Monday, August 18, 2014

Encontros no Portão do Éden




O relacionamento foi rompido. Não mais encontros de amor nos finais de tarde. Que saudade, que ausência do amado!
Do lado de dentro do Jardim, o Pai, do lado de fora, o ser humano, Adão e Eva, na mais completa solidão e carência.
Entre eles um portão fechado. Os guardiões e sua espada de fogo guardando a entrada, impedindo o acesso à árvore da vida.
O relacionamento teria que ser concertado, voltar a se falar, restabelecer a comunhão. Isso requeria arrependimento, punição pelo erro. Comer do fruto da árvore da vida eterna, nessas condições, seria perpetuar essa separação, sem chance de um concerto.
 “E, expulso o homem, colocou querubins ao oriente do Jardim do Éden, e o refulgir de uma espada que se revolvia, para guardar o caminho da árvore da vida” (Gn 3.24).
Mas a história não terminou aí. Deus, o Pai, vinha vez por outra até o portão conversar com o homem. A Bíblia registra uma das primeiras vezes em que acontece esse encontro, quando o Senhor inicia um diálogo com Abraão. Estabelece com ele uma aliança mediante um sacrifício oferecido por Abraão.
Desde o começo, Deus demonstra que a aliança estava garantida pelo sacrifício de apenas uma das partes. Colocadas as metades dos animais como num corredor, os dois participantes da aliança deveriam passar entre essas partes, como que dizendo: se eu falhar com minha parte no acordo, assim se faça comigo – que meu corpo seja partido como o desses animais. Mas na hora de selar a aliança, somente o Senhor, como um fogo, passou no corredor da morte (Gn 15.17).
Em outra ocasião em que Deus vem ao Portão falar com Abraão, observe que isso acontece novamente num contexto de sacrifício. Abraão concorda em sacrificar seu filho Isaque  oferecendo-o a Deus. Deus então se mostra a Ele como Jeová Jireh, o Senhor que provê o sacrifício, na figura do carneiro que aparece no exato momento no Monte Moriá, preso pelos chifres entre os galhos no meio do mato ,(Gn 22.13). Essa é a figura do Cristo na cruz. Os chifres simbolizam poder, mas na cruz o Filho de Deus abriu mão de seu poder. Também dessa vez, o sacrifício foi providenciado pelo Pai.
De Abraão surgiu um povo diferente que começou a se relacionar com Deus novamente.
Quando Deus mandou que Moisés construísse o Tabernáculo deu instruções detalhadas. Em Êxodo 25.10-22, vemos as instruções de como fazer a Arca da Aliança. Especialmente dos versículos 18 a 22 observe que ele mandou que fossem feitos dois querubins com suas asas estendidas e olhar atento sobre a Arca. Ora, a Arca é um símbolo de Jesus Cristo, a Árvore da Vida, a fonte de vida eterna.
No versículo 22 há algo ainda mais especial: “Ali, virei a ti, e, de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins que estão sobre a Arca do Testemunho, falarei contigo acerca de tudo o que eu te ordenar para os filhos de Israel”.
Deus começou a vir até o portão com mais frequência, depois que estabeleceu os sacrifícios que deveriam ser oferecidos pelo seu povo. Então, uma vez por ano, o sumo sacerdote poderia entrar no lugar Santíssimo, sem que a espada refulgente tirasse sua vida.
Aquele  portão era o limite, o local de encontro entre Deus e o povo de Israel. Ali ele vinha para falar com Moisés, e mais tarde, com seu povo, através dos sacerdotes, para se relacionar com eles, ensiná-los. Ensinar de que maneira poderiam fazer o caminho de volta, como receber a bênção do Pai e se tornar bênção para todos os demais povos.
Mas esses encontros de amor no portão não podiam durar para sempre. Queríamos mais intimidade, poder frequentar novamente a casa um do outro, desfrutar de um relacionamento mais próximo e permanecer mais tempo com o amado.
