioso mandou chamar os atrevidos homens de Deus: Sadraque Mesaque e Abdnego.
 “Então Nabucodonosor se encheu de fúria e, transtornado o aspecto de seu rosto contra Sadraque ...” (vs 19). O que ele fez?
1 Mandou aumentar sete vezes o fogo da fornalha.
2 Ordenou aos homens mais poderosos que estavam em seu exército que atassem a Sadraque..., e os lançasse na fornalha de fogo ardente.

Esse fogo não os destruiu porque eles confiaram no Senhor. “E livrou os seus servos que confiaram nele...” (cf. vs. 28). Mas eles foram atados pelos valentes do rei. Quando falamos mal de outros estamos permitindo que demônios sejam enviados para amarrar suas vidas, cerceando a benção e trazendo lutas desnecessárias para a vida dessas pessoas.
“Ora, a língua é fogo; é mundo de iniquidade ... a língua está situada entre os membros de nosso corpo, e contamina o corpo inteiro, e não só põe em chamas toda a carreira da existência humana, como é posta ela mesma em chamas pelo inferno ... a língua, porém, nenhum dos homens é capaz de domar; é mal incontido, carregado de veneno mortífero. Com ela bendizemos ao Senhor e Pai; também com ela amaldiçoamos os homens feitos à semelhança de Deus” (Tg 3.6,8,9).
Portanto, segundo Romanos 3.23, “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”.
E, “Gloriemo-nos na esperança da glória de Deus” (Rm 5.2). Ou seja, nós não temos qualquer glória a não ser a que estamos esperando da parte de Deus, quando então teremos nossos corpos glorificados para a eternidade. A glória vista hoje em nossas vidas pertence a Jesus. A Ele toda a glória.
Os verdadeiros servos de Deus não se dobram a imagem de outros e nem fazem imagem de si mesmos, porque buscam a imagem e semelhança de Jesus. Quando você se dobra diante da imagem do orgulho de outra pessoa, bajulando, você aumenta o tamanho de tal imagem. Olha para cima e vê que o orgulho da imagem cresceu.
Até Moisés encobriu o rosto para passar uma imagem diferente, para causar a impressão de que ainda refletia a glória de Deus (Ex 34.33 e II Co 3.13). Quantos de nós não fazemos o mesmo para parecer mais espirituais, quando na verdade estamos sendo religiosos e nos escondendo atrás da imagem erigida a partir do orgulho, para causar boa impressão?
Essa imagem que nós projetamos é um ídolo. E quando a gente fabrica um ídolo, nos prostramos diante dele em adoração. O ídolo nos domina e não somos mais livres para ser o que verdadeiramente somos.
Ficamos presos àquela imagem. A narrativa segue no livro do profeta Daniel (3.29) quando o orgulhoso Rei reconhece o verdadeiro Rei de todos os povos, o Deus verdadeiro.
No entanto, no capítulo seguinte, o Rei sonha e tem a visão da grande árvore que corresponde à mesma lição da estátua, falando do orgulho do homem. Parece que mais uma vez ele teria que ser confrontado nesta questão do orgulho.
Finalmente, no versículo 30, Nabucodonosor demostra que ainda não aprendeu. Ele chama a si toda a glória e é humilhado por Deus, passando sete anos de sua vida como animal.
Realmente, quando roubamos a glória de Deus estamos na verdade agindo com total insensatez, o que nos reduz à condição de um animal irracional. Os bichos pelo menos, na sua beleza e simplicidade, manifestam, ainda que espontaneamente, a glória do Criador.

Rivalidade Versus Unidade
“Quem é o descendente da mulher e,
quem são os descendentes do diabo?”

Identificamos operando, no meio da Igreja do Senhor, um “espírito de rivalidade” responsável por uma hostil disputa que age contrária à unidade e ao testemunho de amor entre os irmãos.
Nosso entendimento a esse respeito foi se aprofundando e se ampliando. Temos uma Igreja-Mulher, a Noiva do Cordeiro e uma rivalidade que tem se estabelecido e perpetuado entre as diversas denominações e ministérios.
Quando percebemos toda esta questão, começamos a buscar em Deus uma compreensão maior sobre o assunto. Como lutar contra essa “rivalidade”.  Embora esse tipo de hostilidade aconteça entre pessoas, é, na verdade, uma luta entre carnais e espirituais. (Gl 5.17).
A rivalidade precisa ser reconhecida e, uma vez diagnosticada, podemos dizer: inimigo descoberto, inimigo morto! Embora no presente caso, não seja assim, tão simples, distinguir entre o inimigo que está atuando, da pessoa que ele está usando.
Em meio a muitas contendas, com quem estará a verdade? Para intervir e dar ganho de causa a quem de fato tem razão, precisamos da ação do Justo Juiz.
Qual a raiz dessa maldição que opera nos relacionamentos? Na Igreja, a operação deste “espírito” tem impedido muita coisa importante que Deus poderia estar realizando através das lideranças. Elas lutam entre si, por muitas razões: talvez pelo poder, ou pelo orgulho de se destacar como mais espiritual, ou obter posição de controle.
O Corpo de Cristo sofre com a ação dessa rivalidade que torna inviável a unidade no Espírito e emperra o avanço do Reino de Deus. As diversas denominações precisam trabalhar harmoniosamente como parte de um mesmo corpo.
A mulher (um tipo da Noiva de Cristo) foi um ser criado pelas mãos de Deus dotado de grande beleza e capaz de gerar vida nela mesma. Nós precisamos considerar essa maravilhosa capacidade que tem, de conceber uma nova vida.
 “A mulher virtuosa é a coroa de seu marido” (Pv 12.4 ). A palavra coroa nesse versículo tem o sentido de diadema, símbolo de dignidade real.
 “Vendo os filhos de Deus, que as filhas dos homens eram formosas” (Gn 6.2).
Esses filhos de Deus geraram filhos com uma genética alterada com as filhas dos homens na terra, corrompendo a raça humana. Por causa desta formosura das mulheres, a raça humana se degenerou e veio o dilúvio.
 “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15).
A inimizade foi estabelecida entre a mulher e a serpente (macho), mas principalmente entre os descendentes da serpente e o descendente da mulher. E aqui nós temos um ponto de origem da disputa. Como julgar a paternidade de nossos irmãos? Hoje se pratica o exame de DNA que desfaz toda dúvida sobre quem é o pai de uma criança. Mas quando o critério é espiritual, o próprio Jesus nos adverte de que não devemos julgar uns aos outros e nem tentar separar o joio do trigo, porque são tão parecidos que correríamos o risco de errar.
De qualquer forma, cada um dos lados alega ser o descendente da mulher, e aquele irmão ou igreja, de aspecto diferente, que não se parece conosco, consideramos como filho do outro pai.
Quem é o descendente da mulher e quem são os descendentes do diabo?
 “O primeiro homem, formado da terra, é terreno; o segundo homem é do céu” (I Co 15.47) .
O descendente da mulher é um só: Jesus. Ele é o Jesus que há em nós. O homem espiritual nascido de novo; um único Corpo do Senhor; a Igreja.
 “Pois está escrito que Abrahão teve dois filhos, um da mulher escrava, e o outro da livre. Mas o da escrava nasceu segundo a carne, o da livre, mediante a promessa” (Gl 4.22,23). Hagar e Sara são mulheres corporativas que tipificam a Religião e a Igreja de Deus.
“Como, porém, outrora, o que nascera segundo a carne perseguia ao que nasceu do Espírito, assim também agora. Contudo, que diz a Escritura? Lança fora a escrava e a seu filho, porque de modo algum o filho da escrava será herdeiro com o filho da livre” (Gl 4.29-30).
 A grande questão é: quem é o verdadeiro herdeiro da promessa?
Existe uma briga pela herança, pela bênção da primogenitura, como aconteceu entre Jacó e Esaú. Quem é o verdadeiro filho varão? Quem é o filho da obediência? Essa disputa e rivalidade, que começou entre Hagar e Sara foi transferida para seus filhos Ismael e Isaque. De forma alguma o filho da escrava, que é o nosso homem carnal, escravo do pecado, herdará o Reino, juntamente com o filho da livre, que é o nosso homem espiritual, nascido de Deus.
Até hoje os descendentes carnais de ambos, árabes e judeus, estão guerreando entre si na nossa realidade terrena; isso é uma figura da mesma desavença no reino do espírito. O filho da escrava Hagar, Ismael, tipificando o nosso homem carnal; aquele que nasceu da vontade do homem; da própria capacidade do homem de gerar; e Isaque, aquele que nasceu através do sobrenatural da promessa de Deus que tipifica o homem espiritual.
 Os descendentes do diabo, por outro lado, são os filhos da desobediência. Ismael, por exemplo, foi um filho da desobediência, porque Abrahão foi gerar um descendente com a escrava Hagar, o que não era o plano de Deus. Esses estão em rebeldia contra a vontade do Pai Celeste.
Assim diz a profecia sobre Ismael: “Ele será como jumento selvagem; sua mão será contra todos, e a mão de todos contra ele, e ele viverá em hostilidade contra todos os seus irmãos” (Gn 16.12).
  Esses filhos andam em obediência ao diabo, buscando satisfazer a vontade dele.
 “Vós sois do diabo que é vosso pai e quereis satisfazer-lhe os desejos...” (Jo 8.44).
 “... segundo o príncipe ... do espírito que agora atua nos “filhos da desobediência” (Ef 2.2).
Dessa forma fica estabelecida a descendência maldita, fruto da desobediência e da mentira - a descendência de Satanás; e a descendência abençoada, gerada a partir do descendente da mulher, Jesus.

O Fermento dos Fariseus

“O que significam os cestos cheios de pedaços de pão que sobraram?"
Marcos 8:1-21 e Mateus 16
Mateus 23.15 é uma advertência de Jesus aos escribas e fariseus: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e uma vez feito, o tornais filhos do inferno duas vezes mais do que vós”.
Quando falamos dos descendentes do diabo não poderíamos ignorar o tratamento de Cristo Jesus com os religiosos de sua época.
O Senhor adverte seus discípulos sobre o perigo que representa o fermento dos fariseus e de Herodes para dar ênfase a essa questão dos espíritos religiosos em contradição com o próprio Espírito de Jesus, aquele que verdadeiramente prepara Sua noiva.
Da mesma maneira que as parábolas, os milagres realizados pelo Mestre também tiveram a função específica de nos ensinar algo sobre o Seu Reino. Foi precisamente nessa ocasião, quando Jesus já estava manifestando impaciência com a elite religiosa de sua época, que ele confrontou seus discípulos usando os milagres que realizara da multiplicação dos pães para ensiná-los.
A narrativa, com a descrição do primeiro milagre da multiplicação dos pães, pode ser encontrada nos quatro Evangelhos, e o segundo milagre e os comentários seguintes de Jesus em Marcos e Mateus. Há uma grande ênfase nestes textos com relação a números e Jesus pergunta ao final em Marcos 8.21: “Não compreendeis ainda?”
Eu própria não compreendia até o momento em que o Espírito do Senhor começou a clarear algumas coisas do texto.
Havia grande multidão envolvida nas duas ocasiões dos milagres da multiplicação do alimento e essa multidão encontrava-se no deserto, faminta, e sem meios de ser alimentada. Havia, no entanto, uma esperança: Jesus estava com elas.
Eles estavam há três dias sem comer, embora Jesus, o Pão Vivo, estivesse com eles; isso porque este Pão (Jesus) ainda não havia sido partido, multiplicado e repartido.
Esta multidão estava na presença do pão, o Pão da Vida, Cristo Jesus, mas ele ainda estava inteiro. Ele seria sim, partido, em três dias, entre sua morte e ressurreição.
Uma vez ressuscitado, o próprio Jesus seria o alimento para o povo, mas a distribuição desse pão seria feita pelos seus discípulos conforme Marcos 8.6: “Ordenou ao povo que se assentasse no chão. E, tomando os sete pães, partiu-os, após ter dado graças, e os deu a seus discípulos para que estes os distribuíssem, repartindo entre o povo”.
E Mateus 15.36 – “Tomou os sete pães e os peixes e, dando graças, partiu e deu a seus discípulos, e estes, ao povo”.
Temos o cumprimento profético deste milagre quando Jesus envia, em Atos 2.3 o Espírito Santo que foi distribuído entre os presentes no cenáculo, como línguas de fogo. Dali esse fogo, juntamente com a Palavra de Deus, seria dividido e multiplicado para toda a igreja na face da terra, através de seus discípulos.
No capítulo 8, versículo 3 Jesus disse: “Se eu os despedir para suas casas, em jejum, desfalecerão pelo caminho; e alguns deles vieram de longe.” Realmente, sem o pão vivo nós desfalecemos pelo caminho. A referência aos que vieram de longe, fala dos povos gentios que entrariam no mistério da salvação.
Versículo 4 diz: “Como poderá alguém fartá-los de pão neste deserto?" O povo estava faminto e no deserto. Essa era também uma realidade espiritual e só Cristo podia mudar aquela situação, fazendo surgir vida em meio à esterilidade.
O primeiro milagre envolveu uma multidão de cinco mil homens; havia cinco pães que foram partidos e multiplicados (Mt 14.21). O corpo de Jesus seria também partido e multiplicado para alimentar o povo.
Em Atos 2.46 diz que: “Diariamente, perseveravam unânimes no templo, partiam o pão de casa em casa e tomavam suas refeições com alegria e singeleza de coração”.
Pelo visto, ao final, os discípulos aprenderam o significado do partir e multiplicação do pão.
Mais para frente, em Atos 4, temos registrada uma nova multiplicação de almas, e dessa vez chegamos aos cinco mil, com apenas duas pregações Pedro. O mesmo número registrado no primeiro milagre da multiplicação dos pães, só que agora, são almas para Jesus.
Bem, depois de alimentados, Jesus despediu a multidão; exceto os 12 discípulos, simbolizados pelos 12 cestos que restaram com os pedaços de pão. Os discípulos de Jesus, o Pão da Vida, eram pedaços desse mesmo pão – o Corpo do Senhor aqui na terra.
O segundo milagre envolveu uma multidão de quatro mil homens; quatro é o número que fala do homem com a trindade divina e sua obra na terra, segundo observam estudiosos como o Dr. Christian Chen, professor de Física Nuclear da USP, autor do Livro Os Números na Bíblia.
Havia sete pães que foram divididos, partidos e multiplicados para alimentar os quatro mil homens, além das mulheres e crianças.
Restaram sete cestos cheios. Esses cestos simbolizam as sete igrejas do Apocalipse. Cristo passeava entre os sete castiçais (Ap 1.12,13). Sete é o número da perfeição, Sua igreja completa em todas as suas manifestações.
As sete igrejas são para os homens, tipificados pelos quatro mil alimentados, não só pelos pães, mas no segundo milagre vamos ver a presença dos peixes, o símbolo da igreja primitiva.
Quando os fariseus e saduceus procuram Jesus pedindo-lhe um sinal ele responde em Mateus 16.4: “Uma geração má e adúltera pede um sinal; e nenhum sinal lhe será dado, senão o de Jonas. E, deixando-os, retirou-se”.
O sinal de Jonas se refere ao profeta que ficou três dias e três noites no ventre de um monstro marinho, como Jesus no ventre da morte. O Senhor estava demonstrando através do milagre realizado que, da mesma maneira, o Pão da Vida eterna seria partido e multiplicado. Por isso não haveria maior sinal do que aquele que Jesus estava dando naquele momento. Mas eles não entendiam e isso arrancou um profundo suspiro de desânimo do Senhor.
As igrejas surgem a partir do Pão Jesus, pão sem fermento e sem pecado. Esse pão se divide, é partido, sem, no entanto, perder a característica única de pão; depois se multiplica para ser distribuído.
Os discípulos pensaram que o mestre se referia ao fato de não terem levado pão para o barco, mas o Pão da Vida, sem fermento, Jesus, estava no barco com eles. Esse pão se multiplica a partir da divisão, enquanto o ‘pão’ dos fariseus e o de Herodes apresenta apenas um inchamento. Na aparência o pão é grande, mas no conteúdo, perdeu suas qualidades nutritivas iniciais, sua capacidade de alimentar. Esse pão, no estômago, só fermenta. Assim também a mensagem que os fariseus levavam aos prosélitos só fazia piorar a desnutrição espiritual deles. O excesso de pão provoca anemia nas pessoas do ponto de vista natural e também espiritualmente, especialmente quando esse pão é levedado pelo fermento da hipocrisia do homem.
Igrejas que surgem a partir do fermento colocado pelo homem são igrejas que cultivam apenas a tradição de homens. Os fariseus com seus usos e costumes gostavam de controlar a partir do poder religioso. Herodes, outro exemplo dado por Jesus, simboliza o poder corrompido e sua gana em matar Jesus; o medo de perder sua posição política; uma religião misturada aos interesses do Estado; a falsidade e a hipocrisia. (Mt.16.4)
Respondendo então à nossa pergunta inicial, podemos concluir que o primeiro milagre fala da multiplicação de Cristo Jesus gerando seus doze discípulos; e o segundo milagre tipifica o surgimento da Igreja. Jesus Cristo deixou como fruto de seu ministério aqui na terra, Seus doze discípulos e Sua Igreja.
“Recolhei os pedaços que sobraram para que nada se perca”. O que não deveria ser desperdiçado? O que não poderia se perder? O resto dos pães, as sobras? Eu creio que não. Jesus se referia ao significado dos pedaços que sobraram. O que não poderia se perder era o fruto daquele milagre, o ensino que Jesus queria passar aos discípulos através daquele sinal profético.
O que não se podia perder?  Em João 17, Jesus também disse que nenhum de seus discípulos se perdeu, à exceção de Judas Iscariotes.
Esses 12 cestos cheios de pedaços do pão são um símbolo dos próprios apóstolos.
Nas duas ocasiões o que fica claro é que Jesus é o Pão que verdadeiramente alimenta em pleno deserto da vida, e que esse Pão poderá matar a fome da humanidade, dependendo do empenho de seus discípulos em distribuí-lo adotando o mesmo processo ensinado por Jesus. Nada de forçar um processo enganoso da fermentação pecaminosa para alcançar as multidões, mas há que se pagar o preço em doação de vida para gerar um povo forte que não desfaleça de inanição a caminho do lar.

