Jogue Jonas de Seu Barco
Os fariseus e mestres da lei vieram a Jesus pedindo um sinal milagroso
que confirmasse seu ministério profético e a palavra que pregava exortando-os
ao arrependimento. O Senhor responde: “Uma geração perversa e adúltera pede um
sinal milagroso. Mas nenhum sinal lhe será dado, exceto o sinal do profeta
Jonas. Pois assim como o profeta Jonas esteve três dias e três noites no ventre
de um grade peixe, assim o Filho do homem ficará três dias e três noitesno
coração da terra.(Mt 12.39,40)”
Que Palavra! Uma pessoa perversa é alguém cruel, vil, maldoso,
deshumano,feroz e ruim. O dicionário acrescenta ainda outros sinônimos. Para
adúltero traz os seguintes significados:falso, corrupto, deturpado. Para uma
geração com essas característica não haveria nenhum sinal milagroso que suficientemente
forte para que cressem em Jesus e se arrependessem. O único sinal que poderia
funcionar seria o do profeta Jonas.
Na verdade, o que o Senhor chamou de ‘sinal de Jonas’ foi uma referência
ao que ele próprio teria que passar para a salvação da humanidade. Jonas, da
mesma maneira, teve que passar por aquela experiência, antes que pudesse pregar
com autoridade aos Ninivitas e ser ouvido por eles.
Logo após a realização de grandes sinais os fariseus começaram a
interrogar Jesus e pô-lo à prova pedindo ‘um sinal dos céus’. Ao que ele,
depois de um profundo suspiro, talvez de impaciência pela dureza de coração
deles, respondeu: “Porque essa geração pede um sinal milagroso? (Mc 8.12)”. A
frase ficou interrompida aí, enquanto em Mateus, Jesus teria prosseguido
dizendo sobre o sinal de Jonas.
Jonas é uma figura bem contraditória. Enquanto ele dormia traquilamente
no porão, o navio afundava (Jn 1.5b). Você pode acreditar nisso? A consciência dele deveria estar tão pesada
ao ponto de afundar realmente o barco, mas a Palavra diz que ele estava tranquilo e indiferente à fatalidade que estava
provocando com sua presença. Ele dormia, ao invés de cumprir seu chamado, de
obedecer ao comando de Deus. Como resultado ele estava arriscando a próprio
vida, mas, mais que isso, estava matando a todos que estavam com ele, ainda que
involuntariamente. As pessoas do navio não se ajuntaram a ele, mas o contrário:
Jonas se ajuntou a elas sem se identificar. Em vez de bênção ele era uma
maldição!
Existem muitos cristãos assim no nosso meio. Estão em rebeldia, fora do
centro da vontade de Deus, afundando o barco enquanto permanecem insensíveis,
como se não tivessem qualquer responsabilidade na confusão e morte que vão
gerando no corpo de Cristo.
Eles acabam descobrindo o mal feito de Jonas e querem saber o que ele
faz, de onde vem, sua nacionalidade. Ele então se declara: “ Eu sou hebreu e um
adorador do Senhor, o Deus dos céus que fêz o mar e a terra (Jn 1.9)”. A
tripulação do navio não sabe o que fazer enquanto o mar fica cada vez mais
agitado. É curioso que querem ouvir de Jonas a solução do problema, que ele
mesmo criou. O Profeta então sugere que o segurem e lancem ao mar. Num ato de
misericórdia e temendo tirar a vida de um inocente, eles se recusam a fazer
isso. Ainda tentam manter o ‘rebelde’ a bordo do navio, mas por fim, ou morriam todos, ou morria Jonas.
Porque Jonas mesmo não se jogou no mar se ele sabia que isso deveria ser
feito? Eu creio que existe um Jonas dentro de cada pessoa que resiste ao
chamado Deus. Jonas é a rebeldia que precisa ser removida e que não vai sair
sem ser agarrada e lançada fora para morrer. Quando isso aconteceu, imediamente
o navio pode seguir seu curso seguro e sem problemas. “Os marinheiros foram
tomados de grande temor ao Senhor, ofereceram sacrifícios e se comprometeram
por meio de votos (Jn1.16)”. A unção para levar o povo de Nínive ao
arrependimento já devia estar depositada sobre Jonas, porque agiu sobre toda a
tripulação do navio.
Lançado ao mar, ele teve a experiência que prefigura a morte e ressurreição
de Jesus Cristo. No capítulo dois podemos extrair algumas falas: “Jogaste-me
nas profundezas; Fui expulso da tua presença; Afundei até chegar aos
fundamentos dos montes; à terra embaixo, cujas trancas me aprisionaram para
sempre. Mas tu trouxestes a minha vida de volta da sepultura, ó Senhor, meu
Deus!”.
Jonas O Profeta-Intercessor
- A Identificação
A história do profeta Jonas se resume a apenas quatro
capítulos pequenos mas é surpreendente no ensino que ela pode nos trazer.