Claro que tudo já estava preparado por Deus desde o princípio. O Deus Filho, Jesus Cristo, sai do Jardim, atravessa o portão para oferecer ao homem o fruto da vida eterna, já que nós não podíamos mais chegar até a Árvore da Vida. Ele, Jesus Cristo, sai de sua glória, e embora não tenha pecado, sai também da presença do Pai. Não expulso como nós fomos, na intenção de evitar nossa total destruição. Ele vem por amor. Amor ao Pai e amor a nós. Cai na mesma condição humana, se faz carne, à semelhança de homem pecador, com todas as deformidades causadas em nós pela queda. Entra nesse corpo carnal que nos separa do Deus. Ele vem primeiro à nossa casa, tão imprópria agora para recebê-lo.
Romanos 8:3 – “... Isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado”.
Jesus Cristo veio nos buscar, mas para voltar conosco para dentro do Jardim, para o lugar da glória de Deus, teve que se desfazer desse corpo mortal novamente. Pelo seu sacrifício de amor ele expia nossa culpa. Antes de se desfazer dessa casca de pecado e mortalidade, ele suga em si mesmo toda a sentença de morte, toda a maldição que estava sobre nós. Reentra na presença do Pai e rompe as barreiras de separação que haviam entre nós.
Deus vem então habitar conosco em nosso espírito, e nós podemos voltar ao lugar da habitação de Deus, frequentar o local de sua presença.
O livro de Hebreus fala extensivamente sobre o ministério de Jesus Cristo como nosso sumo sacerdote.
Jesus Cristo tem o ministério da reconciliação de todas as coisas, não mais existe a separação provocada pelo pecado. Assim, os que desejam livremente agora estender a mão e comer do fruto da vida eterna, já podem fazê-lo. Temos livre acesso ao Jardim da Presença de Deus.
Mateus 27.51 narra que, quando Jesus entregou o espírito, o véu do templo se rasgou de alto a baixo, tremeu a terra, fenderam-se as rochas, abriram-se os sepulcros e muitos corpos de santos que dormiam ressucitaram. Essa cortina rasgada é o portão dos céus, aberto novamente, para que tenhamos livre acesso ao Jardim, à presença do Pai.
Jesus Cristo saiu para fora do Jardim, saiu da Presença de Deus. Ele foi sacrificado fora do arraial. “Por isso foi que, também Jesus, para santificar o povo, pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta” (Hb 13:12).
 Jesus saiu da luz para as trevas para nos buscar do lado de fora do Jardim, nessa dimensão terrena. “A vida estava Nele, e a vida era a luz dos homens” (Jo 1.4).
Se voltamos ao Jardim, voltamos como crianças, filhos e filhas amados. Ser como criança é sempre querer ser como o Pai. É voltar à inocência. Certo é o que o Pai diz que é certo; errado é o que o Pai diz que é errado. Somos assim abertos para amar, confiar e aprender com o Pai. Não temos a independência e o orgulho de um adulto.
Certa vez, os discípulos de Jesus discutiam quem seria o mais importante entre eles. Jesus então chamou uma criança para seu colo e explicou: “Quem receber essa criança em meu nome, a mim me recebe; e quem receber a mim, recebe aquele que me enviou; porque aquele que entre vós for o menor de todos, esse é o que é grande” (Lc 9:48).
Nosso senso de importância esta focado de forma errada. Ser grande é ser como o Pai. O menor é aquele que não se sente importante, que não tem um ego grande.Ser importante é ser você mesmo em sua identidade única em Cristo – nem grande, nem pequeno.
 “Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus” (Mt 18:3).

Jesus, o Bom Pastor
Jesus conta essa parábola, mas seus ouvintes não compreenderam seu sentido. Assim ele começou a explicar.
Falou de si mesmo como o bom pastor, aquele que dá a vida pelas suas ovelhas. Ele reabriu o portão do Éden, nosso acesso às regiões celestiais, para que possamos entrar, passar adiante e encontrar pastagens abundantes.