O Peixe Como Símbolo da Igreja
"O pão, o peixe e as brasas: novos elementos de uma ceia  na praia. Um ensino novo."

Uma das razões pela qual o peixe pode simbolizar a igreja é porque ele nada em águas salgadas do mar, que representa os povos do mundo, sem que, no entanto, sua carne se torne salgada. Ele não se deixa contaminar pelo meio em que vive. Dessa mesma maneira, a Igreja está no mundo, mas sem se misturar com o sabor do mundo. Do ponto de vista natural isso acontece porque a pressão de dentro para fora de seu corpo é maior que a pressão de fora para dentro causada pela densidade da água salgada. Assim também, maior e mais forte é o que está em nós do que o que está no mundo.
É claro que, se um peixe for ferido, ali haverá uma porta de entrada em seu corpo para o sal. O mesmo também acontece conosco. Se o crente se deixa ferir pelo pecado e com isso ‘abre portas’, a contaminação do mundo vai entrar em sua vida.
O peixe sempre foi referido por Jesus como um símbolo das almas a serem pescadas no mar dos povos.
Em Habacuque 1.14 o profeta lamenta: "Porque fazes os homens como peixes do mar, como os répteis que não têm quem os governe?"
Outra razão para que o peixe represente a igreja é que, normalmente ele anda em grupo, em cardumes e, importante, como diz o texto acima, os peixes não têm quem os governe. Isso é uma referência ao governo da igreja que não segue os mesmos critérios dos governos deste mundo e cujo governante não é desta terra.
"Então Jesus, chamando-os disse: Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; tal como o filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos" (Mt 20.25-28).
"Vós, porém, não sereis chamados mestres, porque um só  é vosso Mestre, e vós todos sois irmãos. A ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque só um é vosso Pai, aquele que está no céu. Nem sereis chamados guias, porque um só é o vosso Guia: o Cristo" (Mt 23.8-10).
A liderança da Igreja se expressa através do serviço ao próximo e não através de domínio autoritário. Embora existam líderes humanos, eles estão investidos da autoridade maior que é apenas delegada a eles, porque pertence a Deus. O líder é aquele que se dispõe a dar a vida pelos demais e que não age em interesse próprio.
A igreja tem governo divino, e seu Cabeça Jesus Cristo, é o seu Guia, o que orienta os caminhos de Sua Igreja sobre essa terra, através da presença de Seu Espírito na vida dos crentes.
Depois de ressuscitado. Jesus "ceia" novamente com seus discípulos e, desta vez, os elementos distribuídos são o pão e o peixe.
Não mais o pão e o vinho, símbolos da sua crucificação, mas agora, o pão - símbolo de Jesus Cristo, o Pão da Vida Eterna - e o peixe - símbolo da Igreja. A Igreja é formada por representantes de todos os povos. Nesta passagem Jesus ensina a Pedro e aos discípulos sobre a Igreja. Ele os fez pescadores de homens e agora dava o conhecimento e a unção necessária para que eles realizassem a obra.
Em João 20.3 Pedro diz: “Vou pescar, mas nada apanharam”. Eles estavam fora do centro da vontade de Deus para suas vidas.
Jesus então mandou que Pedro lançasse novamente a rede à direita do barco” (Jo 21.6). A rede veio cheia de 153 grandes peixes do mar de Tiberíades (Jo 21.11).
O significado desta pesca é que todas as 153 espécies de peixes que se encontram naquele mar, estavam ali representadas. Os peixes eram grandes, podendo simbolizar que cada um deles representava um povo. O mar fala de povos, os peixes, falam das almas salvas em meio a esses povos. Haverá na Igreja, representantes de cada povo da terra.
Agora, ressuscitado, Jesus compartilhava com eles do alimento. Antes, o Senhor já havia dito que a sua comida era fazer a vontade do Pai (Jo 4.34). Essa comida é agora simbolizada no pão, que é o próprio Jesus, junto com o peixe, a Igreja, sendo edificada no fogo do Espírito (Jo 21.9). A obra agora será feita por Jesus, Sua Igreja e o Espírito Santo. Aqui esse fogo está simbolizado nas brasas que assavam os peixes. Depois de 40 dias já ressuscitado, Jesus sobe aos céus deixando a promessa do Pai de que o Espírito seria derramado.
Agora, novamente, vemos esse fogo: "Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo e ser-me-eis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda Judéia, Samaria e até os confins da terra" (At 1.8).
Cerca de 10 dias depois, tempo durante o qual os discípulos estiveram em oração no cenáculo, o Espírito Santo prometido foi derramado em línguas de fogo. O derramamento do Espírito se deu na Festa do Pentecostes que acontece 50 dias após a Páscoa. No plano de Deus, tudo acontece com muita exatidão. Jesus esteve com eles durante 40 dias após Sua ressurreição. Assim que os deixou, os discípulos passaram mais 10 dias reunidos orando até que o tempo profético de Deus chegasse. O Pentecostes é a Festa das Primícias, e ali estavam as primícias da Igreja, os primeiros frutos.
Pedro faz a sua primeira pregação e pesca três mil ‘peixes’. Na pescaria seguinte ele leva mais duas mil almas para o Reino de Deus.
A lição final naquele encontro com o Senhor vem para Pedro logo em seguida, ainda enquanto estão ali na praia. Jesus pergunta a Pedro se ele O ama e a cada resposta afirmativa ele ordena: "Apascenta os meus cordeiros; pastoreia as minhas ovelhas; apascenta as minhas ovelhas" (Jo 21.15-17). O chamado estava perfeitamente claro e a tarefa dos apóstolos deveria ser, daí em diante, a edificação da Igreja do Senhor.

 O Método de Ensino de Jesus

"O Mestre nos ensina pelo método indutivo. Aprendemos através da experiência".
Será que Pedro entendeu tudo o que o Mestre estava mostrando e ensinando a ele em mais aquela ocasião? Eu creio que o mesmo Espírito que nos mostra hoje o sentido do que Jesus falava e fazia, também trabalhou nos primeiros discípulos para que eles compreendessem.
Jesus usa o método de ensino por indução. Ele conduz seus discípulos por meio de fatos e circunstâncias que os levam ao verdadeiro aprendizado através da experiência. Jesus trabalha com ideias e, é desta maneira que eles conseguem compreender as novas realidades sobre o Reino de Deus, suas leis e formas de conhecimento que o regem.
Tudo funciona de maneira diferente no novo tempo da graça e as palavras não são suficientes ou apropriadas para fazer com que os discípulos alcancem o significado do ensino espiritual de Jesus. É preciso demonstrar.
O Senhor não mudou sua pedagogia, sua maneira de ensinar. Ele continua nos conduzindo hoje através dos fatos e circunstâncias da vida, de forma a alcançarmos o conhecimento da Sua vontade para nós.
Ele deseja, conforme Oséias 6.3, que conheçamos e prossigamos em conhecer o Senhor. Deseja que seu povo alcance "o conhecimento". Porque o meu povo perece por falta de conhecimento (Os 4.6). O Senhor nos alerta que precisamos conhecer as Escrituras e o Poder de Deus (Mt 22.29). Com este objetivo o Espírito Santo, aquele que veio para nos ensinar todas as coisas (1Jo 1.27), tem trabalhado desde a fundação da Igreja, conduzindo os discípulos de Cristo Jesus, através das eras, ao conhecimento de Deus e Sua vontade para o seu povo.
“Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às Igrejas” (Ap 2.7). Este apelo é feito ao final de cada carta enviada às Igrejas de Apocalipse. Ouvir significa escutar e obedecer. Escutar, neste caso, envolve prestar bastante atenção, para que se possa compreender o que está sendo dito. Como o Senhor fala conosco, não só através de Sua Palavra, mas também através de pessoas, acontecimentos e situações que nos envolvem, vamos precisar estar bem atentos ao que acontece conosco e ao nosso redor. Devemos extrair significado de todas as coisas, buscando discernir e aprender as lições de Deus para as nossas vidas.

As Duas Mulheres, Duas Naturezas
A vergonha da esterilidade espiritual que nos impede
frutificar para Jesus.

Temos a nova natureza espiritual, mas ainda convivem em nós, a carne e o espírito. Temos o homem Adão, legalmente morto, e o homem Jesus, potencialmente vivo, convivendo em nós. Embora sejamos filhos da luz, algumas vezes damos lugar aos antigos hábitos pecaminosos e agimos impulsionados pela carne, gerando frutos contrários ao fruto do Espírito.
 Essa possibilidade da mulher gerar o salvador tem sido usada pelo diabo para inspirar uma luta destruidora, uma disputa. Esse é o motivo da desavença. Deveríamos lutar contra a serpente, mas a natureza carnal do ser humano assume o controle e acabam lutando entre si. Nesse confronto só o ser regenerado pode lutar e prevalecer contra a serpente, mas muitos entre nós não são ainda ‘nova criatura’.
Hoje sabemos que Jesus já veio em carne, por isso o tipo de concorrência que havia no Antigo Testamento não existe mais. A esterilidade física não é mais um problema, mas, agora sim, o motivo da vergonha é a esterilidade espiritual, que nos que impede de frutificar Jesus. Mas, às vezes, há apenas uma aparência de esterilidade.
Já a fertilidade, ou a aparência da mesma, pode ser motivo de orgulho e de disputa. Isso porque nos consideramos mais espirituais do que os outros; cremos que Jesus está mais presente na nossa igreja; pensamos ter a revelação verdadeira enquanto os outros caminham no engano; e que nós geramos a verdadeira salvação.
“Ela porém, vendo que concebeu, desprezou-me” (Gn 16.4,5).
Essa foi a luta entre Sara e sua escrava Hagar. Quando Hagar gerou Ismael, ela começou a humilhar Sara.
Nós podemos assistir a essa situação no meio do povo de Deus. Julgamos pela aparência:
 - o meu ministério está prosperando; veja quantas ovelhas eu tenho; olha como tenho recursos de toda ordem!
E...  olha para você. Está estéril, enquanto eu, estou gerando o descendente da mulher.
E uns desprezam os outros por causa desta aparência. Estava lá Hagar, se achando a vencedora, porque concebeu um Ismael, julgando ser este um Isaque. Ela gerou seu filho pela força do homem.
 “Vendo o Senhor que Lia era desprezada, fê-la fecunda; ao passo que Raquel era estéril” (Gn 29.31).
 As duas irmãs lutaram passo a passo por sua “posição”, disputando a partir dos filhos. A que conseguisse dar mais filhos a Jacó, ficaria numa situação privilegiada.
“Vendo Raquel que não dava filhos a Jacó, teve ciúmes de sua irmã, e disse a Jacó: dá-me filhos, senão morrerei. Acaso estou em lugar de Deus que ao teu ventre impediu frutificar? (Gn 30.31).
Na verdade, precisamos compreender que é Deus quem nos faz espiritualmente férteis ou estéreis. Grandes servos de Deus na Bíblia nasceram depois que Deus reverteu um quadro de esterilidade na vida de suas mães. Essa é uma demonstração de que aquele filho foi gerado pela vontade de Deus, e não pela vontade da carne; como Samuel, Sansão, João Batista e outros.
Se a verdadeira fecundidade vem de gerar “filhos” da vontade de Deus em nossas vidas, porque então permanecer nesta perspectiva de rivalidade e disputa? Cada pessoa tem o seu papel único no Reino de Deus.
Embora todos sejam “o descendente da mulher que esmaga a cabeça da serpente”, ainda assim os “filhos” de cada mulher são únicos e diferentes. Não há porque comparar ministérios únicos e tão diversos, mas que manifestam igualmente a glória de Deus. É preciso respeitar o fato de que meu filho é o filho varão e o teu filho, é o filho varão, porque foram gerados do mesmo Pai, e são partes de um mesmo Jesus.
Assim como gerou o “salvador” na carne, a mulher tem a forte possibilidade de estar gerando a “salvação” em espírito; e quando eu digo a mulher, estou me referindo à igreja em seu chamado de gerar salvação. Só interessa ao inimigo sufocar essas crianças, matar todas as crianças de Jerusalém, como Herodes, na tentativa de eliminar o Rei que colocava em risco o seu trono. Essa rivalidade, que levou Herodes a cometer esse crime hediondo, esse infanticídio, pode nos levar individualmente e como igrejas, a cometer o mesmo erro, eliminando os filhos umas das outras.
A rivalidade entre duas mães, Lia e Raquel, as esposas de Jacó, passou a seus filhos, ao ponto de tentarem matar seu irmão, José, por rivalidade e ciúmes. José tipifica Jesus Cristo, e nós vemos que no final da história, os irmãos de Jesus, os religiosos judeus de sua época, acabaram matando-o pelo mesmo motivo: rivalidade e ciúmes.
O orgulho fomenta as divisões, acrescido da vaidade entre as igrejas-mulher. Para vencermos esse orgulho, que muitas vezes tem se caracterizado como um orgulho denominacional e para colocar um ponto final nessa hostilidade, teremos que caminhar em mansidão e humildade como Jesus andou. Esse espírito de rivalidade tem operado na igreja, mas se nós lutarmos individualmente contra essa influência maligna em nossas vidas, toda a igreja será abençoada. Então, de canal de maldição, a pessoa trabalhada por Deus se transformará no maior instrumento de transformação e unidade para a edificação do Reino.
“Antes, a si mesmo se esvaziou, tomando a forma de servo... a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte, pelo que também Deus o exaltou sobremaneira” (Fl 2.7-9).
Deus exaltou a Jesus, depois que ele concordou em se humilhar, se esvaziar e morrer. Só depois de morto Jesus cumpriu o propósito maior de Deus através da sua vida. Assim também nós, só cumpriremos o propósito maior de Deus quando morrer o nosso ego, o nosso homem carnal. Devemos ter essa postura que transforma tudo ao nosso redor, para que os filhos de nosso ventre tragam a igreja para um novo tempo.
 “E ao que quer demandar contigo, e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa” (Mt 5.38-42).
Sempre que se estabelece esse espírito de rivalidade e disputa, se nós, filhos de Deus, tivermos um espírito humilde - dar a outra face - o Senhor nos dará vitória. Esse é o espírito de Jesus Cristo, capaz de anular toda disputa e todas as desavenças no seio da Igreja.
“Falaram Miriã e Arão contra Moisés, por causa da mulher etíope” (Nm 12:1). Miriã só se voltou contra Moisés nesta única ocasião e foi por causa de outra mulher, por ciúmes. Devemos nos lembrar de que todo conflito entre as mulheres é tipológico, refere-se ao conflito entre a Igreja e a religião.
No Novo Testamento lemos uma frase bastante sugestiva: “Rogo a Evódia e rogo a Síntique que pensem concordemente no Senhor” (Fl 4:2). Ao que parece, na igreja primitiva, a rivalidade entre as líderes já era um problema a ser superado.
A mulher samaritana estava à beira do poço sozinha, na hora de maior calor do dia (Jo 4.7-29). Porque ela não foi buscar água juntamente com as outras mulheres? Quando ela foi à cidade anunciar a Jesus como o Messias, ela foi aos homens. Provavelmente as mulheres não a ouviriam mesmo. As mulheres são mais severas ao julgar umas às outras pela presença da rivalidade.

