O
relacionamento foi rompido. Não mais encontros de amor nos finais de tarde. Que
saudade, que ausência do amado!
Do
lado de dentro do Jardim, o Pai, do lado de fora, o ser humano, Adão e Eva, na
mais completa solidão e carência.
Entre
eles um portão fechado. Os guardiões e sua espada de fogo guardando a entrada,
impedindo o acesso à árvore da vida.
O
relacionamento teria que ser concertado, voltar a se falar, restabelecer a
comunhão. Isso requeria arrependimento, punição pelo erro. Comer do fruto da
árvore da vida eterna, nessas condições, seria perpetuar essa separação, sem
chance de um concerto.
“E, expulso o homem, colocou querubins ao
oriente do Jardim do Éden, e o refulgir de uma espada que se revolvia, para
guardar o caminho da árvore da vida” (Gn
3.24).
Mas
a história não terminou aí. Deus, o Pai, vinha vez por outra até o portão
conversar com o homem. A Bíblia registra uma das primeiras vezes em que
acontece esse encontro, quando o Senhor inicia um diálogo com Abraão. Estabelece
com ele uma aliança mediante um sacrifício oferecido por Abraão.
Desde
o começo, Deus demonstra que a aliança estava garantida pelo sacrifício de apenas
uma das partes. Colocadas as metades dos animais como num corredor, os dois
participantes da aliança deveriam passar entre essas partes, como que dizendo:
se eu falhar com minha parte no acordo, assim se faça comigo – que meu corpo
seja partido como o desses animais. Mas na hora de selar a aliança, somente o
Senhor, como um fogo, passou no corredor da morte (Gn 15.17).
Em
outra ocasião em que Deus vem ao Portão falar com Abraão, observe que isso
acontece novamente num contexto de sacrifício. Abraão concorda em sacrificar
seu filho Isaque oferecendo-o a Deus.
Deus então se mostra a Ele como Jeová Jireh, o Senhor que provê o sacrifício,
na figura do carneiro que aparece no exato momento no Monte Moriá, preso pelos
chifres entre os galhos no meio do mato ,(Gn 22.13). Essa é a figura do Cristo
na cruz. Os chifres simbolizam poder, mas na cruz o Filho de Deus abriu mão de
seu poder. Também dessa vez, o sacrifício foi providenciado pelo Pai.
De
Abraão surgiu um povo diferente que começou a se relacionar com Deus novamente.
Quando
Deus mandou que Moisés construísse o Tabernáculo deu instruções detalhadas. Em Êxodo
25.10-22, vemos as instruções de como fazer a Arca da Aliança. Especialmente
dos versículos 18 a 22 observe que ele mandou que fossem feitos dois querubins
com suas asas estendidas e olhar atento sobre a Arca. Ora, a Arca é um símbolo
de Jesus Cristo, a Árvore da Vida, a fonte de vida eterna.
No
versículo 22 há algo ainda mais especial: “Ali, virei a ti, e, de cima do
propiciatório, do meio dos dois querubins que estão sobre a Arca do Testemunho,
falarei contigo acerca de tudo o que eu te ordenar para os filhos de Israel”.
Deus
começou a vir até o portão com mais frequência, depois que estabeleceu os
sacrifícios que deveriam ser oferecidos pelo seu povo. Então, uma vez por ano,
o sumo sacerdote poderia entrar no lugar Santíssimo, sem que a espada refulgente
tirasse sua vida.
Aquele portão era o limite, o local de encontro
entre Deus e o povo de Israel. Ali ele vinha para falar com Moisés, e mais
tarde, com seu povo, através dos sacerdotes, para se relacionar com eles,
ensiná-los. Ensinar de que maneira poderiam fazer o caminho de volta, como
receber a bênção do Pai e se tornar bênção para todos os demais povos.
Mas
esses encontros de amor no portão não podiam durar para sempre. Queríamos mais
intimidade, poder frequentar novamente a casa um do outro, desfrutar de um
relacionamento mais próximo e permanecer mais tempo com o amado.