Ele fala do rebanho de ovelhas que estavam trancadas no aprisco, até que o pastor chega para apascentá-las, levar para as pastagens verdes e águas tranquilas.
O Senhor diz: “Eu sou a porta das ovelhas. Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim será salvo entrará e sairá e achará pastagem” (vss 7,9).
Ele é a porta no sentido de que através dele foi aberta a passagem para o Pai, para o Reino dos Ceús.
Para este, o porteiro abre as portas. Quem é esse porteiro senão o próprio Deus Pai? Ele abriu essa porta para que Jesus tivesse acesso às ovelhas e viesse a pastoreá-las. O Pai confiou as ovelhas aos cuidados de seu filho.
Jesus disse: “Meu Pai foi quem me deu essas ovelhas e ele é tão poderoso que ninguém mais pode tomá-las de mim. Eu e o Pai somos um” (Jo 10.29,30).
Deus Pai nos deu para Jesus Cristo para que ele nos concedesse vida eterna. Pertencemos a Jesus Cristo e o ladrão não pode mais nos roubar dele. Ninguém pode arrebatar as ovelhas do bom pastor.  
O porteiro só abre o portão mediante a apresentação das credenciais, da senha correta. Sem sacrifício, ninguém podia ir a Deus.
As ovelhas são propriedade exclusiva do verdadeiro pastor que as ama e dá a vida por elas. Ele pagou por elas o preço de sangue e não permite que sejam arrebatadas pelo lobo.
O verdadeiro pastor podia ser identificado porque ele conhece cada ovelha pelo seu nome, de maneira íntima e individual. As ovelhas reconhecem sua voz e pode então conduzí-las para a liberdade.
O verdadeiro pastor, depois de fazer sair todas as que lhe pertencem, vai  adiante delas. Ele mostra o caminho e as conduz no caminho bom e seguro.
O verdadeiro pastor, que é Jesus Cristo, dá vida eterna às suas ovelhas. Elas jamais perecerão eternamente, e nem podem ser arrebatadas de suas mãos, estão perfeitamente seguras sob seu cuidado.
Há apenas um pastor verdadeiro, Jesus Cristo, e um só rebanho – as multidões aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor.
O portão dos céus foi fechado, ninguém mais poderia entrar porque estávamos contaminados pelo pecado contra Deus.
Muitos tentaram burlar a vigilância, se esgueirar pelas paredes. Mas, todos os que vieram antes dele, afirma Jesus,  são mentirosos, são mercenários que recebem dinheiro para proteger as ovelhas e quando elas estão em perigo, eles as abandonam para morrer.
Quem são esses falsos pastores que não defendem as ovelhas contra o lobo? Eles sobem por outros lugares, na ilegalidade, não são reconhecidos como pastores e, não têm a credencial de um bom pastor, porque nenhum deles esteve disposto a dar a vida pelas ovelhas, uma vez que elas não pertencem a eles.
Não sobem como Jesus subiu, entregando sua vida como sacrifício pelo nosso resgate. Só Jesus Cristo entregou sua vida por nós. Buda, Maomé e todos os demais iluminados que surgiram nessa terra, não estavam sendo iluminados pela verdadeira luz enviada ao mundo por Deus.
Eles têm conduzido a humanidade para portas erradas que vão dar em lugares estranhos, e estranhos encontros na dimensão espiritual. Quantos têm entrado pela porta do engano ao longo de milhares de anos?
Mas as ovelhas que pertencem ao verdadeiro pastor Jesus, não seguem a esses, não se deixam enganar, porque conhecem a voz de seu pastor e confiam somente nele.
As religiões do mundo foram criadas a partir  de mercenários, envolvem troca de interesses. Os adoradores não têm amor pelos ídolos e seus deuses. Estes são servidos e adorados em troca de bêncãos, de favores, visando interesses próprios. Esse é o caminho da prostituição e que afasta o ser humano de  Deus.


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