As Duas Mulheres e Salomão
“De quem é o filho vivo ? A Inveja e o Ciúme no Ministério”

 “ ... Dividi em duas partes o menino vivo e dai metade a uma, e metade a outra. Então a mulher, cujo filho era vivo, falou ao rei, e disse: Ah! Senhor meu, dai-lhe o menino vivo, e por nenhum modo o mateis...” (1 Re 3.16-28).
Essa história ilustra bem a questão da rivalidade e  evidencia a sabedoria do Rei Salomão julgando duas prostitutas que disputavam uma única criança. O filho de uma delas havia morrido durante a noite e ela o trocou pelo filho da outra. Pela manhã, elas começaram a disputa pela criança e levaram o caso ao Rei.
Como as duas se diziam mãe do menino vivo, Salomão mandou trazer uma espada para partir a criança ao meio. Isto é sabedoria, estratégia que Deus deu a ele.
A espada, segundo a Palavra, tem o poder de dividir alma e espírito e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração, trazendo à tona toda a verdade. Era a palavra das duas mulheres e a Palavra do “Rei” Salomão, tipificando Jesus.
A verdadeira mãe, naquela hora, renuncia ao seu filho por amor, enquanto a outra diz: nem meu, nem teu; seja dividido. Ou seja, se não pode ser meu, teu também não vai ser; que morra!
Se analisarmos essa história no contexto espiritual, vamos entender que o filho representa Jesus, ou seja, o projeto do Senhor em nossas vidas, o que é gerado no nosso ser interior e que tem a vida de Deus. Em João 3.6 diz: “O que é gerado da carne é carne, o que é nascido do Espírito é espírito”.
A verdadeira mãe requer a autoria do filho para si - eu trouxe à luz essa criança - mas quando “o projeto” corre risco, ela cede, para preservar a vontade de Deus, o plano do Senhor. É justamente por sua capacidade de entrega e renúncia, que a verdadeira “mãe” é reconhecida.
A sentença final vem da parte do Rei, que faz justiça, dando o filho vivo, de direito, de volta à sua legítima mãe.
Às vezes, Deus nos entrega um ministério, uma estratégia, mas por ciúme, inveja, rivalidade, aquela que habita junto conosco, bem próximo, tenta usurpar. Essa mulher não cuida daquilo que Deus lhe deu, mas deixa morrer por descaso ou falta de vigilância. De noite, deita sobre o filho e o asfixia. Seu filho morreu porque dormiu sobre ele.
 E quando nós estamos falando sobre essa mulher, estamos nos referindo também à igreja. Às vezes Deus está desenvolvendo um projeto com determinada igreja. O Pastor recebeu o projeto de Deus, a igreja está prosperando, mas pessoas que dividem o mesmo espaço (aquela que habitava junto), de confiança do pastor, começam a se rivalizar com seu líder.
Esses opositores entram em questionamento: talvez o Pastor não esteja ouvindo bem a Deus, não está entendendo direito o que Deus quer...
Eles acabam deixando o ministério, abandonam o Pastor e se asseguram de levar com eles, se possível, um terço ou mais daqueles que os apoiam na rebelião. Abrem outra igreja e tentam roubar o “projeto” e implantar, se apossando do “filho” alheio. Mas o filho legítimo jamais será do “alheio”.
A noite fala de um tempo sem luz, quando se dorme. Quando dormimos espiritualmente, significa que a vida praticamente cessou e, quase mortos, vamos gerar morte (Jo 3.19-21; Mt 25.13). Jesus Cristo é a luz do mundo; quando a criança em questão morre, significa que ela era um falso tipo de Jesus.
À meia-noite, a hora de maior treva, ela rouba o filho da outra usando de astúcia e engano. Na hora de maior treva, ela comete a maior maldade. Porque ela se torna rival da sua companheira? Por inveja. Ela não foi capaz de cuidar do filho que era seu; tenta então se apossar do que pertence à outra. Nessa tentativa, ela coloca em “risco de morte” a criança sobrevivente. A negligência matou o primeiro e a inveja tenta matar o segundo. Se o Rei não intervisse prontamente, e a segunda mulher ficasse com o filho que não era dela, acabaria perdendo esse também. Porque o que falta a ela é o verdadeiro amor.
Eu vou mais longe em dizer que falta a essa mulher amor pelo pai da criança. Se amarmos verdadeiramente o Senhor, vamos ter todo zelo com o fruto que ele estiver gerando em nós; não vamos deixar morrer a vida de Deus no nosso ventre. Sem amor, não podemos fazer viver os “filhos que Deus nos dá”.
Até mesmo Deus vela sobre Sua palavra para a cumprir. Ou seja, Deus está acordado tomando conta para que, sua Palavra , uma vez gerada, esteja viva e traga vida.
A verdadeira mãe acordou, já de madrugada, para amamentar. Ela estava de pé cedo, para cuidar e alimentar “o filho”, a incumbência que recebeu de Deus. Esta estava cuidando do que recebeu, e quando chegou a claridade da manhã ela não foi simplesmente enterrar a criança, mas reparar nela. Essa claridade fala de um tempo de revelação, quando a luz de Deus chega para entendermos o que realmente está acontecendo. Logo se deu conta do artifício da companheira tentando enganá-la. Aquele que parecia morto – e isso aconteceu ao terceiro dia – reviveu e voltou para os braços da verdadeira mãe; o que indica essa criança como um tipo de Jesus Cristo.
Deus, o justo juiz, nos devolverá o que nos pertence, se deixarmos a justiça em suas mãos.
 O próprio Rei Salomão deve ter enfrentado algumas dificuldades com suas concubinas. Ele teve mil mulheres em seu harém (IRe 11.3). Ficamos imaginando a rivalidade entre elas. Quantas delas teriam gerado filhos ao rei?

Sansão
“Na morte, a nossa vitória”

 Em Juízes 13.1-25 é contada a história do nascimento de Sansão, um escolhido do Senhor. Esse é mais um caso em que Deus intervém e reverte a esterilidade física de uma mulher para gerar um fruto espiritualmente fértil.
A mãe de Sansão era estéril, até que o Anjo do Senhor lhe apareceu para anunciar que teria um filho. Ela deveria consagrar-se e o menino seria um nazireu, escolhido pelo Senhor para livrar o povo de Israel dos filisteus.
Sansão é uma personalidade complexa, difícil de ser entendida.  A história pula do nascimento dele (Jz 13), para um episódio que acontece quando já está adulto (Jz 14). Ele se interessa por uma mulher filistéia, pertencente ao inimigo, que oprimia Israel. Seu chamado era exatamente a destruição dos filisteus, e não uma aliança com eles através do casamento com uma mulher de seu povo.
Seus pais não aprovam a ideia, mas ele insiste e eles o acompanham a Timna para pedir a mão da moça em casamento (vs.5). Vale observar a palavra “desceu” que aparece nos versículos um, cinco, sete e dez, mencionada cada vez que Sansão ia à casa da mulher filisteia. Isso nos sugere exatamente o que estava acontecendo com ele do ponto de vista espiritual: ele estava se afastando de seu chamado.
Ele seguiu por este caminho de descida e no versículo 6 se encontra com um leão (Satanás). Neste confronto, ele estraçalha o animal e tem uma aparente vitória contra o inimigo.
Sansão venceu o leão com sua força física, usando as próprias mãos, mas o diabo encontrou uma maneira de usar aquele animal para desviá-lo espiritualmente.
No seu primeiro encontro com o leão ele o derrota, mas numa segunda ocasião, ele é derrotado. Aquele leão era uma armadilha do diabo para sua destruição.
No versículo 8, diz que: “depois de alguns dias ele voltou para tomar a filisteia como esposa; e, apartando-se do caminho para ver o corpo do leão morto, eis que neste havia um enxame de abelhas com mel. Tomou o favo nas mãos, e se foi andando e comendo dele; e chegando a seu pai e sua mãe, deu-lhes do mel e comeram; porém não lhes deu a saber, que do corpo do leão o tomara”.
Sansão estava indo para sua festa de casamento e não entendemos porque ele quis ver a carcaça do leão, mesmo tendo que se desviar de seu caminho. O certo é que ele quebrou seu voto de nazireu ao tocar no animal morto.
No versículo 12 lemos que Sansão decide ainda usar o caso do leão para propor um enigma a alguns convidados do casamento, caindo definitivamente na cilada que o diabo lhe armou.
No versículo 14 ele propõe o enigma: Do comedor saiu comida (do leão), e do forte saiu doçura (o mel).
Sansão estava sendo enganado pelo seu próprio enigma, e ainda não havia se dado conta da resposta correta. Na verdade o comedor era o próprio diabo na pele do leão, e a comida (mel), foi o “fruto proibido” que Sansão tomou, comeu e deu a seus pais.
Sansão fez como Esaú: esse perdeu sua primogenitura por desposar mulheres gentias, cedendo depois, à tentação de um prato de lentilhas.
A festa de casamento que durou sete dias, terminou em desgraça total. A filisteia, sob ameaça de morte, arranca a solução do enigma de Sansão e conta aos companheiros desafiados.
Sansão se enfurece, mata trinta ascalonitas, toma suas vestes festivais; paga a aposta e volta para a casa de seu pai.
Passado algum tempo ele decide voltar e consumar o casamento, mas o pai da moça havia dado sua prometida em casamento ao seu companheiro de honra. Sansão, enfurecido, coloca fogo em toda a plantação dos filisteus.
Eles se vingam queimando sua mulher e o pai dela. Sansão então responde fazendo uma carnificina entre os filisteus.
Os filisteus querem ainda vingança e ameaçam atacar Judá. Os homens de Judá entregam Sansão a eles para escapar da destruição, mas o herói se solta, toma uma queixada de jumento e fere mil homens.
Versículo 18 – “Sentindo grande sede, clamou ao Senhor e disse: Por intermédio do teu servo deste esta grande salvação; morrerei eu agora de sede, e cairei na mão destes incircuncisos?
Então o Senhor fendeu a cavidade que estava em Leí, e dela saiu água; tendo Sansão bebido, recobrou alento, e reviveu...”
Sansão havia saído de um grande confronto com o inimigo e precisava ser renovado. Ele coloca sua necessidade para Deus como uma grande sede. Se não fosse saciado imediatamente, se tornaria fraco e cairia nas mãos do inimigo que acabara de derrotar. O Senhor então fende a rocha, que é a figura de Jesus, e dela sai água que faz reviver o grande guerreiro.
O capítulo 16 começa dizendo que Sansão foi a Gaza, e viu ali uma prostituta, e coabitou com ela. Neste incidente vemos que ele desceu mais um pouco. Depois disto (vs. 4), aconteceu que se afeiçoou a uma mulher do Vale de Soreque, a qual se chamava Dalila. Essa mulher deu o golpe final na vida de Sansão, entregando-o, já sem forças, sem a unção do Espírito, nas mãos dos filisteus.
Como prisioneiro, ele foi levado para divertir o povo e sua história termina quando ele derruba as colunas da construção onde os filisteus haviam se reunido numa grande festa ao seu deus Dagom.
E diz a Palavra, que foram mais os que matou na sua morte, do que os que matara em sua vida.
Sansão, juiz em Israel por 20 anos, foi usado finalmente, em sua morte, para o cumprimento de seu chamado.
O diabo, embora seja o enganador, termina sempre saindo enganado. Quando matou Jesus Cristo pensou ter vencido, mas a cruz foi o momento de sua derrota total. Quando Jesus Cristo morre, ele vence a morte e derrota Satanás.
No caso de Sansão, em sua morte, ele cumpre o propósito de Deus para si. Conosco acontece a mesma coisa. Enquanto vivemos nesse mundo, a morte do nosso eu, muitas vezes através de dor e sofrimento provocados pelo inimigo, redunda em vitória dos propósitos de Deus em nossas vidas. E quando nosso corpo terreno for atingido pela morte, será o momento da nossa vitória completa, porque vamos ressuscitar como Jesus, nos livrar para sempre do diabo e receber nossa recompensa de vida eterna.


Samuel
“Devolvendo a Deus nosso chamado”

 Os dois primeiros capítulos do Livro de I Samuel, contam a história de Elcana e suas duas mulheres: Ana e Penina. Penina tinha filhos, mas Ana era estéril, embora o marido a amasse mais que a outra. O versículo 6 diz que: sua rival a provocava excessivamente para a irritar, porquanto o Senhor havia lhe cerrado a madre.
Ana e Penina novamente são mulheres corporativas e simbólicas que tipificam a Igreja e a religião.
Penina gera na força da carne. Ana gera na plenitude dos tempos, segundo Deus e para a Sua glória; filhos não nascidos da vontade da carne e do sangue (Jo 1.12,13).
Ana se angustiava com a situação e foi clamar diante do Senhor e lhe fez um voto, de que se tivesse um filho varão ela o consagraria ao Senhor. Ela então engravidou de Samuel e depois de desmamá-lo, deixou a criança no templo aos cuidados do sacerdote Eli.
O capítulo 2 começa com um cântico de Ana glorificando a Deus. No versículo 5 ela diz: “... até a estéril tem sete filhos, e a que tinha muitos filhos perde o vigor. O Senhor é o que tira vida e a dá; faz descer à sepultura, e faz subir. O Senhor empobrece e enriquece; abaixa e também exalta”.
Assim como Ana, nós recebemos a fertilidade de Deus, engravidamos dos planos do Senhor, mas nós mesmas não seremos capazes de tomar conta destes “filhos” pela nossa própria força. Os projetos, o ministério, o chamado, tudo procede de Deus, e devemos entregar de volta ao Senhor. Só assim Ele nos devolverá o que tanto ansiamos, juntamente com a capacitação espiritual para levar a cabo Seu propósito através de nossas vidas.

Noemi e Rute
“Quando a Mulher se une”

Até agora falamos de mulheres em situações de confronto, mas o que acontece quando as mulheres vencem a rivalidade e se unem?
O Livro de Rute conta que houve fome em Belém, a “casa do Pão”. Faltava alimento físico e alimento espiritual para o povo, porque o pão simboliza a vida de Jesus Cristo.
O casal Eimeleque (meu Deus é Rei) e Noemi (agradável, bela), decidiram mudar para Moabe com seus dois filhos: Malom (franzino) e Quiliom (definhamento). Os frutos do casal estavam se perdendo; a vida gerada estava morrendo. Na nova terra, o marido de Noemi morre. Ele era o cabeça, simbolizava Jesus Cristo nesta família e, como consequência lógica, os seus filhos logo veem a morrer, porque estamos falando de vida espiritual.
Se Noemi deixou de ser a esposa, deixa também de gerar vida. Se nós deixarmos de ser a Noiva do Cordeiro também perderemos a condição de gerar vida no Reino de Deus. Essa é a situação da viúva.
Mas antes que deixassem de existir, seus filhos tentaram gerar uma descendência e se casaram com Orfa e Rute que infelizmente não tiveram filhos.
É toda uma situação falando de morte, de derrota, de esterilidade, de falta de pão e falta de vida.
Com o passar do tempo, a situação em Belém melhorou, e depois de 10 anos, Noemi decidiu voltar de Moabe para sua terra.
Rute, determinada, mudou de religião e nacionalidade: “o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus”.
Nós vimos que as duas estavam unidas e chegando a Belém não sabiam o que fazer. Não havia nenhum homem que cuidasse delas. E assim, pela providência de Deus, Rute foi parar nos campos de Boáz para colher os restos das espigas.
 Noemi instrui sua nora a aproximar-se de Boáz. Ele já estava mais velho e não tinha filhos.  Depois ficamos sabendo que era o resgatador da família de Noemi - aquele parente mais próximo, encarregado de suscitar descendência a ela.(Gl 3.13; I Pe 1.18-20)
- Respondeu-lhe Rute: Tudo quanto me disseres, farei. Então foi para a eira, e fez conforme tudo quanto sua sogra lhe havia ordenado (Rt 3.5,6).
“As mais velhas ensinem as mais novas ... (Tt 2.3-5).
Boáz decide assumir seu papel e toma Rute por mulher.
- Assim tomou Boáz a Rute e ela passou a ser sua mulher; coabitou com ela, e o Senhor lhe concedeu que concebesse, e teve um filho (Rt 4.13).
Noemi e Rute se uniram para gerar, do casamento entre Rute e Boáz, a Obede. Essa criança seria o pai de Jessé, o pai de Davi, preservando-se assim a linha genealógica de Jesus Cristo.
Num tempo anterior, a genealogia de Jesus Cristo já havia sido ameaçada e Deus usou também uma mulher para que Seus planos tivessem continuidade. Isso aconteceu na época de Judá. Ele teve três filhos, dois dos quais foram dados a Tamar em casamento. Os dois morreram sem gerar filhos. Ela então recebe uma estratégia de Deus e engravida de seu sogro, Judá. Tamar concebe os gêmeos: Perez e Zerá. De Perez descendeu Boáz.
Assim se cumpriu a Palavra de Deus sobre Jesus Cristo, como o Leão da Tribo de Judá, através da obediência de Tamar.
E também se cumpriu a Palavra de Deus sobre Jesus Cristo como a Raiz de Davi, pela fidelidade e obediência de Rute, recompensada pelo nascimento de Obede.