Ele ficou com a fama do profeta teimoso que não queria
anunciar o juízo de Deus sobre o seus inimigos ninivitas, inimigos de Israel. Ele
devia entregar a mensagem mas, não queria fazê-lo porque seu coração se
inclinava para a raiva e não para o amor. Até o final da história ele se mostra
zangado e mal humorado, discordando do modo de agir Deus.
Porque ele não queria levar a advertência de Deus a
Nínive? Ele mesmo responde a essa pergunta no capítulo 4:1,2 - Com isso desgostou-se Jonas extremamente, e
ficou irado. E orou ao Senhor e disse: Ah! Senhor! Não foi isso que eu disse,
estando ainda na minha terra? Por isso me adiantie, fugindo para Társis, pois
sabia que és Deus clemente e misericordioso, tardio em irar-se e grande em
benignidade, e que te arrependes do mal. Peço-te, pois, ó Senhor, tira-me a
vida, porque melhor me é morrer do que viver.
Jonas sabia que o povo poderia se arrepender e, Deus
poderia perdoar e, ele queria vê-los castigados pelas maldades que haviam
cometido, inclusive e, principalmente contra os judeus.
Como foi que Deus precisou trabalhar com seu servo
para que ele se dispusesse a cumprir a missão que lhe fora designada? Era
preciso que ele fosse conscientizado da importância e necessidade de sua missão
e das conseqüências graves e eternas que o povo de Nínive estava para sofrer.
No primeiro capítulo Deus faz que Jonas entenda que a
vontade Dele era mais forte que a sua. A tempestade se levanta no caminho do
profeta fazendo que ele seja jogado de volta ao rumo certo.
Quantas tempestades se levantam em nossas vidas sob
permissão de Deus para dobrar nossa vontade rebelde aos planos de Deus? Esse foi
o caso de Jonas. Além de lançado fora do barco, frustrado em sua intenção de
fuga, foi parar no ventre do grande peixe para piorar sua situação. Uma vez no
ventre do peixe ele, quebrantado, volta a clamar ao Senhor em desespero para
que Deus o socorra na sua angústia. Ele estava naquela situação porque havia
desobedecido ao Senhor e sabia que era por permissão do próprio Deus que se
encontrava em aperto.
“Pois
me lançastes no profundo do coração dos mares, e a corrente das águas me cercou;
todas as tuas ondas e tuas vagas passaram por cima de mim. As águas me cercaram
até à alma, o abismo me rodeou; e as algas se enrolaram na minha cabeça até aos
fundamentos dos montes. Desci até à terra, cujos ferrolhos se correram sobre
mim para sempre;...(Jn 2.3,5,6)”
Esse abismo a que Jonas se referiu era o Seol lugar
dos mortos. Deus permitiu que ele chegasse às portas do inferno. Ele quase
morreu e a agonia dele é que estava lançado de diante dos olhos do Senhor e não
poderia mais ver seu santo templo (Jn 2.4). Creio que esta foi também a maior
agonia de Jesus: ser separado do Pai e do Espírito.
Agora começava a entender de forma bastante contundente
o destino que aguardava o povo de Nínive quando estivesse debaixo do juízo de
Deus, como ele próprio estava naquele momento. Jonas pode compreender a
dimensão do inferno, seu significado e o horror da morte eterna.
Quando ele estava perdendo a esperança se lembrou do
Senhor, sentiu forças para orar. E como foi que ele orou? Reconhecendo que
também era pecador como o povo de Nínive que ele tanto condenava: Os que se entregam à idolatria vã abandonam
aquele que lhes é misericordioso. Mas com a voz do agradecimento eu te
oferecerei sacrifício; o que votei pagarei. Ao Senhor pertence a salvação! (Jn
2.8,9)
Deus permitiu que Jonas vivesse essa experiência para
que pudesse se identificar com os pagãos de Nínive. Agora ele conhecia na
própria pele o destino que lhes aguardava, caso ele se recusasse a advertí-los
e pode então cumprir sua tarefa com eficiência. Jonas falava do que conhecia, falava
do que estava cheio o seu coração: o pavor da morte. Talvez, por isso mesmo,
ele tenha sido o profeta mais bem sucedido da Bíblia. Sua voz foi ouvida e
crida no meio do povo que tratou de se humilhar e se arrepender na presença de
Deus. Os ninivitas creram em Deus; e proclamaram um jejum nacional do maior ao
menor incluindo os animais, que deveriam ficar até mesmo sem água e também
cobertos com pano de saco.
Deus permite também em nossas vidas, muitas
experiências terríveis, mas, tem o poder de transformá-las em instrumento para
nosso aprendizado. Sofrendo, somos capazes de nos identificar com o sofrimento
alheio, ficamos menos severos e fariseus com relação aos outros. Deixamos de
lado nossa justiça própria; somos convencidos de que nosso pecado é tão grande
quanto o das pessoas as quais temos a tendência de julgar e condenar. É na
medida em que entendemos que somos carentes e necessitados da misericórdia de
Deus e experimentamos essa misericórdia é que passamos a estender essa mesma imensa
misericórdia aos homens perdidos, aos povos idólatras e aos nossos
perseguidores e perseguidores da Igreja de Jesus Cristo na terra.
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