Claro
que tudo já estava preparado por Deus desde o princípio. O Deus Filho, Jesus
Cristo, sai do Jardim, atravessa o portão para oferecer ao homem o fruto da
vida eterna, já que nós não podíamos mais chegar até a Árvore da Vida. Ele,
Jesus Cristo, sai de sua glória, e embora não tenha pecado, sai também da
presença do Pai. Não expulso como nós fomos, na intenção de evitar nossa total
destruição. Ele vem por amor. Amor ao Pai e amor a nós. Cai na mesma condição
humana, se faz carne, à semelhança de homem pecador, com todas as deformidades
causadas em nós pela queda. Entra nesse corpo carnal que nos separa do Deus.
Ele vem primeiro à nossa casa, tão imprópria agora para recebê-lo.
Romanos
8:3 – “... Isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne
pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o
pecado”.
Jesus
Cristo veio nos buscar, mas para voltar conosco para dentro do Jardim, para o
lugar da glória de Deus, teve que se desfazer desse corpo mortal novamente. Pelo
seu sacrifício de amor ele expia nossa culpa. Antes de se desfazer dessa casca
de pecado e mortalidade, ele suga em si mesmo toda a sentença de morte, toda a
maldição que estava sobre nós. Reentra na presença do Pai e rompe as barreiras
de separação que haviam entre nós.
Deus
vem então habitar conosco em nosso espírito, e nós podemos voltar ao lugar da
habitação de Deus, frequentar o local de sua presença.
O
livro de Hebreus fala extensivamente sobre o ministério de Jesus Cristo como
nosso sumo sacerdote.
Jesus
Cristo tem o ministério da reconciliação de todas as coisas, não mais existe a
separação provocada pelo pecado. Assim, os que desejam livremente agora
estender a mão e comer do fruto da vida eterna, já podem fazê-lo. Temos livre
acesso ao Jardim da Presença de Deus.
Mateus
27.51 narra que, quando Jesus entregou o espírito, o véu do templo se rasgou de
alto a baixo, tremeu a terra, fenderam-se as rochas, abriram-se os sepulcros e
muitos corpos de santos que dormiam ressucitaram. Essa cortina rasgada é o
portão dos céus, aberto novamente, para que tenhamos livre acesso ao Jardim, à
presença do Pai.
Jesus
Cristo saiu para fora do Jardim, saiu da Presença de Deus. Ele foi sacrificado
fora do arraial. “Por isso foi que, também Jesus, para santificar o povo, pelo
seu próprio sangue, sofreu fora da porta”
(Hb 13:12).
Jesus saiu da luz para as trevas para nos buscar do lado de fora do
Jardim, nessa dimensão terrena. “A vida estava Nele, e a vida era a luz dos
homens” (Jo 1.4).
Se
voltamos ao Jardim, voltamos como crianças, filhos e filhas amados. Ser como
criança é sempre querer ser como o Pai. É voltar à inocência. Certo é o que o
Pai diz que é certo; errado é o que o Pai diz que é errado. Somos assim abertos
para amar, confiar e aprender com o Pai. Não temos a independência e o orgulho
de um adulto.
Certa
vez, os discípulos de Jesus discutiam quem seria o mais importante entre eles.
Jesus então chamou uma criança para seu colo e explicou: “Quem receber essa
criança em meu nome, a mim me recebe; e quem receber a mim, recebe aquele que me
enviou; porque aquele que entre vós for o menor de todos, esse é o que é grande” (Lc 9:48).
Nosso
senso de importância esta focado de forma errada. Ser grande é ser como o Pai.
O menor é aquele que não se sente importante, que não tem um ego grande.Ser importante é ser você mesmo em sua
identidade única em Cristo – nem grande, nem pequeno.
“Em verdade vos digo que, se não vos
converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no
reino dos céus” (Mt 18:3).
Jesus,
o Bom Pastor
Jesus
conta essa parábola, mas seus ouvintes não compreenderam seu sentido. Assim ele
começou a explicar.
Falou
de si mesmo como o bom pastor, aquele
que dá a vida pelas suas ovelhas. Ele reabriu o portão do Éden, nosso acesso às regiões celestiais, para que
possamos entrar, passar adiante e encontrar pastagens abundantes.