Duas Mulheres e Moisés
“As mulheres no Plano de Deus”

 Joquebede e a filha da Faraó - Essas duas mulheres foram muito importantes para trazer à existência os projetos que estão no coração de Deus. Foram usadas para gerar e proteger a vida de Moisés.
Ele veio como salvador, como libertador do povo do cativeiro Egípcio, levando-o até à Canaã  terrena. Da mesma maneira, Jesus Cristo veio para nos levar à terra prometida, à nossa Canaã celestial.
“ ... e vendo que era formoso, escondeu-o por três meses” (Ex 2.2).
A mãe de Moisés, ao ver o seu filhinho, percebeu que havia algo especial de Deus naquela criança. Diante da sentença de morte, ela decidiu escondê-lo por três meses.
Os nove meses de gestação mais esses três meses, completaram os 12 meses, o número completo de Deus. Atos 7.20 diz que ele era formoso aos olhos de Deus. Formoso fala de uma graça especial. Moisés era um projeto divino aos cuidados de sua mãe Joquebede. Depois deste tempo escondido e protegido, Moisés é colocado no cesto. Surpreendentemente, a filha de Faraó desobedece a ordem de seu pai e adota uma criança hebreia.
A mãe de Moisés não pode mais retê-lo sob a pena de perdê-lo para sempre. Ela então, decide entregá-lo à proteção de Deus numa pequena “arca”, o cesto do livramento.
Quando ela entrega, Deus devolve-o a ela com todas as condições de criá-lo fora das ameaças de Faraó, salvo do risco de vida, recebendo salário e tudo o mais necessário.
Deus deu para ela; era formoso, era promessa de Deus. Mas ela teve que entregá-lo, como um Isaque. Recebemos a promessa no plano natural, mas quando semeamos a promessa e deixamos morrer, ela renasce na dimensão espiritual e frutifica nos recursos de Deus, do jeito de Deus e não do nosso. Isaque poderia reproduzir-se naturalmente, mas Deus queria uma descendência muito maior, não só como o pó da terra, que fala do povo judeu; ou como as areias do mar, que fala dos gentios; mas como as estrelas do céu, que fala da igreja na sua dimensão celestial.
Nessa história vemos mais uma vez, duas mulheres agindo em cooperação para realizar o plano de Deus. A mãe que gerou, Joquebede, e a mãe que criou, filha de Faraó, cuidaram da mesma criança (Ex 2.8,9): Joquebede é um tipo de Israel, onde nasceu Jesus; e a filha de Faraó, é um tipo da Igreja, formada pelos gentios (O Egito simboliza o mundo). Israel, representado em Maria, deu lugar à encarnação do Verbo; de maneira semelhante, a Igreja deu lugar à expansão do Cristo em Ressurreição – o Espírito que dá vida.
Esse trabalho conjunto tornou possível a sobrevivência de Moisés e do plano libertador de Deus para seu povo, afinal Moisés foi um tipo do Salvador Jesus Cristo, livrando o povo do cativeiro, da escravidão.
Quando duas mulheres se unem em amor ao “Filho”, Satanás, tipificado em Faraó, é derrotado em seus intentos de destruir o povo de Deus.
Foi assim com Maria (Jesus) e Izabel (João Batista): duas mulheres unidas num mesmo propósito vitorioso de redenção e salvação para a humanidade (Lc 1.39-56).

A Virgem Igreja
“Só depois de cumprirmos nossa missão no mundo, vamos subir para as Bodas do Cordeiro”.

E por falar em Maria, não poderíamos deixar de mencioná-la como símbolo da Igreja-Mulher. Esse texto que segue vai falar de Maria, mãe de Jesus, como um tipo da Igreja do Senhor. Existem semelhanças interessantes.
“Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria desposada com José, sem que tivesse antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo. Mas José, seu esposo, não a querendo infamar, resolver deixá-la secretamente.
Enquanto ponderava nestas coisas, eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo.
Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.
Ora, tudo isso aconteceu, para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta.
Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco)” Mt 1.18-23.
Ora, a Igreja está desposada com Jesus Cristo; está compromissada com o noivo.
Também Maria estava prometida a José e a Igreja está prometida a Jesus Cristo como era costume na cultura judaica.
Assim como Maria, o matrimônio da Igreja ainda não foi consumado, não nos unimos definitivamente ao noivo. No entanto, essa Igreja virgem está grávida pelo Espírito Santo.
 É no poder do Espírito de Deus que estamos gerando o filho varão, gerando salvação para todos os povos da terra. Nós estamos, como Igreja, grávidos dos projetos, do chamado de Deus (Ap 12).
Estamos trazendo Jesus para o mundo, salvação para a humanidade e o Espírito Santo está fazendo esta obra através da Igreja envolvida em sua sombra. Estamos reconciliando o homem com o Deus Emanuel; trazendo à luz, Vida.
Assim como Maria, que só se uniu a José depois de trazer Jesus Cristo ao mundo (Mt 1.25), a Igreja também só se unirá a Jesus Cristo como esposa, depois de cumprida sua missão. Só depois de concluído nosso chamado como Igreja, no mundo, de anunciar o Evangelho a todos os povos, subiremos para as Bodas do Cordeiro (Mt 24.14; Ap 19.7,9).
Da união entre Maria e José surgiram outros filhos (Mt 12.47). Ela agora estava livre para construir um relacionamento íntimo com seu esposo. Não sabemos ainda se vão nascer ‘outros filhos’, da união de Jesus com a Igreja, para edificação de uma nova família para Deus. Uma união de amor normalmente gera frutos. O Corpo, que é a Igreja, se unindo ao Cabeça, que é Jesus, se torna completo, e daí pra frente, seguem os planos do Deus Eterno que não nos pertencem agora (Dt 29.29ª).

A Noiva de Cristo
“Apenas a cumplicidade nos permitirá formar o corpo do filho amado para Deus.”

 “Viu-se um grande sinal no céu, a saber, uma mulher vestida de sol com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça, que, achando-se grávida, gritava com dores do parto, sofrendo tormentos para dar à luz.
Viu-se também outro sinal no céu, e eis um dragão, grande, vermelho, com sete cabeças, dez chifres e, nas cabeças, dez diademas. A sua cauda arrasta um terço das estrelas do céu as quais lançou para a terra; e o dragão se deteve em frente da mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho quando nascesse.
Nasceu-lhe, pois, um filho varão, que há de reger todas as nações com cetro de ferro. E o seu filho foi arrebatado para Deus até ao seu trono.
A mulher, porém, fugiu para o deserto, onde Deus havia lhe preparado lugar para que nele a sustentasse durante mil, duzentos e sessenta dias ...(Ap 12)
“Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com o restante de sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus; e se pôs de pé sobre a areia do mar” (vs 17).
A mulher representa aqui a igreja visível que estava em trabalho de parto, gritava em dores para dar à luz. O dragão é Satanás, a antiga serpente, pronto para devorar o filho quando nascesse. O diabo tenta matar “o filho” ainda recém-nascido, antes que cresça e cumpra o projeto de Deus como Jesus cumpriu.
Esse filho varão que nasce, é a verdadeira Igreja, a que será arrebatada. No versículo 17, após a subida deste “filho varão” - a igreja do arrebatamento - ficou ainda uma parte, ou seja, os restantes da descendência da mulher (Igreja), os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo. Isso pode se referir aos judeus e uma parte da igreja que tenha ficado. O dragão vai pelejar contra esses. Ele se pôs de pé sobre a areia do mar. O mar fala dos povos gentílicos.
Vamos falar aqui dessa mulher como símbolo da igreja visível. Assim como a igreja visível deve dar à luz ao “projeto de Deus”, o filho varão, nós, os crentes, individualmente devemos fazer o mesmo.
Da mesma forma, cada congregação, como uma família levantada por Deus, deve gerar o varão de Deus; gerar e trazer à vida, algo que procede de Deus. Há um só varão, gerado por um único Espírito (Ef 4.3-7).
Neste contexto, vão existir igrejas e ministérios negligenciando seu chamado. Não cumprem o propósito de Deus. Por não amar seu esposo Jesus Cristo, essa igreja não ama e não cuida de forma eficiente do seu filho. Como consequência, ela vai dormir sobre a criança e matar o projeto de Deus. Dormir sobre a criança é algo similar a andar na carne, na letra fria que mata. (II Co 3.6; Rm 8.6). As duas mulheres, volto a dizer, são a religião e a Igreja.
Frustrada, por deixar morrer a vida de Deus, ela se torna enciumada e ataca os filhos das outras. “Nem meu, nem seu” diz ela. O espírito de rivalidade fica assim liberado entre as igrejas. Cada uma requer para si a maternidade do filho varão.
No entanto, a mulher de Apocalipse 12, estava vestida do sol, ou seja, revestida da luz de Deus, que é Jesus Cristo. A lua, que simboliza os poderes das trevas, estava debaixo de seus pés. Essa Mulher-Igreja tem autoridade sobre os poderes malignos. E sobre sua cabeça há uma coroa, símbolo do poder, com doze estrelas. Esta é uma referência aos doze apóstolos, às doze portas de Jerusalém e a Esposa do Cordeiro. Em outras palavras, ela representa toda a igreja e nunca qualquer denominação.
Ela gritava em dores, porque não é fácil trazer uma criança à existência, e para mantê-la viva, só o poder de Deus. A Igreja é sofredora, mas triunfante!
Assim, não é admissível entre nós, mulheres, nós cristãos, e entre as igrejas do Senhor (que são tantas quanto as mil mulheres de Salomão), um espírito de competição e rivalidade, mas antes, um sentimento de solidariedade e até de cumplicidade que nos permitirá formar o corpo deste filho amado para Deus.

As Dores de Parto

“A mulher tem a honra de ser um tipo da igreja, gerando salvação para os povos”.
 “... Em meio a dores de parto darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido e Ele te governará” (Gn 3.16).
Neste texto, a mulher, na verdade, é um tipo da igreja que gera salvação através de dores de parto. Esse texto, se interpretado sem entendimento, pode passar para nós, mulheres, a péssima impressão de um Deus sádico que quer nos torturar nessa situação. Além de não conseguirmos nos livrar do desejo, ele ainda se voltaria contra nós, nos colocando debaixo de um governo que soa a nossos ouvidos como abusivo. Mas não é nada disso que nosso Pai amoroso quis nos dizer.
Se, pelo Espírito entendermos que essa mulher é a igreja, tudo faz um novo sentido. Realmente a Igreja-Mulher está trazendo filhos de Deus à existência num processo que inclui dor (Gl 4.19; Ap 12.2). E, com certeza, o maior desejo dela é para Jesus, seu esposo e cabeça, que governa Sua amada Igreja.
 “A mulher, quando está para dar à luz, tem tristeza, porque sua hora é chegada; mas, depois de nascido o menino, já não se lembra da aflição, pelo prazer que tem de ter nascido ao mundo um homem” (Jo 16.21). Isso disse Jesus aos seus discípulos dando uma segura indicação de que se referia, não a um bebê comum, ou, quem sabe, uma menina. A Mulher-Igreja está para dar à luz ao filho varão; a noiva prometida ao Cordeiro. Maria deu a luz a um menino, trouxe um homem ao mundo, que é Jesus, que veio a ser, através da ressurreição, o Cristo nossa salvação.
Jesus Cristo também nos advertiu que no mundo teríamos aflições. Depois de cumprida sua missão aqui na terra, a igreja vai para a glória e já não se lembrará das suas aflições.
 “... porém, tudo isso é o princípio das dores” (Mt 24.8).
Desde que nasceu, a igreja brotou da água e do sangue (Jo 19.34) derramados por Jesus Cristo, um homem de dores, “que sabe o que é sofrer” (Is 53.3). Assim como Eva foi tirada da costela de Adão enquanto este dormia, a amada de Jesus saiu de seu coração, enquanto dormia o sono da morte.
 Logo em seu começo, a Igreja deu início ao tempo princípio das dores mencionado por Jesus Cristo. A igreja primitiva surgiu com esse chamado e seus primeiros líderes foram martirizados. Essas dores, só têm aumentado como acontece com a mulher que vai dar à luz. As dores vão se intensificando e se tornando mais frequentes até nascer a criança.
A natureza se encontra neste mesmo processo.
“... toda a criação a um só tempo geme e suporta angústias até agora (Rm 8.22). Alguma coisa está acontecendo nesse planeta terra. Estamos num processo de gerar algo novo.
“Desde os dias de João Batista até agora o reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele” (Mt 11.12).
O Reino dos Céus é conquistado por esforço, através da violência. O nascimento natural é um exemplo para nós do que Jesus está dizendo. A criança precisa romper caminho, lutar, passar pela porta estreita. Não se pode ser covarde ou tímido para nascer, porque se você não se esforçar você morre. Assim também acontece com nossa vida espiritual, especialmente se nos referirmos ao tempo da Lei, que eram os dias de João, o Batista.

Da Água Para o Sangue
“Como saber se “o filho” que você está gerando é o descendente da mulher; o filho da promessa?”.

Jesus Cristo como exemplo, é o filho da promessa. Ele havia sido prometido ao povo de Israel e estava sendo esperado por dois mil anos. Ele foi gerado pela Palavra que veio da parte de Deus e pelo Espírito que encobriu Maria com sua sombra (Lc 1.35).
Nosso “filho varão” deverá ser gerado da concordância entre a Palavra vinda de Deus e o Espírito, que, unidos, vão gerar Jesus em nosso ventre espiritual.
“O que é nascido da carne, é carne; o que é nascido do Espírito, é espírito” (Jo 3:6).
O que é gerado em nós, e que teve sua origem em nossa mente humana (tão criativa!), é carne. Nasceu do homem carnal com sua natureza corrompida. Nasceu da nossa própria vontade, não sujeita à vontade de Deus.
A Palavra é uma semente que quando fecundada pelo Espírito, vai gerar vida. Jesus mesmo semeou a Palavra durante três anos no coração de seus discípulos. No dia do Pentecostes desceu o Espírito Santo e os cobriu com sua sombra, os envolveu, e tudo frutificou.
Os homens de Israel faziam três peregrinações anuais, para as três festas oficiais em Jerusalém, no santuário central (Ex 23.14-7). A primeira delas era a Páscoa, ou Festa dos Pães Asmos. Todo fermento (símbolo do pecado), deveria ser retirado das casas no primeiro dia. Havia uma grande faxina. Esta festa representa a saída do povo do Egito, deixando o mundo e o pecado para trás.
A terceira festa é a dos Tabernáculos, em que o povo habitava em cabanas lembrando a travessia através deserto. Em Êxodo 23.16 recebe o nome de Festa da Colheita e, profeticamente, pode ser uma referência à colheita final que Jesus Cristo fará, arrebatando a sua Igreja (Dt 16.13-15;.Lv 23.34-43).
Por último vamos falar da segunda festa do ano, a Festa das Primícias da Sega, também conhecida como Festa das Primícias ou Pentecostes. Celebrava-se no Pentecostes a colheita do trigo, conforme Ex 23.16 e 22.34. Trigo fala de pão; pão fala de Palavra. Assim, a Palavra plantada por Jesus na vida de seus discípulos estava apresentando uma grande colheita, com o surgimento da Igreja e milhares de almas entrando no Seu Reino.
As Primícias são também uma referência à ressurreição de Cristo, o primeiro homem a ser ressuscitado. “Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentro os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem” (1Co 15.20).
Há muitos exemplos na Palavra de Deus de ocasiões em que a Palavra se juntou ao Espírito para engravidar os servos de Deus com seus planos e projetos.
O maior exemplo é o de Maria, quando gerou o Salvador. Mas o próprio Jesus, quando foi batizado, experimentou a descida do Espírito Santo sobre ele e, juntamente, a Palavra do Pai: “e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea como pomba; e ouviu-se uma voz do céu: Tu és o meu filho amado, em ti me comprazo”(Lc 3.22).
O profeta Ezequiel tem em seu ministério, o verdadeiro “filho varão”. Ele mesmo narra a experiência de seu chamado. Vale chamar sua atenção para a presença dos dois elementos necessários: a Palavra que veio do Senhor e a ação do Espírito de Deus.
 “Então entrou em mim o Espírito, quando falava comigo, e me pôs de pé, e ouvi o que me falava. Ele me disse: Filho do homem, eu te envio aos filhos de Israel..” (Ez 2.2,3).
“E me disse: Filho do homem, dá de comer ao teu ventre, enche as tuas entranhas deste rolo que eu te dou. Eu o comi, e na boca era me doce como o mel” (Ez 3.3).
O maná também tinha gosto de mel, para o povo de Israel no deserto se lembrar continuamente da promessa de Deus: a terra de Canãa, que manava leite e mel, para onde eles estavam indo. O maná representa a promessa, representa o pão da Palavra que veio do céu; para nós, Jesus Cristo. O maná guardado na Arca da Aliança é um dos tipos de Jesus Cristo.
O rolo que o profeta come é a Palavra de Deus, representa as promessas do Senhor que nós devemos comer até encher nossas entranhas - os lugares mais internos do nosso ser. Uma vez cheios da Palavra (promessas), o Espírito a fará frutificar e poderemos trazer à existência as promessas que estão na mente e no coração do Pai.
A Palavra e o Espírito também vieram sobre Gideão. Ele estava malhando trigo quando veio o Anjo do Senhor com a seguinte palavra: O Senhor é contigo, homem valente. Vai nessa tua força, e livra a Israel das mãos dos midianitas; porventura não te enviei eu? (Jz 6.12,14).
O seu chamado veio claro da parte do Senhor, e para que essa Palavra viesse à luz o Espírito do Senhor revestiu a Gideão (vs Jz 6.34). Em sua missão, ele realmente gerou o varão que esmagou a cabeça da serpente, destruindo totalmente os midianitas, os amalequitas e todos os povos do Oriente. Estes cobriam o vale como gafanhotos em multidão; e eram os seus camelos em multidão inumerável como a areia que há na praia do mar (Jz 6. 12). O ministério de Gideão tem a marca genuína do Espírito.
Podemos encontrar na Bíblia muitos outros ministérios frutíferos de profetas como Isaías, Jeremias, João Batista, Daniel e outros mais que receberam o chamado, o comissionamento de Deus para sua missão. Receberam a tarefa e o revestimento do Espírito para gerar um “filho legítimo”. Como eles, temos que edificar uma obra cujo fundamento é ouro, provada e aprovada pelo fogo.
Eu repito: para saber se o filho que estamos gerando é o descendente da mulher, será preciso uma semente legítima, que seja plantada pelo Pai em nós, e fecundada pelo Espírito. Somente a partir dessa concordância entre chamado e unção é que vamos trazer Jesus à existência através de nossas vidas.
Podemos ver a importância deste princípio de concordância em Apocalipse 22.17 – “O Espírito e a noiva dizem: Vem. Aquele que ouve, diga: Vem”. De acordo Senhor! Amém!

O Milagre de Jesus em Nossas Vidas

“Você não bebe o sangue, mas bebe a água, e ela, a água da Palavra, se faz sangue, o Jesus vivo encarnado, substanciado em você.”
“Quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3.5).
A criança nasce natural e espontaneamente da água, quando se rompe a bolsa uterina; mas para entrar no Reino de Deus precisamos nascer de uma água espiritual; precisa nascer do Espírito. A primeira coisa que fazemos neste mundo é puxar o ar para nossos pulmões, ou seja, nós inspiramos. Do ponto de vista espiritual, para nascer no Reino de Deus, também temos que inspirar o Espírito de Deus, que é o nosso fôlego de vida eterna.
Na geração espiritual, nascemos da Água da Palavra, juntamente com o Espírito; e do sangue de Jesus, que nos limpa do pecado e da morte.
 “E, assim, a fé vem pela pregação e a pregação pela palavra de Cristo” (Rm 10.17).
Esse é o primeiro milagre que Jesus opera em nossas vidas. Ouvimos a pregação das boas novas, a palavra da salvação, e quando bebemos dessa água viva, quando cremos debaixo da convicção dada pelo Espírito, ela se transforma em Jesus, no nosso interior. Primeiro veio a Palavra à Maria, através do anjo. Ela bebeu aquela palavra, o Espírito entrou em ação e Jesus se formou em seu ventre.
O homem viverá de toda palavra que sai da boca de Deus. Primeiro vem a Palavra e o Espírito Santo que nos convence, e juntos, trazem Jesus para o nosso interior. É quando cremos que o milagre da vida acontece.
 “Bem-aventurada a que creu, porque serão cumpridas as palavras que lhe foram ditas da parte do Senhor” (Lc 1.45).
Há uma palavra no Antigo Testamento que fala de uma água amarga, em contraposição à água viva. A mulher em suspeita de traição deveria tomar daquela água e abortaria a criança que houvesse em seu ventre; porque a sentença para o pecado é a morte.
 “E, havendo-lhe dado de beber a água, será que, se ela se tiver contaminado, e a seu marido tenha sido infiel, a água amaldiçoadora entrará nela para a amargura, e o seu ventre se inchará, e a sua coxa descairá; a mulher será por maldição no meio do povo” (Nm 5.27).
Essa mulher infiel traz duas figuras: a primeira é Israel e a segunda é a religião. Isto porque Israel foi infiel a Deus se envolvendo em idolatria. E, no caso da religião, ela também significa adultério com outros espíritos, que não são o Espírito de Deus.
José bem poderia ter aplicado esse teste a Maria, mas ele estava no controle de Deus.
Junto com a palavra do anjo veio o Espírito de Deus que fecundou Maria, se fazendo carne e sangue em seu ventre.

Talhas de Pedra 

Por que Jesus escolheu o milagre de Caná da Galiléia como o primeiro sinal? Ele realizou seu primeiro milagre, transformando a água em vinho, tipificando o milagre espiritual da salvação que Jesus realiza em nossas vidas.
 Profeticamente, esse fato aconteceu numa festa de casamento, uma vez que o noivo Jesus tem gerado sua noiva justamente a partir da água e do sangue. A Igreja nasceu do lado do Senhor quando ele entregou sua vida por ela no calvário.
Do mesmo modo que Adão teve sua esposa retirada de sua costela enquanto ele dormia, Jesus também gerou a sua amada quando dormiu o sono da morte na cruz. Ela brotou da água e do sangue que jorraram de seu coração, perfurado por uma lança que constatou a sua morte.
Quando Jesus fez o milagre na festa de Caná, ele tomou da água que servia para purificação, para limpeza ritual, e transformou em vinho; símbolo da vida e alegria. Quando nós somos purificados pela Palavra de Deus, Sua vida entra em nós e Seu Reino é justiça, alegria e paz no Espírito Santo (Rm 14.17).
No terceiro dia de seu ministério, logo após ter reunido seus discípulos, Jesus compareceu a esse casamento em Caná da Galiléia onde realizou seu primeiro milagre, tido como um sinal. ‘Ele manifestou assim a sua glória e seus discípulos creram Nele’.
Esse episódio é um sinal, e pode ser interpretado de muitas maneiras.
O vinho acabou no meio da festa! Como símbolo da alegria, o vinho jamais poderia acabar enquanto a festa continuava. Jesus foi informado do fato por sua mãe, que, de alguma forma já sabia que ele poderia resolver a situação!
Ele aparentemente se recusa a aceitar a sugestão da mãe de mostrar seus poderes sobrenaturais alegando que, não era problema dele se o vinho acabou e, que ainda não havia chegado sua hora. A que hora ele se referia é objeto de outro estudo. Todavia, vamos perguntar aqui também, a que hora se referia Jesus: a hora de ser responsável por prover o vinho; ou a hora de começar os sinais de seu ministério?
A responsabilidade de prover o vinho era sempre do noivo, e neste caso ele ainda não havia cumprindo seu ministério e gerado a noiva, se tornando assim um noivo. Por outro lado, se não era hora de dar início a seu ministério, porque havia reunido seus seguidores?
Maria sabia bem mais do que se pensa, porque ela está segura do que diz e fala para os serventes: ‘Fazei tudo o que ele vos disser’. Isso parece dizer: apenas obedeçam sem questionar.
Jesus então manda que eles encham seis talhas de pedra, que cabiam de 80 a 120 litros cada, com água. Eles devem ter pensado: ‘ele pretende servir água aos convidados?’. Note aqui os detalhes: as talhas eram seis, o número do homem; sua capacidade corresponde ao número de anos que um ser humano pode viver; e elas eram de pedra. A pedra é parte da rocha. Jesus é conhecido como a Rocha, a pedra angular, tanto que, coloca em Simão, o nome de Pedro.
O que o Senhor ordenou que fizessem?
- Que enchessem as talhas com água totalmente, até à borda, até não caber mais. Em seguida o mestre-sala provou e ela já era vinho, que foi usado para servir aos convidados das bodas.
Cerca de 720 litros de vinho para uma festa de casamento que já ia pelo meio? É vinho demais! Esse é aquele mesmo Jesus que multiplicou o pão e o peixe e fez questão de mandar recolher os pedaços para não desperdiçar?
Cada uma das talhas representa um de nós, discípulos de Cristo, andando em obediência ao Mestre. Nada podemos fazer com relação à falta de vinho, mas podemos encher nossas talhas até à borda, com a água da Palavra de Deus. Isso somente não resolveria o problema porque ficaríamos cheios, mas sem serventia. Todavia, somente depois que elas forem cheias, o Mestre vai transformar seu líquido de água natural, para o vinho sobrenatural.
Jesus disse: ‘esse vinho é o meu sangue derramado por vós’. A Palavra também diz que a vida está no sangue. O vinho é símbolo da alegria da salvação, uma vez que o sangue de Cristo nos purifica de todo pecado e provê perdão e salvação para os pecadores.
Nossa parte é nos encher da Palavra. A parte de Jesus é transformá-la em sua própria vida em nós.
Ele proveu vinho em abundância porque sua promessa é de vida abundante! Cheios de sua vida em abundância, nós, seus vasos, podemos servir aos demais, levando salvação abundante. Essa salvação é para todos os que desejarem vir a Ele e beber de graça do melhor vinho.
Tudo o que comemos e bebemos vai se transformar em sangue no nosso organismo. O sangue alimenta as células do corpo; de tal maneira que podemos dizer que somos produto daquilo que comemos.
Se você bebe a água viva da Palavra, ela se torna em você, sangue, vida de Jesus.
Você não bebe o sangue, mas bebe a água e ela, a Palavra, se faz sangue, se torna o Jesus vivo encarnado, substanciado em você. Ele é a vida da sua vida, porque a vida está no sangue. Jesus mesmo disse: as palavras que vos tenho dito são Espírito e vida.
Quanto mais bebermos da Palavra, mais da vida de Deus teremos em nós. O Espírito de Deus usa a água da Palavra para nos purificar, na nossa santificação e vai formando Jesus em nós.
“A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo” (Sl 42.2).
“Eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, numa terra árida, exausta, sem água” (Sl 63.1).
Assim se sentia o povo de Israel caminhando pelo deserto: sedento. Assim também as pessoas que ainda não conhecem Jesus: secas de vida verdadeira.
Em Êxodo 17.6 Moisés recebe a resposta de Deus ao clamor do povo por água: Eis que estarei ali diante de ti sobre a rocha em Horebe; ferirás a rocha e dela sairá água, e o povo beberá...
Depois, em Números 20.11 - Moisés levantou a mão e feriu a rocha duas vezes com a sua vara, e saíram muitas águas; e bebeu a congregação e os seus animais.
Jesus é a rocha ferida por Deus para saciar nossa sede de salvação, nossa sede de amor. Desta rocha brota a água viva que jorra em nós para a vida eterna.
 “Ah! Todos vós os que tendes sede, vinde às águas...” ( Is 55.1)
“Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas rotas, que não retêm águas. Agora, pois, que lucro terás indo ao Egito para beberes as águas do Nilo; ou indo à Assíria para beberes as águas do Eufrates? (Jr 2.13,18).
É dessa forma que Israel foi infiel ao Senhor, confiando mais na força dos exércitos de outros povos e em seus deuses, do que no Deus vivo.
“Aquele, porém, que beber da água que eu lhe der, nunca mais terá sede, para sempre; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (Jo 4.14).
“Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva” (Jo 7.37,38). Isso disse Jesus, no último dia da festa, quando todos já tinham bebido à vontade; mas não da Sua vida.
 “Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça” (Rm 12.20).
Com certeza, precisamos dar do pão da Palavra e do cálice da salvação aos nossos inimigos para que se tornem nossos irmãos em Cristo.
 “Não terão fome, nem sede,... e os conduzirá aos mananciais das águas” (Is 49.10).
 “Jamais terão fome, nunca mais terão sede...”( Ap 7.16)
Que textos maravilhosos esses! Enquanto estamos nesta terra nós temos que comer todos os dias, beber todos os dias. Isso nos lembra que também a nossa fome e sede de Deus não poderá ser saciada agora, nessa terra. Mas haverá um dia, em que o Senhor vai nos saciar de uma maneira definitiva e plena.
“Eu, a quem tem sede, darei de graça da água da vida” (Ap 21.6).
“Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida” (Ap 22.17).

A Rejeição da Primogenitura
“Por que a bênção da primogenitura que pertencia ao primeiro filho, sempre recaiu sobre o segundo filho?”.

 “Em meio a dores de parto darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido e Ele te governará (Gn 3.16).
Como já vimos, desejo da Mulher-Igreja é para seu esposo Jesus que a governará. Jesus é o Cabeça da Igreja e o desejado das nossas almas.
Gênesis 4 conta que Eva concebeu e deu à luz a dois filhos. O Primeiro, Caim e o Segundo, Abel. Eva, representando a Igreja, como Mulher, gera Abel para a vida; e Eva Mulher, como Religião, gera Caim para a morte.
Repetindo: Estamos nos referindo à Religião como uma série de expedientes e iniciativas do homem para alcançar a Deus; e à Igreja como a iniciativa de Deus, enviando Jesus para formar um povo e levar de volta a ele.
Aqui já temos uma das chaves para a nossa resposta: “O primeiro homem, formado da terra, é terreno; o segundo homem é do céu” (ICo 15.47).
 “Como, porém, outrora, o que nascera segundo a carne perseguia ao que nasceu do Espírito, assim também agora. Contudo, que diz a Escritura? Lança fora a escrava e a seu filho, porque de modo algum o filho da escrava será herdeiro com o filho da livre” (Gl 4:29-30).
A Palavra diz que o primeiro homem é da terra (Adão) e o segundo homem é do céu (Jesus). Assim foram os filhos de Eva: Caim foi carnal, descendente do diabo, porque o diabo foi homicida, assassino desde o começo (Jo 8.44). Mas através de Abel, o sacrifício perfeito a Deus para a restauração, começou a ser oferecido. Sete veio substituindo Abel. Assim ficaram as duas descendências na terra, de Caim e Sete.
A descendência maligna e a descendência abençoada  saíram ambas do mesmo ventre; o ventre de Eva.
Assim também, do ventre da Igreja congregação, nascem Caim e Abel; filhos carnais e espirituais, que começam a lutar entre si.
Ismael e Isaque, Esaú e Jacó: em ambos os casos, a semente da mulher, o descendente abençoado, veio como o segundo filho, e não como o primeiro.
Embora a bênção da primogenitura devesse recair sobre o primeiro, ela ficou com o segundo filho, porque o primeiro tipifica Adão, e o segundo tipifica Jesus (o segundo Adão), o filho da promessa, que só nasce por uma operação sobrenatural de Deus, no tempo em que o Senhor determina intervir.
Geralmente a esposa que não era amada pelo esposo podia ter filhos à vontade, mas a amada, que tipifica a Mulher-Igreja, esta, só gerava pela operação de Deus em seu ventre e o fruto era precioso para Deus. Nós vimos os exemplos de Ana, Sara e Raquel. A Mulher-Igreja só estará fértil espiritualmente porque ama e é amada de seu esposo Jesus. É a presença da vida dele que gera vida através de nós; e a promessa de Deus através de nossas vidas vai se cumprir no tempo de Deus (Gn 30.2).
Às vezes olhamos os outros em suas vidas cristãs fazendo tanta coisa, com tantas atividades e nos sentimos envergonhadas, angustiadas de espírito como Ana, que não conseguia gerar Samuel para Deus.
Ana significa cheia de graça e ela queria ser fértil para Deus, mas seu tempo de espera estava sendo longo demais. Não era justo, porque ela amava seu esposo mais que Penina, e era mais amada por ele. Porque seu relacionamento de amor não gerava frutos?
Podemos ser humilhadas e sofrer afrontas enquanto esperamos o cumprimento da promessa de Deus em nossas vidas. Quanta afronta Abrahão teve que suportar até que, em sua velhice avançada, gerasse Isaque?
Gerar um filho qualquer, muitos estão gerando, mas gerar um filho da obediência e confiança em Deus, como Isaque; gerar o descendente do trono requer muito mais.
Bateseba engravidou do Rei Davi, mas não foi o seu primeiro filho o sucessor. Ele morreu, porque a morte é a sentença pelo pecado. A escolha de Deus recaiu então sobre o segundo filho, Salomão, que tipifica o Leão da Tribo de Judá, Jesus Rei.
O nosso ministério deve ser esse filho varão, o ungido de Deus, capaz de derrotar as forças das trevas, de esmagar a cabeça da serpente (Ap 12).