Ele
fala do rebanho de ovelhas que estavam trancadas no aprisco, até que o pastor
chega para apascentá-las, levar para as pastagens verdes e águas tranquilas.
O
Senhor diz: “Eu sou a porta das ovelhas. Eu sou a porta. Se alguém entrar por
mim será salvo entrará e sairá e achará pastagem” (vss 7,9).
Ele
é a porta no sentido de que através
dele foi aberta a passagem para o Pai, para o Reino dos Ceús.
Para
este, o porteiro abre as portas. Quem é esse porteiro senão o próprio Deus Pai?
Ele abriu essa porta para que Jesus tivesse acesso às ovelhas e viesse a
pastoreá-las. O Pai confiou as ovelhas aos cuidados de seu filho.
Jesus
disse: “Meu Pai foi quem me deu essas ovelhas e ele é tão poderoso que ninguém
mais pode tomá-las de mim. Eu e o Pai somos um” (Jo 10.29,30).
Deus
Pai nos deu para Jesus Cristo para que ele nos concedesse vida eterna.
Pertencemos a Jesus Cristo e o ladrão não pode mais nos roubar dele. Ninguém
pode arrebatar as ovelhas do bom pastor.
O
porteiro só abre o portão mediante a apresentação das credenciais, da senha
correta. Sem sacrifício, ninguém podia ir a Deus.
As
ovelhas são propriedade exclusiva do verdadeiro pastor que as ama e dá a vida
por elas. Ele pagou por elas o preço de sangue e não permite que sejam
arrebatadas pelo lobo.
O
verdadeiro pastor podia ser identificado porque ele conhece cada ovelha pelo
seu nome, de maneira íntima e individual. As ovelhas reconhecem sua voz e pode
então conduzí-las para a liberdade.
O
verdadeiro pastor, depois de fazer sair todas as que lhe pertencem, vai adiante delas. Ele mostra o caminho e as
conduz no caminho bom e seguro.
O
verdadeiro pastor, que é Jesus Cristo, dá vida eterna às suas ovelhas. Elas
jamais perecerão eternamente, e nem podem ser arrebatadas de suas mãos, estão
perfeitamente seguras sob seu cuidado.
Há
apenas um pastor verdadeiro, Jesus Cristo, e um só rebanho – as multidões
aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor.
O
portão dos céus foi fechado, ninguém mais poderia entrar porque estávamos
contaminados pelo pecado contra Deus.
Muitos
tentaram burlar a vigilância, se esgueirar pelas paredes. Mas, todos os que
vieram antes dele, afirma Jesus, são mentirosos, são mercenários que
recebem dinheiro para proteger as ovelhas e quando elas estão em perigo, eles
as abandonam para morrer.
Quem
são esses falsos pastores que não defendem as ovelhas contra o lobo? Eles sobem
por outros lugares, na ilegalidade, não são reconhecidos como pastores e, não
têm a credencial de um bom pastor, porque nenhum deles esteve disposto a dar a
vida pelas ovelhas, uma vez que elas não pertencem a eles.
Não
sobem como Jesus subiu, entregando sua vida como sacrifício pelo nosso resgate.
Só Jesus Cristo entregou sua vida por nós. Buda, Maomé e todos os demais iluminados que surgiram nessa terra, não
estavam sendo iluminados pela verdadeira luz enviada ao mundo por Deus.
Eles
têm conduzido a humanidade para portas erradas que vão dar em lugares
estranhos, e estranhos encontros na dimensão espiritual. Quantos têm entrado
pela porta do engano ao longo de milhares de anos?
Mas
as ovelhas que pertencem ao verdadeiro pastor Jesus, não seguem a esses, não se
deixam enganar, porque conhecem a voz de seu pastor e confiam somente nele.
As
religiões do mundo foram criadas a partir
de mercenários, envolvem troca de interesses. Os adoradores não têm amor
pelos ídolos e seus deuses. Estes são servidos e adorados em troca de bêncãos, de
favores, visando interesses próprios. Esse é o caminho da prostituição e que
afasta o ser humano de Deus.
Belas reflexões. Edificantes e profundas.
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