Confronto Final Entre As Duas Mulheres
“A meretriz é aquela que prostitui; e tudo o que não é a verdadeira adoração a Deus é prostituição”.

O grande confronto final, no Livro do Apocalipse vai acontecer entre duas mulheres e seus descendentes: uma, a prostituta Babilônia e seus descendentes que se organizaram sob a civilização Babilônica; a outra, a Nova Jerusalém, que reúne os descendentes da mulher.
Nós vamos ver a entronização do governo de Cristo e sua Noiva, a verdadeira Igreja, a Nova Jerusalém e, por outro lado, a queda da falsa igreja, a prostituta, a grande Babilônia, que representa os sistemas e as religiões do mundo.
“Vem, mostrar-te-ei  o julgamento da grande meretriz que se acha sentada sobre muitas águas, com quem prostituíram os reis da terra; e com o vinho de sua devassidão foi que se embebedaram os que habitam na terra.
Transportou-me o anjo, em espírito, a um deserto, e vi uma mulher montada numa besta escarlate, besta repleta de nomes de blasfêmia, com sete cabeças e dez chifres.
Achava-se a mulher vestida de púrpura e de escarlata, adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas, tendo na mão um cálice de ouro transbordante de abominações e com as imundícias da sua prostituição.
A mulher que viste é a grande cidade que domina sobre os reis da terra” (Ap 17.1-4,18).
Este texto narra o julgamento da grande meretriz. Ela se acha assentada, em posição de governo, sobre muitas águas, ou seja, sobre muitas nações. Sabemos que Satanás é o deus deste século e está caminhando para estabelecer seu reinado. Os que deviam ter autoridade de Deus, mas se prostituíam com seu tipo de governo do maligno.
Ela estava no deserto – lugar seco de vida; montada numa besta escarlate, sendo conduzida e conduzindo no poder de Satanás.
A mulher Babilônia estava ricamente vestida, enfeitada, e segurava um cálice cheio de abominações. Na sua fronte estava escrito: Babilônia, a Grande, a mãe das meretrizes e das abominações da terra.
A meretriz é aquela que prostitui; e tudo o que não é a verdadeira adoração a Deus é prostituição. Isto inclui, além das religiões, a idolatria ligada à pessoas, à política, economia, etc.
Ela estava embriagada com o sangue dos santos e tipifica o poder religioso e econômico do mundo. Deus vai permitir que, por um tempo, seus santos, seus escolhidos sejam derrotados pelo poder do mal, antes que venha a vitória final.
“Babilônia, a grande cidade” (Ap 18.21). Essa é a civilização erguida por Satanás e seus principados malignos, em oposição à cidade de Deus, a santa Jerusalém. Esse confronto é colocado em termos de cidades: A grande cidade corrompida, a civilização caída e em contrapartida a cidade governada por Cristo.
Apocalipse 19:8 fala da Noiva, a Igreja: estava vestida de linho branco; que são os atos de justiça dos santos. A meretriz se vestia de vermelho do sangue dos justos, derramado em atos de injustiça.
Ela bebia o sangue dos santos (Ap 18.3). Enquanto Jesus derramou seu próprio sangue para nos santificar.
A Nova Jerusalém então é vista descendo do céu, ataviada como noiva para seu esposo (Ap 21.2). Ela é a esposa legítima.
E, finalmente, João vai nos descrever a Cidade Gloriosa, em detalhes. (Ap 21).Este é o fim do conflito entre as duas mulheres com a vitória da Noiva do Cordeiro, a Cidade de Deus.

Rebeca e os Gêmeos
“Nesta questão de Rivalidade, vence não quem chega primeiro”.

O espírito de rivalidade, que age hoje entre as igrejas irmãs e entre os irmãos em Cristo, agia na dispensação da velha aliança na disputa entre os irmãos carnais, envolvendo a primogenitura. O primogênito era o líder abençoado por Deus e nem sempre, o primeiro a nascer do ponto de vista natural, ficou com a primogenitura, com a bênção sobrenatural de Deus.
Nesta questão de rivalidade, vence, não quem chega primeiro, mas quem foi escolhido. Nós vimos na parábola dos trabalhadores da última hora, que os últimos a serem contratados receberam tanto quanto os primeiros (Mt 20).
“Então direis: Comíamos e bebíamos na tua presença, e ensinavas em nossas ruas. Mas ele vos dirá: não sei donde vós sois, apartai-vos de mim, vós todos os que praticais iniqüidades. Ali haverá choro e ranger de dentes... mas vós lançados fora. Muitos virão do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e tomarão lugares à mesa do Reino de Deus, contudo, há últimos que virão a ser primeiros, e primeiros que serão últimos” Lc 13.26-30).
Quem era a verdadeira semente da mulher? Vamos assistir a disputa entre Esaú e Jacó. “Isaque orou ao Senhor por sua mulher, porque ela era estéril; e o Senhor lhe ouviu as orações, e Rebeca, sua mulher, concebeu. Os filhos lutavam no ventre dela. Saiu o primeiro, ruivo, todo revestido de pelo,... depois nasceu o irmão; segurava com a mão o calcanhar de Esaú; por isso lhe chamaram Jacó”- o suplantador (Gn 25.21-26).
 Rebeca demorou 20 anos para engravidar (vs 26). Quando gerou, havia gêmeos em seu ventre, as duas naturezas opostas, dois descendentes, o joio e o trigo, representados em Esaú (carnal) e Jacó (espiritual). A luta se desencadeou entre os irmãos e conhecemos bem a história. Seu final nos informa da total destruição dos edomitas (povo de Esaú) e seus descendentes. Assim também vai acontecer com a descendência maldita de Satanás.
Já, de Jacó, são geradas as 12 tribos de Israel, inclusive a Tribo de Judá de cuja descendência veio JESUS, a semente da mulher que esmagou a cabeça da serpente.
Tamar, nora de Judá, também não conseguia gerar filhos por culpa de seus maridos. Assim, para preservação da linhagem do Messias, ela se engravida do próprio sogro, através de uma estratégia de Deus. No seu ventre também havia gêmeos (Gn 38.27).
“Ao nascerem, um pôs a mão fora, e a parteira, tomando-a, lhe atou um fio encarnado, e disse: Este saiu primeiro. Mas, recolhendo ele a mão, saiu o outro; e ela disse; como rompeste saída? E lhe chamaram Perez” (Vss 28,29).
Esses dois casos são parecidos: Esaú e Jacó; Perez e Zerá. Eram gêmeos e quem ficou com a primogenitura na disputa, foi o segundo filho. Perez ficou com a bênção, porque ele lutou mais e de sua descendência veio Jesus. O mesmo Jacó ouviu do anjo no Jaboque: como príncipe lutastes. Ele também lutou fortemente pela bênção do Senhor, e teve sua natureza e seu nome mudado por Deus, que o capacitou para cumprir seu chamado (Gn 32.28).

A Rivalidade Judeus e Gentios
“Jacó, como Igreja, fica com o primeiro lugar na mesa.”

“Muitos virão do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e tomarão lugares à mesa do Reino de Deus, contudo, há últimos que virão a ser primeiros, e primeiros que serão últimos (Lc 13.29,30).
Por estes versículos entendemos que Jesus se referia às nações gentílicas dos quatro cantos da terra: os povos e nações; gentes de todas as raças, que terminariam por tomar lugar à mesa do Reino de Deus.
 Esaú representa o chamado de Israel. Ele nasceu ruivo e cabeludo, cujo sentido é: coberto pelo sangue e pela pele do Cordeiro. Mas ele não valorizou a escolha de Deus sobre a sua vida; seu chamado foi passado a seu irmão Jacó, uma figura da Igreja.
Jacó não tinha a cobertura natural a Esaú, não tinha a primogenitura de Israel, mas por desejar muito a bênção, tomou sobre si a pele do Cordeiro (se cobriu de pelo para roubar a bênção de seu Pai, Isaque). Ao fazê-lo, o pai o reconheceu também pelo cheiro das roupas de Esaú que ele usava. Jacó literalmente tomou sobre si a cobertura que estava sobre o irmão e com ela veio a autoridade delegada pelo seu pai.
A Igreja é como Jacó: tingida pelo sangue de Jesus e coberta pelo seu sacrifício expiatório.

As Bodas do Cordeiro
“Embora Israel seja o primeiro; foi a Igreja dos gentios, o segundo, que ficou com a primogenitura; como está dito em Lucas: há primeiros que serão últimos no Reino de Deus”.

Mateus 22.1-14 traz uma parábola contada por Jesus quando ele fala, mais uma vez, sobre o Reino dos Céus e a mesa do banquete. O texto de Lucas 14.16-24 narra a mesma passagem com algumas diferenças.
 “O Reino dos Céus é semelhante a um rei que celebrou as bodas de seu filho. Então enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas; mas estes não quiseram vir. Enviou ainda outros servos, com este recado: Dizei aos convidados: Eis que já preparei o meu banquete: os meus bois e cevados já foram abatidos, e tudo está pronto; vinde para as bodas.
Eles, porém, não se importaram, e se foram, um para seu campo, outro para o seu negócio; e os outros, agarrando os servos, os maltrataram e mataram.
O rei ficou irado e, enviando as suas tropas, exterminou aqueles assassinos e lhes incendiou a cidade.
Então disse os seus servos: Está pronta festa, mas os convidados não eram dignos.
Ide, pois, para as encruzilhadas dos caminhos e convidai para as bodas a quantos encontrardes.
 E, saindo aqueles servos pelas estradas, reuniram todos os que encontraram, maus e bons; e a sala do banquete ficou repleta de convidados.
Entrando, porém, o rei para ver os que estavam à mesa, notou ali um homem que não trazia veste nupcial e perguntou-lhe: Amigo, como entraste aqui sem veste nupcial? E ele emudeceu.
Então ordenou o rei aos serventes: amarrai-o de pés e mãos e lançai-o para fora, nas trevas; ali haverá choro e ranger de dentes. Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos”.
Jesus está falando ao povo Judeu. Eles próprios recusaram o convite do Senhor e não fizeram caso do banquete que Ele havia preparado.
Na cultura judaica, dois convites eram enviados aos convidados. O primeiro dava ciência da festa e o segundo comunicava que a festa já estava pronta. Isto dava oportunidade aos convidados de se prepararem com a devida antecedência. Mas os judeus não fizeram caso do convite.  Poderiam ter planejado suas vidas, atividades e negócios de forma a estarem livres para comparecer à festa, por isso as desculpas não eram aceitáveis.
Além de desprezar o convite eles agiram agressivamente contra os servos que lhes foram enviados com a boa nova. No contexto de Israel, estes servos eram os profetas, enviados para anunciar a chegada do Messias, muitos dos quais foram não somente desprezados pela sua mensagem, mas pagaram com a própria vida pela missão que receberam.
“Está pronta a festa mas os convidados não eram dignos (vs 8). Desta forma o rei envia seus servos em todas as direções a convidar todos os que encontrassem  pelo caminho. Eles deveriam fazer o convite para a festa das bodas do filho do rei.
Estes servos falam da Igreja, que hoje é enviada com este convite a todas as nações: Vinde para as Bodas do Cordeiro. A mesa está pronta. O Cordeiro já foi imolado!
Agora, o convite recusado pelo povo judeu passa aos povos gentios, que é claro, também não eram dignos. Entre eles haviam bons e maus, cegos, coxos, aleijados e todo tipo de pária (Rm 3.23).
Mas há uma informação importante que devemos acrescentar sobre a tradição do povo. O anfitrião tinha o costume de providenciar vestes apropriadas para os convivas. Muitos viriam de longe, iam chegar cansados e sujos da viagem e poderiam se trocar para a festa.
Assim, toda aquela gentalha que chegou recebeu vestes limpas e à altura do acontecimento.
Ninguém mais sabia quem era pobre ou rico, menor ou maior, debaixo daquelas roupas finas.
Essa roupagem providenciada pelo rei fala das vestes de justiça dos santos, das roupas brancas alvejadas no sangue do Cordeiro. Tão logo aquela ralé, aquele bando de pecadores, recebe a cobertura do sangue de Jesus, torna-se aceitável diante do Rei.
Mas, quando o Rei entrou e se colocou à mesa, notou um convidado sem a veste nupcial e indignado mandou jogá-lo para fora.
Sempre me intrigou a razão pela qual este homem estava sem a veste. Ocorre que Deus providenciou o revestimento necessário para cada um comparecer à Ceia das Bodas do Cordeiro, mas cabe a nós aceitar o presente. A escolha de se vestir da justificação providenciada em Cristo Jesus, é nossa. Por isso a parábola termina com a condenação daquele homem e a advertência de Jesus: Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.
 “Indignado o rei mandou queimar a cidade” (vs 7).
Esta frase está associada à profecia de Jesus: “Quando ia chegando, vendo a cidade, chorou, e dizia: Ah! Se conheceras por ti mesma ainda hoje o que é devido à paz! Mas isto está agora oculto aos teus olhos. Pois sobre ti virão dias em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras e, por todos os lados, te apertarão o cerco; e te arrasarão e os teus filhos dentro de ti; não deixarão em ti pedra sobre pedra porque não reconheceste a oportunidade da tua visitação” (Lc 19.41-44).
Esta profecia se cumpriu em parte no ano 70 d.C, quando o general romano Tito sitiou Jerusalém, e a queimou .
Jesus fala sobre essa atitude do povo Judeu, que rejeitou os enviados e o convite do Senhor: “Jerusalém, Jerusalém! que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes! Eis que a vossa casa vos ficará deserta” (Mt 23.37).
Por mais essa parábola podemos confirmar que, embora Israel seja o primeiro; foi a Igreja dos gentios, o segundo, que ficou com a primogenitura; como está dito em Lucas: “há primeiros que serão últimos no Reino de Deus”.

O Reino da Terra x O Reino dos Céus
“A Igreja recebeu a ordem, não de povoar a terra, mas de povoar o Reino dos Céus.”

Se Adão é o primeiro homem, terreno, e Jesus é o segundo homem, o celestial, podemos chegar a algumas conclusões.
Adão e seus descendentes receberam a terra, de Deus, por herança. A ordem era dominar sobre ela, crescer, se multiplicar e povoar o planeta. Para encher a terra eles deveriam ir, se espalhar e dominar sobre ela numa estratégia de ocupação física.
“Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a...” (Gn 1.28).
Da mesma forma, o povo se Israel recebeu a promessa da Canaã terrena, sendo, portanto, Israel, um tipo de Adão,o primogênito, segundo a carne.
Desde o começo Deus enviou o homem com uma missão. A missão para Adão e seus descendentes era a ocupação e domínio do território chamado terra.
A missão de Israel era dar testemunho do Deus Verdadeiro, Jeová, aos outros povos da terra. Eles envergonharam seu Pai, se sujeitando aos deuses das nações gentílicas, ao invés de sujeitá-las à Verdade. Também desprezaram os gentios e se fecharam em sua própria cultura.
Caim, o primeiro filho, se rebelou. Ele não quis andar errante; parou e ergueu sua própria cidade; uma civilização endurecida contra Deus (Gn 4.12-17).
O primeiro filho frustrou o projeto de Deus, e, assim como Israel, deixou de cumprir sua missão de anunciar o Criador, o Deus Verdadeiro. Fecharam-se, Caim e Israel, em seu próprio orgulho, levantando sua sobrevivência própria como o alvo mais importante. Não confiaram na segurança oferecida pelo Pai.
Quando os líderes religiosos judaicos mataram Jesus, alegaram a necessidade de proteger sua nação de uma possível retaliação do governo romano. Eles se entrincheiraram numa atitude de autodefesa, buscando uma falsa segurança, porque fora do centro (Jesus) da vontade de Deus.
 “Se o deixarmos assim todos crerão nele; depois virão os romanos e tomarão não só o nosso lugar, mas a própria nação” (Jo 11.48).
Não cumprir a missão nos coloca em risco, mais que os próprios riscos inerentes ao cumprimento da mesma. A verdadeira segurança está em nos abrigar na obediência ao Senhor.
Já Jesus, o segundo filho e seus irmãos, receberam a promessa de herdar o Reino de Deus.
“Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai agradou em dar-vos o seu reino” (Lc 12.32).
Nós, Igreja, vamos reinar com Jesus Cristo e vamos habitar na Canaã celestial. Recebemos a ordem, não de povoar a terra, mas de povoar o Reino dos Céus; a tarefa de resgatar muitas vidas para a vida eterna.
Logo, a Igreja, uma instituição celestial, é um tipo de Jesus Cristo, o primogênito pela escolha de Deus.
Já Israel, como Esaú, desprezou a primogenitura, que Jesus adquiriu para nós, a preço de sangue.

O Filho Arrependido

Essa é a bênção da primogenitura, mais uma vez recaindo sobre o segundo filho.
A Parábola do Filho Pródigo vem confirmar este argumento bíblico, sobre a primogenitura, que vai se desenvolvendo como uma teia cuidadosamente tecida entretecida por toda a Palavra de Deus.
O filho mais velho, ou primeiro filho, tipifica o povo judeu, endurecido em seus pecados, sem perspectiva de se arrepender, agarrado à sua justiça própria. Eles se sentiam justos e filhos de Abraão com direito automático a todas as promessas. Os pecadores, no conceito deles, que seriam os gentios, jamais poderiam ser dignos do perdão do pai.
“Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com meus amigos; vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado” (Lc 15.29).
Aí está! Realmente Israel estava há muitos anos sujeito às leis de Jeová; sem a graça, sem a festa. Veio então “esse teu filho”: uma expressão clara indicando que o mais velho não considerava o outro como irmão. Estava ressentido porque o pai mandou abater “o” novilho cevado, (Jesus), aquele que estava sendo preparado para a ocasião do arrependimento do filho mais novo.
O filho pródigo (gentios), ou seja, o filho gastador, estava vivendo esbanjando, sem qualquer preocupação. Ele se prostituía com o mundo à vontade. De repente, resolve arrepender-se e o Pai dá a ele a melhor roupa, anel no dedo e sandálias para os pés.
O filho mais novo, o segundo filho, um pecador assumido, mexe com o coração do pai e em troca recebe, pelo seu legítimo arrependimento, as vestes da justiça, o anel da autoridade e as sandálias do poder (para esmagar a cabeça da serpente).Essa é a bênção da primogenitura, mais uma vez recaindo sobre o segundo filho.

Egito x Israel

“Manassés; o homem terreno. Efraim; o espiritual.”
Em Gênesis, no capítulo 48, nós vamos ver uma passagem bem interessante, quando Israel decide abençoar os dois filhos de José.
Logo no versículo 10 diz o seguinte: Os olhos de Israel já se tinham escurecido por causa da velhice, de modo que não podia ver bem. José, pois, fê-los chegar a ele; e ele os beijou e abraçou.
Jacó (Israel) já havia perdido sua visão natural, mas a visão espiritual estava bem aberta. José colocou diante dele Manassés e Efraim para que fossem abençoados.
O primogênito, Manassés, foi colocado à mão direita de Israel para receber a devida bênção, mas sabiamente, ele cruzou as mãos e colocou a direita sobre a cabeça do mais novo, Efraim.
“Não assim, meu pai, pois o primogênito é este; põe tua mão direita sobre a cabeça dele. Mas seu pai o recusou e disse: Eu sei, meu filho, eu o sei; ele também será um povo, também ele será grande; contudo o seu irmão menor será maior do que ele, e a sua descendência será uma multidão de nações.
Assim  os abençoou naquele dia, declarando: Por vós Israel abençoará dizendo: Deus te faça como a Efraim e como a Manassés. E pôs o nome de Efraim adiante do de Manassés” (vs 18,19,20).).
Aqui vemos o mesmo princípio sendo seguido, de abençoar com a primogenitura, o segundo filho.
Não sabemos mais detalhes de quando terão nascido os filhos de José, no Egito.
O certo é que o primeiro recebeu um nome egípcio e recebeu também, como legado espiritual, toda a herança egípcia. Seu DNA espiritual veio direto da linhagem dos faraós, como se espera aconteça ao primogênito. Manassés significa em hebraico o que faz esquecer (Gn 41.51). O sentido do nome nos sugere que o povo, uma vez sob a sua liderança, poderia se esquecer do tempo de cativeiro no Egito, mas poderia se esquecer, igualmente, dos sinais poderosos que Deus operou para livrá-los de sua condição de escravos; se esquecer de que eram o povo escolhido, separado por Deus para a Sua Glória.
Já o segundo filho de José, recebe o nome hebreu, Efraim. Um nome na cultura judaica representa muito. Tanto que seu avô teve o nome trocado por Deus de Jacó para Israel (Gn 32.28). Efraim significa fértil, ou frutífero, donde a profecia de que viria a ser pai de muitas nações (Gn 41.52; Jr 31.20;49.22).
Isto nos reporta, mais uma vez, à realidade da Igreja, que como Efraim, deve ser bênção para todos os povos. Ela herdou a primogenitura em vista do impedimento de Israel.
O ramo da oliveira foi cortado e enxertado o ramo da oliveira brava (Rm 11.24). O ministério da Igreja é alcançar todas as nações e ela própria é composta pelos diferentes povos (Mt 28.19,20).
O Egito é figura do mundo e seus valores (Ap 11.8). Representa o homem carnal, envolvido com a dimensão terrena. Se Manassés ficasse com a primogenitura, isto significaria a primazia do Egito sobre Israel, do carnal sobre o espiritual.
Em outras palavras, se isso ocorresse, seriam os valores terrenos prevalecendo sobre os valores do Reino, do povo de Deus; o incrédulo, o inconverso, recebendo a bênção em lugar do filho.
A primogenitura das tribos de Israel ficou com Efraim, enquanto Judá foi o canal da promessa messiânica, pois assumiu o lugar de Ruben, Simeão e Levi, mais velhos do que ele.

A Mulher Sedução
“O homem perde a bênção, e a culpa é da mulher.”

A mulher foi criada como ajudadora idônea para o homem. Ou seja, seu papel era complementar, como varoa, algo que faltava ao varão. Mas ela foi alvo de um espírito de sedução. A serpente a enganou e seduziu (Gn 3.6,12), usando-a para enganar e seduzir o homem.
Desde a queda, a mulher vem invertendo o seu papel e provocando a queda do homem. A mulher redimida reassume sua posição de ajudadora na edificação de seu companheiro e do relacionamento de ambos. Mas, enquanto no pecado, ela tem sido um poderoso instrumento nas mãos do diabo para fazer com que o homem perca a bênção. Esse “espírito de engano e sedução” continuou operando ao longo dos tempos, sempre tentando invalidar a Palavra e os planos de Deus.
Muitos perderam a primogenitura e outros, a bênção e a posição em Deus, por causa da mulher-serpente.
O conflito se estabelece entre a noiva virgem e a prostituta e adúltera e vai permear toda a narrativa bíblica de Gênesis a Apocalipse.
A Virgem Maria trouxe a bênção de Deus ao mundo, usada como instrumento de salvação. Mas a mulher no domínio desse espírito de engano e sedução, é a Rainha dos Céus (Jr 7.18), a Grande Babilônia, Jezabel, Astorete e outros nomes mais que caracterizam a grande meretriz que se assenta sobre as águas de Apocalipse 17.
O diabo, já em Gênesis, instrumentaliza Eva para seduzir Adão, induzindo-o ao erro.
“Então disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi. Disse o Senhor Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi (Gn 3.12,13).
A história segue e vemos Abrão quase perdendo a promessa de Deus por influência de Sarai.
“Disse Sarai a Abrão: Eis que o Senhor me tem impedido de dar à luz a filhos; toma, pois, a minha serva, e assim me edificarei com filhos por meio dela. E Abrahão anuiu ao conselho de Sarai” (Gn 16.2).
Logo mais à frente vamos ler sobre Ló. Esse é outro que quase foi destruído e teria sido mesmo queimado vivo ou virado estátua de sal se fosse atrás do conselho de sua mulher.
“Como, porém, se demorassem, pegaram-nos os homens pelas mãos, a ele, a sua mulher, e as duas filhas, sendo-lhe o Senhor misericordioso, e o tiraram e o puseram fora da cidade.
E a mulher de Ló olhou para trás e converteu-se numa estátua de sal” (Gn 19.16,26).
Esaú é famoso por perder sua primogenitura. Se permanecesse nesta posição de liderança, ele ia gerar uma nação não temente a Deus, graças a seu envolvimento com as mulheres hetéias. Depois dos 40 anos, deveria estar maduro para tomar uma decisão acertada, centrada em Deus, mas se mostrou despreparado e insensível espiritualmente para assumir seu papel de conduzir os destinos da nação em lugar de seu pai.
 “Tendo Esaú quarenta anos de idade, tomou por esposa Judite, filha de Beeri, heteu, e a Basemate, filha de Elom, heteu.
Ambas se tornaram amargura de espírito para Isaque e para Rebeca” (Gn 26.34-35).
O próximo a perder sua primogenitura foi Rúben, o mais velho dos doze filhos de Jacó.
Ele manteve relações sexuais com a concubina de seu pai numa atitude de grande desrespeito que lhe custou a bênção especial de Deus sobre sua vida.
 “Impetuoso como a água, não serás o mais excelente, pois subiste ao leito de seu pai, e o profanaste; subiste à minha cama” (Gn 49.4).
Simeão e Levi eram os próximos na linhagem para a primogenitura, mas também perdem a bênção ao serem envolvidos por um sentimento de vingança  por causa de sua irmão Diná.
“Simeão e Levi  são irmãos; as  suas espadas são instrumentos de violência” (Gn 49.5).
Já chegando no Livro de Números assistimos a morte de 24 mil homens por uma praga que grassava no arraial de Israel. O motivo: as filhas dos moabitas que se deitavam com os homens hebreus. Moabe é o filho da primogenita de Ló com seu pai; fruto da sedução do pai, pela filha. É fácil entender o quanto de espírito de sedução deveria haver nessas mulheres moabitas.
“Habitando o povo em Sitim, começou o povo a prostituir-se com as filhas dos moabitas” (Nm 25.1).
O nosso próximo homem a cair nas teias da sedução feminina é Sansão: tão forte e tão fraco em suas paixões.
Primeiro se enamorou de uma mulher filistéia, num relacionamento que terminou em tragédia. Depois coabitou com uma prostituta e por fim caiu nas garras da vilã Dalila, que tipifica bem o tipo de mulher à qual estamos nos referindo. Dalila dá uma boa lição de como liquidar um homem usando de astúcia e engano.
“Vi uma mulher em Timna, das filhas dos filisteus; tomai-ma, pois, por esposa” (Jz 14.2).
“Sansão foi a Gaza, e viu ali uma prostituta, e coabitou com ela” (Jz 16:1).
“Depois disto aconteceu que se afeiçoou a uma mulher do Vale de Soreque, a qual se chamava Dalila” (Jz16.4).
Os filhos do sacerdote Eli, Hofni e Finéias se desviaram do sacerdócio e atraíram maldição sobre Israel, sendo inclusive, os responsáveis diretos pela perda da Arca da Aliança.
Tudo isso porque além de praticar corrupção, se prostituíram com as mulheres no templo.
“Era, porém, Eli já muito velho, e ouvia tudo quanto seus filhos faziam a todo Israel, e de como se deitavam com as mulheres que serviam à porta da tenda da congregação” (I Sm 2.22).
A próxima mulher-sedução que entra em cena de maneira surpreendente é Bate-Seba. O Rei Davi foi envolvido por sua formosura, ainda que ela não tivesse tal intenção. Ele acaba até mesmo matando seu fiel guerreiro Urias para escapar das consequências do adultério com a mulher de seu amigo. Seus atos atraíram muito sofrimento e maldição sobre sua vida e reinado.
“Uma tarde, levantou-se Davi de seu leito, e andava passeando no terraço da casa  real; daí viu uma mulher que estava tomando banho; era ela mui formosa” ( 2Sm 11.2).
Amnom foi o próximo da família a perder a razão por causa de uma mulher. Ele ficou louco de desejo pela sua meia irmã Tamar. Após forçá-la, ele a humilhou provocando a ira de seu irmão Absalão que acabou matando-o.
“Porém ele não quis dar ouvidos ao que ela lhe dizia, antes, sendo mais forte que ela, forçou-a, e se deitou com ela
Depois Amnom sentiu por ela grande aversão...” (2Sm 13.14,15).
Absalão, depois de assassinar seu irmão, tenta usurpar o reino de seu pai, Davi. Ele se desgraça por causa da irmã e depois acaba de assinar sua sentença de morte, quando possui diante de todos, as concubinas de seu pai.
“Disse Aitofel a Absalão: Coabita com as concubinas de teu pai, que deixou para cuidar da casa; e em ouvindo todo o Israel que te fizeste odioso para com teu pai, animar-se-ão todos os que estão contigo.
Armaram, pois, para Absalão uma tenda no eirado, e ali, à vista de todo o Israel ele coabitou com as concubinas de seu pai.
O conselho que Aitofel dava naqueles dias era como resposta de Deus a uma consulta; tal era o conselho de Aitofel, assim para Davi como para Absalão” (2Sm 16.21-23).
Outra famosa figura de nossa história é Jezabel. Essa manipula o Rei Acabe, afasta-o totalmente de Deus, e usa-o para destruir Israel e os profetas de Deus. Seduziu Acabe, mas luta frontalmente contra Elias, que cheio do poder de Deus, confronta sua influência espiritual malévola.
“Como se fora cousa de somenos andar ele nos pecados de Jeroboão, filho de Nabate, tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi, serviu a Baal e o adorou.
Levantou um altar a Baal, na casa de Baal que edificara em Samaria” (IRs 16.31,32).
“Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias a dizer-lhe: Façam-me os deuses como lhes aprouver se amanha a estas horas não fizer eu à tua vida como fizestes a cada um deles” (1Reis 19.2).
Da galeria dos tipos mais malvados, surge a Rainha Atalia. Para assumir o poder ela mata todos os descendentes que poderiam ameaçar sua posição e só o pequeno Joáz escapa para por fim ao seu reinado de maldades (IICr 22.10-12).
A história de Salomão é outro clássico caso de um homem, excelente pela sua sabedoria, que se deixa levar pelas artimanhas do espírito feminino. Suas mil mulheres acabam seduzindo-o a andar após outros deuses. A consequência foi a divisão do Reino de Israel e o enfraquecimento da nação.
“Ora, além da filha de Faraó, amou Salomão muitas mulheres estrangeiras: moabitas, amonitas, edomitas, sidônias, e hetéias.
Mulheres das nações de que havia o Senhor dito aos filhos de Israel: não caseis com elas, nem casem elas convosco, pois vos perverteriam o coração, para seguirdes os seus deuses. A estas se apegou Salomão pelo amor.
Sendo já velho, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses; e o seu coração não era de todo fiel para com o Senhor seu Deus, como fora o de Davi, seu pai. Não pecou nisto Salomão, rei de Israel? (1Rs 11.1,2,4).
Não pecou nisto Salomão, rei de Israel? Todavia entre muitas nações não havia rei semelhante a ele, e ele era amado do seu Deus, e Deus o constitui rei sobre todo o Israel. Não obstante isso, as mulheres estrangeiras o fizeram cair no pecado” (Ne 13.26).
A própria nação de Israel também, quase retorna ao cativeiro nos dias de Esdras e Neemias, por causa do casamento proibido entre os israelitas e as mulheres estrangeiras.
“Agora, pois, fazei confissão ao Senhor Deus de nossos pais, e fazei o que é do seu agrado; separai-vos dos povos de outras terras, e das mulheres estrangeiras. Respondeu toda a congregação, e disse em altas vozes: assim seja; segundo as tuas palavras assim nos convém fazer” (Ed 10.11,14).
“Vi também naqueles dias que judeus haviam casado com mulheres asdoditas, amonitas e moabitas. Seus filhos falavam meio asdodita, e não sabiam falar judaico, mas a língua de seu respectivo povo. Contendi com eles, e os amaldiçoei, e espanquei alguns deles, e lhes arranquei os cabelos, e os conjurei por Deus, dizendo: Não dareis mais vossas filhas a seus filhos, e não tomareis mais suas filhas, nem para vossos filhos nem para vós mesmos.
Não pecou nisso Salomão, o rei de Israel?” (Ne 13.23-26).
Nos Livros Proféticos vamos encontrar a mulher de Jó numa atuação digna desse tipo de mulher, que longe ser a ajudadora planejada por Deus, se transforma na pior inimiga do homem.
“Então sua mulher lhe disse: Ainda conservas a tua integridade? Amaldiçoa a Deus, e morre” (Jó 2.9).
No Livro de Zacarias capítulo 5 lemos sobre a visão da mulher no cesto. Ela representa a iniquidade em toda terra. Uma mulher estava sentada dentro do cesto, e era a impiedade e sua casa ia ser edificada na terra de Sinear, outro nome de Babilônia. Essa é a mulher de que temos falado, e ela edifica seu reinado nessa civilização rebelada contra Deus.
No Novo Testamento encontramos apenas uma mulher desse tipo a que estamos nos referindo. Ela, Herodias, e sua filhinha Salomé, de 15 anos, decidem pedir a cabeça de João Batista numa bandeja.
 Herodes, dominado pela sua luxúria e sedução da menina, oferece mais do que podia cumprir e acaba sendo forçado a fazer algo contrário à sua vontade. Manda buscar a cabeça de João como presente para a sobrinha.
“Ora, tendo chegado o dia natalício de Herodes, dançou a filha de Herodias diante de todos e agradou a Herodes... Então ela, instigada por sua mãe, disse: Dá-me, aqui, num prato, a cabeça de João Batista” (Mt 14.6,8).
No capítulo 17 de Apocalipse, vamos encerrar com a grande meretriz, com quem se prostituíram os reis da terra.
“Na sua fronte achava-se escrito um nome, mistério: Babilônia, A Grande, A Mãe das Meretrizes e das Abominações da Terra” (vs 5).
“... Pois os teus mercadores foram os grandes da terra, porque todas as nações foram seduzidas pela tua feitiçaria.
E nela se achou sangue de profetas, de santos, e de todos os que foram mortos sobre a terra.
Exultai sobre ela, ó céus, e vós, santos, apóstolos e profetas, porque Deus contra ela julgou a vossa causa” (Ap 18.23,24 e 20).

E Foi Assim Que Tudo Terminou
 “Porque a terra é redonda?”

Porque a terra é redonda? Você já fez essa pergunta à sua mãe quando era pequeno? Meu filho, sim.
Na nossa mente finita todas as coisas precisam ter um começo, meio e fim. Assim é esse livro que pode bem começar com: Era uma vez; há muito tempo atrás... e terminar com: “E Foi Assim Que Tudo Terminou”. Esse é o titulo de nosso último capítulo, mas será que é realmente o desfecho, o final dessa história do homem com Deus? Não sei se podemos dizer que aqui a história terminou, mas com toda certeza, a nossa última frase será: e foram felizes para sempre. Se tem alguma coisa nesse nosso mundo de ilusões que é bem real, é essa história de amor e seu indubitável final feliz.
Mas voltando a nossa pergunta, voltamos também à resposta. Quem criou a terra e todo o Universo foi Deus. A essência do Criador está em todas as coisas por Ele criadas. E, diferente do homem, Deus não tem começo, meio e fim. Nós entramos numa história que já vinha sendo escrita há tempos, numa época em que só Deus criava, e criava segundo seus conceitos. Nos criou com a ideia de eternidade em sua mente, mas o homem introduziu sua própria maneira de pensar, e com ela, a morte, o fim de alguma coisa muito preciosa para nós: a vida.
Deus é eterno, por isso criou a terra, o sol, a lua, enfim, tudo redondo, cíclico, em continuidade, sem começo, meio e fim; a vida fluindo... O homem interrompeu essa harmonia com seu pecado. Por isso o Pai enviou seu filho, Jesus.
“Porque Ele (Jesus) é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo derribado a parede da separação que estava no meio, a inimizade, aboliu, na sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade” (Ef 2.14-16).
Esse texto é tremendo para nos dar o desfecho da história entre Deus e os homens. Jesus derribou a parede que separava, o motivo da inimizade estabelecida entre carne e espírito, a lei e a graça, homem carnal e espiritual. Ele criou um novo homem, nem judeu, nem gentio, mas um filho de Deus, agora reconciliado com seu pai. Através da cruz foi destruída a inimizade, no sentido horizontal e no sentido vertical.
Os dois ladrões: qual o sentido?
Lucas 23.32,33, 39-43
De um lado estava o “ladrão do mau”, um tipo de Caim, o fruto da árvore da confusão; do outro lado o ladrão “do bem”, ou seja, arrependido, tipificando Abel, o fruto da mesma árvore. De braços abertos, Jesus estende seus galhos mostrando que a purificação do pecado e a restauração da harmonia, estava para acontecer naquele momento.
Não mais o fruto do bem e do mal; Caim e Abel; Jacó e Esaú; escravo e livre; judeu e gentio; Israel e Igreja; a lei e a graça; homem espiritual e homem carnal. De braços abertos ele religou, destruiu a separação entre os dois polos, restabeleceu a unidade, destruiu as pontas, o aguilhão da morte. Eliminadas as pontas laterais, pontas que surgiram da ruptura entre os irmãos, da quebra dos relacionamentos humanos, agora ele eliminava também as pontas que haviam surgido na vertical, pela quebra, pela interrupção do relacionamento do homem com Deus, entre terra e céu. Ele religa, como um intercessor, levando em seu próprio corpo, absorvendo em si mesmo todo o impacto provocado pela separação, pela desordem. Jesus restabelece a paz, a ordem, a harmonia .
Em Gênesis 1.4 a Palavra diz que ... (Deus) fez separação entre a luz e as trevas.
Deus havia colocado um fim no caos e restabelecido a ordem e a harmonia na terra. Mas Eva, ao comer o fruto do bem e do mal, misturou novamente trevas e luz, instalando novamente a confusão e o caos. Misturou-se novamente o santo e o profano. Por isso Deus fará novo céu e nova terra onde só será permitida a entrada do santo.
 É assim que um círculo perfeito se restabelece, sem começo, meio e fim: eterno. Nossa união e harmonia, num mundo sem pontas, sem arestas, arredondado e envolvido pelo amor de Deus.


A Reconquista da Amizade Por Deus
“Uma aliança, um amigo”.

Deus, na sua soberania, decidiu refazer com o homem a aliança partida.
“Falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala a seu amigo; então, voltava Moisés para o arraial...” (Ex 33.11).
O Senhor fez um pacto de aliança, uma amizade indissolúvel com seu servo Abrahão. Uma aliança pressupõe que tudo o que é meu, é seu e tudo que é seu é meu. Deus queria devolver ao homem tudo o que ele havia perdido através do pecado de Adão e Eva.
Em Isaías 41.8 Deus volta a afirmar sua condição de amigo de Abrahão: “Mas tu, ó Israel, servo meu, tu, Jacó, a quem elegi, descendente de Abrahão, meu amigo”.
O próprio Jesus reforça essa ideia, ele mesmo, fazendo questão de chamar a seus discípulos, amigos: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor de seus amigos. “Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando.
Já não vos chamo servos porque o servo não sabe o que faz o seu Senhor; mas tenho vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer” (Jo 15.13,14,15).
Abrahão podia ser chamado amigo de Deus porque preenchia essas condições: obedecia ao que o Senhor mandava que fizesse e Deus contava para ele tudo o que estava para fazer. Foi assim quando disse a ele que peregrinaria em Canaã e que seus descendentes seriam levados 400 anos para o cativeiro e só então receberiam a terra por herança. Também contou antes para ele quando decidiu destruir as cidades de Sodoma e Gomorra porque não queria ocultar a seu amigo Abrahão o que estava para fazer.
“E se cumpriu a Escritura a qual diz: Ora, Abrahão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para a justiça; e : Foi chamado amigo de Deus” (Tg 2.23). Amizade fala de confiança mútua, e através deste patriarca Deus estava restaurando a confiança mútua no Seu relacionamento com os homens.
Ainda em Tiago 4.4,5 lemos: “Infiéis (adúlteros, desleais), não compreendeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. Ou supondes que em vão afirma a Escritura: É com ciúme que por nós anseia o Espírito, que Ele fez habitar em nós?”.
Amizade pressupõe lealdade, guardar a fidelidade. Assim temos a verdadeira noiva, a Igreja de Cristo, amando, obedecendo e caminhando em fidelidade ao Noivo Jesus.


Um Recomeço, Algo Novo

Ao comer a última Páscoa e celebrar a ceia com seus discípulos, Cristo Jesus nos dá a correta perspectiva do que é um fim de história que na verdade fala de um começo ainda melhor.
“Enquanto comiam, tomou Jesus um pão e, abençoando-o, o partiu e o deu a seus discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo. A seguir tomou um cálice e, tendo dado graças, o deu aos seus discípulos dizendo: Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados.
E digo-vos que, desta hora em diante, não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que o hei de beber, novo, convosco no reino de meu Pai” (Mt 26.26-30).
Aqui Jesus celebrou sua última Páscoa, ao mesmo tempo em que estava para cumprir seu teor profético: o sangue do cordeiro derramado para livrar o povo da morte. No mesmo instante, Jesus, “O Cordeiro”, estava passando da velha para a nova aliança; da lei para a graça. Instituiu também a Ceia do Senhor.
Jesus foi enfático ao dizer que a partir daquela hora em diante não beberia mais do fruto da videira, que é um tipo do sangue que nos garante a salvação. A partir daquele momento, ele estava entrando em condenação para remissão dos nossos pecados. Seu sangue seria totalmente derramado levando com ele todo o nosso pecado e nossa natureza caída.
Esse sangue, simbolizado pelo vinho (Mt 26.27,28), tinha que ser esgotado e o odre mencionado em Mateus 9.17 iria ser quebrado “... nem se põe vinho novo em odres velhos, do contrário, rompem-se os odres, derrama-se o vinho e os odres se perdem. Mas põe-se vinho novo em odres novos, e ambos se conservam”. Depois da ressurreição Jesus se transformou em odre novo, o corpo glorificado; por isso ele só voltaria a beber do suco da videira (vinho), “naquele dia”.
O texto não diz “beber de novo”, mas beber um vinho novo. Então será um vinho novo, diferente; um sangue limpo, de uma vida limpa, pura, redimida, restaurada.
Odres novos são corpos glorificados. E isso vai acontecer “naquele dia”, quando Jesus estiver conosco novamente, “no reino de meu Pai”. Outro vinho, outro sangue, outro corpo, outra vida; tudo novo, no Reino de Deus, quando voltaremos a cear, com Jesus, nas Bodas do Cordeiro.

 “A Árvore” da Redenção

O vinho é mencionado às vezes como o veneno da prostituição, em Deuteronômio 32.32; ou vinho da devassidão, em Apocalipse 17.2.
Em Mateus 11 temos um texto interessante comparando o ministério de João Batista (Lei) e Jesus Cristo (Graça).
“Desde os dias de João Batista até agora o reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele. Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João” (vs 12,13).
Realmente, a entrada no Reino de Deus era determinada pelo esforço de se cumprir a Lei. A presença do pecado tornou a obediência à Lei um desafio para os judeus e eles não ouviram a Elias e nem a João.
Nos vs. 16,17 continua: “Mas, a quem hei de comparar esta geração? É semelhante a meninos que, sentados nas praças, gritam aos companheiros: Nós tocamos flauta, e não dançastes; entoamos lamentações, e não pranteastes”.
Em outras palavras é como se os judeus dissessem: “Vocês não fazem o que esperamos que façam; não querem fazer nossa vontade; agir conforme nosso entendimento e expectativas”.
“Veio João, que não comia nem bebia, e dizem: Tem demônio. Veio o filho do homem, que come e bebe, e dizem: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores! Mas a sabedoria é justificada por suas obras” (vs 18,19 ).
João Batista veio como a Lei para apontar, para realçar os pecados e a necessidade do arrependimento; a necessidade absoluta do Messias para prover o perdão.
João não se identificou com os pecadores. Não comia e nem bebia com eles e nem entrava em suas casas. Seu alimento era mel silvestre e gafanhotos, ambos elementos que não brotavam do contato com a terra. João queria distância de tudo que tinha cheiro de pecado.
Jesus, por outro lado, comia e bebia com os pecadores e entrava e se hospedava em suas casas. Ele absorveu e levou sobre si, todos os nossos pecados. Ele tomou do vinho que nós tomávamos e ele próprio disse que sorveu todo o conteúdo do cálice do veneno da nossa condenação; vinho da devassidão humana. Logo em seguida ele derramou esse vinho sob a forma de sangue contaminado, até o fim. Ele esgotou essa vida caída até a última gota, para que a nova vida pudesse acontecer após a sua ressurreição.
Enquanto João se mantinha distante do contato com as coisas desse mundo, Cristo Jesus veio e fincou raízes nessa terra. Ele é a videira verdadeira plantada no solo desse mundo. Ele pega os elementos orgânicos dessa terra, o pó do qual o homem natural é feito, as substâncias que constituem o nosso homem carnal, e transforma em substância capaz de alimentar o homem espiritual no qual agora nos tornamos, ou seja, em seiva da vide, a vida de Deus que agora nos alimenta.
Assim como no Éden vemos a árvore do bem e do mal e a árvore da vida, podemos vislumbrar agora uma terceira árvore que podemos chamar da “Árvore da Redenção”. Na verdade ela é um tipo da Igreja: suas raízes estão fincadas na terra, mas seus frutos pendem dos ramos. A Igreja está na terra, mas frutifica nas regiões celestiais, frutos espirituais.
O Senhor Jesus veio, conforme Gálatas 1.4 para “nos desarraigar deste mundo perverso, segundo a vontade de nosso Deus e Pai...” Desarraigar significa arrancar pela raiz. Assim nós não precisamos mais nos alimentar das coisas do mundo. Jesus Cristo, ele mesmo veio para transformar a nossa natureza corruptível em natureza de filhos de Deus. Agora nossas raízes são o próprio Cristo que nos alimenta com a seiva da vide.
O nosso fruto vem de estarmos ligados a ele e brota espontaneamente. “Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5).
É desta forma que nós estamos neste mundo, sem todavia sermos deste mundo. A terra vai tragar aquilo que foi feito da terra; o corpo do homem. Mas nossa alma e espírito imortais voam livres para a presença do Criador. Num ato final, sequer podemos dizer que se fecham as cortinas, como acontece ao fim de uma peça teatral.
Na verdade, para nós, os verdadeiramente salvos, a cortina jamais se fechará porque foi rasgada de alto a baixo num sinal de que nossa separação do Pai terminou. Podemos dizer sim, que o drama termina quando as cortinas se abrem para um cenário novo, onde a vida tragou a morte para sempre.
“E quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita:
TRAGADA FOI A MORTE PELA VITÓRIA!” (ICo 15.54).



Bibliografia

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Lopes, de Souza Evandro. Os Nomes Bíblicos. CPAD, SP. 1997
Vine, E.W., Unger, F. Merril e Jr, White William. Dicionário Vine, O Significado Exegético e Expositivo das Palavras  do Antigo e Novo Testamento. Casa Publicadora das Assembléias de Deus, SP. Quinta edição. 1995
Sttot, John, Winter, Ralf e outros. Perspectives in World Mission, William Carey Library, Pasadena, CA, USA.